Data: 14, 15 e 16 de fevereiro-2014.
Para meditação individual.
Pregador: Frei Petrônio de Miranda, 0. Carm.
Tema: A Espiritualidade Carmelitana.
3º Texto para
reflexão: A Noite Escura.
São João da Cruz (1540-1591), filho
de Elias, pela vida e pelos escritos mostrou conhecer noites escuras
pontilhadas de estrelas ou de trevas sem luz. E ensina a caminhar.
A Noite Escura "é o fim do
narcisismo e da abstração, é disponibilidade para o encontro com o outro e com
os outros. É a constante adaptação do homem a Deus. Não é um breve período de
crises, mas uma situação permanente, porque nunca nós acabamos de nos
adaptarmos à lógica divina, ao amor de Deus. Atitude crítica para consigo mesmo
e perante a realidade; discernimento frente à história e dentro da história;
uma consciência da relatividade das metas alcançadas, concedendo espaço para a
novidade do Espírito. A noite é consequência do amor, é escola de amor. É o
meio pelo qual se consegue uma nova consciência: tornamo-nos mais livres para Subir a Montanha sem que Nada
se interponha (1S,13)".
Noite Escura
São João da Cruz, Carmelita.
Numa noite escura,
Ansiosa, ardente de amor,
Ó, feliz ventura!
Sai sem ser vista,
Estando minha alma sossegada.
Na escuridão e em segurança,
Pela secreta escada disfarçada,
Ó, feliz ventura!
Na escuridão e às ocultas,
Estando minha morada sossegada.
Na noite ditosa,
Em segredo ninguém me via,
Não vendo outra coisa,
Sem outro guia nem luz
Que aquele que em meu coração
brilhava.
Esta me guiava
Mais segura que a do meio dia,
Lá onde me esperava
Quem eu bem sabia
Em lugar o qual ninguém aparecia.
Ó noite que me guiastes,
Ó noite mais amável que a aurora!
Ó noite que reuniste
O Amado com a amada
A amada no Amado transformada!
Sobre meu seio florido,
Que para Ele só se guardava,
Ficou adormecido,
E eu o acariciava,
E o leque de cedros refrescava.
A brisa suave da ameia,
Quando eu afagava seus cabelos,
Com sua mão serena,
E pescoço me tocava,
E meus sentidos todos avivava.
Imóvel, esquecida,
O rosto inclinado para o Amado;
Tudo parou, abandonei-me,
Deixando entre os lírios
Ao olvido minha apreensão.
Noite Escura de
Elias
O
Profeta Elias, feliz na tranquilidade de Carit ou no aconchego da casa pobre da
mulher de Sarepta e seu filhinho, é despertado pela tristeza da morte de um
menino: é escuridão. "Javé, meu Deus, matando o filho dela, o Senhor quer
afligir até mesmo esta viúva que me deu hospedagem?" (1Rs 17,20). "Responda-me, Senhor! Responda-me!"
(1Rs 18,37). "Javé, agora já é demais! Pode tirar a minha vida, pois não
sou melhor do que os meus pais!" (1Rs 19,4). Comeu e bebeu e tornou a
prostrar-se (1Rs 19,6). Depois quarenta dias e quarenta noites a caminho, sem
comer nem beber (1Rs 19,8). "Estou só e querem tirar-me a vida!" (1Rs
19,10.14). Javé não estava não, nem no furacão desmantelador de montes e
rachador de rochedos. Javé não estava nos tremores de terra, não (1Rs 19,11). Javé
não estava no furor do fogo e dos raios, também não. Estava sim numa brisa
calma, que cobriu Elias com o manto e com força o trouxe fora das cavernas (Rs
19,12-13). Um carro de fogo e cavalos de fogo arrancaram Elias de junto de
Eliseu, e num redemoinho de fogo lá se foi Elias para o céu. Noites e luzes.
Procurado por três dias (2Rs 2,11.17)[1]
Noite Escura de
Maria
Virgem
feliz em casa de Joaquim e Ana, mas é preciso dizer sim à vontade de Javé:
"Eis-me aqui! Eu sou a escrava do Senhor. Aconteça em mim tudo segundo a
tua palavra" (°1,38).
É
preciso deixar pai e mãe e Nazaré, com muita coisa preparada para o nascimento
e seguir José até Belém. Na hospedaria não há lugar e o Menino não vai esperar
mais: Ela mesma tem de envolvê-Lo em faixas e acomodá-Lo dentro da manjedoura (°2,5.6.7). O boi e burro tenham paciência, e as mansas
ovelhinhas... É preciso que o velho Simeão venha com aquela profecia? Para
rebaixamento e soerguimento? Alvo diante da contradição? Uma espada que
transpassa a alma? O velho estava vendo a Virgem-Mãe de pé junto à Cruz? (2,34-35)...
Noite
Escura de Jesus
Menino unido com
a Mãe que faz parte e participa da Noite Escura da Mãe nos mistérios da sua
infância. Cresce e, conduzido pelo Espírito, caminha pelo deserto de Elias. Tem
fome e é tentado pelo chato do diabo, que se cansa e o deixa em paz.
Em
Jerusalém causa-Lhe lágrimas e tristeza, e sentida elegia e lamentação. Amor
traído faz sofrer. Jesus chorou. Quis ser como a galinhazinha de Nazaré, que
com carinho sempre juntava a ninhada debaixo das asas, mas Jerusalém não
quis...
No
meio da Escuridão é preciso falar com os amigos sobre a beleza da Luz e das
alegrias do Reino: "o meu Corpo é dado em sacrifício por vós",
"o meu Sangue é derramado por vós": "no meu Reino haveis de
comer e beber à minha mesa" (22,19-20.30). Esperança: consolo e esperança
somente...
Edith Stein (1891-1942), judia- alemã, carmelita, filha dedicada de São João da Cruz, comenta: "Em
Cristo, graças à sua natureza divina e à sua livre determinação, nada havia que
se opusesse ao amor. Viveu Ele cada momento da sua existência em abandono sem
reserva ao amor de Deus. Fazendo-se homem, tomou Ele sobre Si todo o peso do
pecado do homem, abraçando-o com o seu amor misericordioso e ocultando-o na sua
alma: no "Aqui estou”, com o qual iniciou a sua vida na terra; depois, na
renovação expressa desta sua missão no Batismo, e no Fiat do Getsêmani. O fogo
da expiação cintilou primeiro no seu íntimo; em seguida, nos sofrimentos todos
que acompanharam a sua vida; irrompeu inextinguível no Jardim das Oliveiras e
sobre a Cruz, já que então desaparecera a sensação de gozo, que Lhe era concedida
pela indissolúvel união com o Pai, lançando-O nos braços da dor a ponto de
infligir-Lhe a última provação: o abandono extremo por parte do Pai.
Para meditação individual.
Texto Bíblico. (1º Reis, 19, 1-9)
1º-A Ordem Terceira do Carmo é uma comunidade
Orante, Profética e Fraterna ou é uma fuga das noites escuras da vida?
2º-Como a Espiritualidade Carmelitana vivenciada
pelos mártires e santos carmelitas; Simão Stock, Tito Brandsma, Edith Stein,
Isidoro Bakanja, João da Cruz, Santa Teresinha... Ajuda-me a superar as noites escuras
diárias?
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