Segunda-feira, 28 de janeiro-2019 3ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho
do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso,
dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso
Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos
3,22-30)
Naquele tempo, 22os mestres da Lei, que
tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Beelzebul, e que
pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. 23Então Jesus
os chamou e falou-lhes em parábolas: "Como é que Satanás pode expulsar a
Satanás? 24Se um reino se divide contra si mesmo ele não poderá
manter-se. 25Se uma família se divide contra si mesma, não poderá
manter-se. 26Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se
divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27Ninguém pode
entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só
depois poderá saquear sua casa.
28Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens,
tanto nos pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29Mas
quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado
de um pecado eterno". 30Jesus falou isso, porque diziam: 'Ele
está possuído por um espírito mau".
- Palavra da Salvação
3) Reflexão
* O
conflito cresce. Existe uma sequência progressiva no evangelho de Marcos.
Na medida em que a Boa Nova progride e é aceita pelo povo, nesta mesma medida
cresce a resistência por parte das autoridades religiosas. O conflito começa a
crescer e envolve vários grupos de pessoas. Por exemplo, os parentes de Jesus
acham que ele ficou louco (Mc 3,20-21), e os escribas que tinham vindo de
Jerusalém acham que ele é um possesso (Mc 3,22).
* Conflito com as autoridades. Os escribas
caluniam Jesus. Dizem que ele está possesso e que expulsa os demônios com a
ajuda de Belzebu, o príncipe dos demônios. Eles tinham vindo de Jerusalém, a
mais de 120 km de distância, para vigiar o comportamento de Jesus. Queriam
defender a Tradição contra as novidades que Jesus ensinava ao povo (Mc 7,1). Achavam
que o ensino dele era contra a boa doutrina. A resposta de Jesus tem três
partes.
* Primeira parte: a comparação da família
dividida. Jesus usa a comparação da família
dividida e do reino dividido para
denunciar o absurdo da calúnia. Dizer que Jesus expulsa os demônios com a ajuda
do príncipe dos demônios é negar a evidência. É o mesmo que dizer que a água é
seca, e que o sol é escuridão. Os doutores de Jerusalém caluniavam, porque não
sabiam explicar os benefícios que Jesus realizava para o povo. Estavam com medo
de perder a liderança.
* Segunda parte: a comparação do homem forte. Jesus
compara o demônio com um homem forte. Ninguém, a não ser uma pessoa mais forte,
poderá roubar a casa de um homem forte. Jesus é este mais forte que chegou. Por
isso, ele consegue entrar na casa e amarrar o homem forte. Consegue expulsar os
demônios. Jesus amarrou o homem forte e agora rouba a casa dele, isto é,
liberta as pessoas que estavam no poder do mal. O profeta Isaías já tinha usado
a mesma comparação para descrever a vinda do messias (Is 49,24-25). Lucas
acrescenta que a expulsão do demônio é um sinal evidente de que chegou o Reino
de Deus (Lc 11,20).
* Terceira parte: o pecado contra o Espírito
Santo. Todos os pecados têm perdão, menos o pecado contra o Espírito Santo.
O que é o pecado contra o Espírito Santo? É dizer: “O espírito que leva Jesus a
expulsar o demônio, vem do próprio demônio!” Quem fala assim torna-se incapaz
de receber o perdão. Por quê? Quem tapa os olhos pode enxergar? Não pode! Quem
mantém a boca fechada pode comer? Não pode! Quem não fecha o guarda-chuva da
calúnia pode receber a chuva do perdão? Não pode! O perdão passaria de lado e
não o atingiria! Não é que Deus não quer perdoar. Deus quer perdoar sempre! Mas
é o pecador que se recusa a receber o perdão!
4) Para um confronto pessoal
1) As autoridades religiosas se fecham e negam a
evidência. Já aconteceu comigo eu me fechar contra a evidência dos fatos?
2) Calúnia é a arma dos fracos. Você já teve
experiência neste ponto?
5) Oração final
Todos
os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai ao SENHOR, terra inteira gritai e exultai
cantando hinos. (Sal 97, 3b-4)
Terça-feira, 29 de janeiro-2019 3ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do
dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso,
dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso
Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do Evangelho (Marcos 3,31-35)
Naquele tempo, 31chegaram a mãe de Jesus e
seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32Havia
uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: "Tua mãe e teus
irmãos estão lá fora à tua procura".
33Ele respondeu: "Quem é minha mãe, e quem são meus
irmãos?" 34E olhando para os que estavam sentados ao seu redor,
disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35Quem faz a
vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe".
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
* A família de Jesus. Os parentes chegam
na casa onde Jesus estava. Provavelmente tinham vindo de Nazaré. De lá até
Cafarnaum são uns 40 quilômetros. Sua mãe veio junto. Eles não entram, mas
mandam recado: Tua mãe, teus irmãos e tuas irmãs estão lá fora e te procuram!
A reação de Jesus é firme: Quem é minha mãe, quem são meus irmãos? E ele
mesmo responde apontando para a multidão que estava ao redor: Eis aqui minha
mãe e meus irmãos! Pois todo aquele que faz a vontade de Deus é meu irmão,
minha irmã, minha mãe! Para entender bem o significado desta resposta
convém olhar a situação da família no
tempo de Jesus.
* No antigo
Israel, o clã, isto é, a grande família (a comunidade), era a base da
convivência social. Era a proteção das famílias e das pessoas, a garantia da
posse da terra, o veículo principal da tradição, a defesa da identidade. Era a
maneira concreta do povo daquela época encarnar
o amor de Deus no amor ao próximo. Defender o clã era o mesmo que defender
a Aliança.
* Na Galiléia
do tempo de Jesus, por causa do sistema implantado durante os longos governos
de Herodes Magno (37 a.C. a 4 a.C.) e de seu filho Herodes Antipas (4 a.C. a 39
d.C.), o clã (a comunidade) estava enfraquecendo. Os impostos a serem pagos,
tanto ao governo como ao templo, o endividamento crescente, a mentalidade
individualista da ideologia helenista, as freqüentes ameaças de repressão
violenta por parte dos romanos, a obrigação de acolher os soldados e dar-lhes
hospedagem, os problemas cada vez maiores de sobrevivência, tudo isto levava as
famílias a se fecharem dentro das suas próprias necessidades. Este fechamento
era reforçado pela religião da época. Por exemplo, quem dedicava sua herança ao
Templo podia deixar seus pais sem ajuda. Isto enfraquecia o quarto mandamento
que era a espinha dorsal do clã (Mc 7,8-13). Além disso, a observância das
normas de pureza era fator de marginalização de muita gente: mulheres,
crianças, samaritanos, estrangeiros, leprosos, possessos, publicanos, doentes,
mutilados, paraplégicos.
* Assim, a preocupação com os problemas da própria família impedia as pessoas de se unirem em comunidade. Ora,
para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se na convivência comunitária do
povo, as pessoas tinham de ultrapassar os limites estreitos da pequena família
e abrir-se, novamente, para a grande família, para a Comunidade. Jesus deu o
exemplo. Quando sua própria família tentou apoderar-se dele, reagiu e alargou a
família: “Quem é minha mãe, quem
são meus irmãos? E ele mesmo deu a
resposta apontando para a multidão que estava ao redor: Eis aqui minha mãe e
meus irmãos! Pois todo aquele que faz a vontade de Deus é meu irmão, minha
irmã, minha mãe! (Mc 3,33-35). Criou comunidade.
* Jesus
pedia o mesmo de todos que queriam segui-lo. As famílias não podiam fechar-se.
Os excluídos e os marginalizados deviam ser acolhidos dentro da convivência e,
assim, sentir-se acolhidos por Deus (cf Lc 14,12-14). Este era o caminho para
realizar o objetivo da Lei que dizia: “Entre vocês não pode haver pobres” (Dt
15,4). Como os grandes profetas do passado, Jesus procura reforçar a vida
comunitária nas aldeias da Galiléia. Ele retoma o sentido profundo do clã, da
família, da comunidade, como expressão da encarnação do amor de Deus no amor ao
próximo.
4) Para um confronto pessoal
1) Viver a fé em comunidade. Qual o lugar e a
influência da comunidade na minha maneira de viver a fé?
2) Hoje, na cidade grande, a massificação
promove o individualismo que é o contrário da vida em comunidade. O que estou fazendo
para combater este mal?
5) Oração final
Esperei
firmemente no SENHOR e
ele se inclinou para mim, atendendo a minha súplica. Fez-me cantar um canto novo, um louvor ao nosso Deus.
(Sal 39, 2.4)
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso,
dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso
Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
2) Leitura do
Evangelho (Marcos 4,1-20)
Naquele tempo, 1Jesus começou a ensinar de
novo às margens do mar da Galiléia. Uma multidão muito grande se reuniu em
volta dele, de modo que Jesus entrou numa barca e se sentou, enquanto a
multidão permanecia junto às margens, na praia.
2Jesus ensinava-lhes muitas coisas em parábolas. E, em
seu ensinamento, dizia-lhes: 3"Escutai! O semeador saiu a
semear. 4Enquanto semeava, uma parte da semente caiu à beira do
caminho; vieram os pássaros e a comeram. 5Outra parte caiu em
terreno pedregoso, onde não havia muita terra; brotou logo, porque a terra não
era profunda, 6mas, quando saiu o sol, ela foi queimada; e, como não
tinha raiz, secou. 7Outra parte caiu no meio dos espinhos; os
espinhos cresceram, a sufocaram, e ela não deu fruto.
8Outra parte caiu em terra boa e deu fruto, que foi
crescendo e aumentando, chegando a render trinta, sessenta e até cem por um”. 9E
Jesus dizia: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça". 10Quando
ficou sozinho, os que estavam com ele, junto com os Doze, perguntaram sobre as
parábolas. 11Jesus lhes disse: "A vós, foi dado o mistério do
Reino de Deus; para os que estão fora, tudo acontece em parábolas, 12para
que olhem mas não enxerguem, escutem mas não compreendam, para que não se convertam
e não sejam perdoados".
13E lhes disse: "Vós não compreendeis esta
parábola? Então, como compreendereis todas as outras parábolas? 14O
semeador semeia a Palavra. 15Os que estão na beira do caminho são
aqueles nos quais a Palavra foi semeada; logo que a escutam, chega Satanás e
tira a Palavra que neles foi semeada. 16Do mesmo modo, os que
receberam a semente em terreno pedregoso, são aqueles que ouvem a Palavra e
logo a recebem com alegria, 17mas não têm raiz em si mesmos, são
inconstantes; quando chega uma tribulação ou perseguição, por causa da Palavra,
logo desistem.
18Outros recebem a semente entre os espinhos: são
aqueles que ouvem a Palavra; 19mas quando surgem as preocupações do
mundo, a ilusão da riqueza e todos os outros desejos, sufocam a Palavra, e ela
não produz fruto. 20Por fim, aqueles que recebem a semente em
terreno bom são os que ouvem a Palavra, a recebem e dão fruto; um dá trinta,
outro sessenta e outro cem por um."
- Palavra da
Salvação.
3) Reflexão
* Sentado
num barco, Jesus ensina o povo. Nestes versos, Marcos descreve o jeito que
Jesus tinha de ensinar o povo: na praia,
sentado no barco, muita gente ao redor para escutar. Jesus não era uma pessoa
estudada (Jo 7,15). Não tinha freqüentado a escola superior de Jerusalém. Vinha
do interior, da roça, de Nazaré. Era um desconhecido, meio camponês, meio
artesão. Sem pedir licença às autoridades, começou a ensinar o povo. Falava
tudo diferente. O povo gostava de ouvi-lo.
* Por meio das
parábolas, Jesus ajudava o povo a perceber a presença misteriosa do Reino nas coisas da vida. Uma parábola é uma
comparação. Ela usa as coisas conhecidas e visíveis da vida para explicar as
coisas invisíveis e desconhecidas do Reino de Deus. Por exemplo, o povo da
Galiléia entendia de semente, de terreno, chuva, sol, sal, flores, colheita,
pescaria, etc. Ora, são exatamente estas coisas conhecidas do povo que Jesus
usa nas parábolas para explicar o mistério do Reino.
* A parábola da semente retrata a vida do
camponês. Naquele tempo, não era fácil viver da agricultura. O terreno
tinha muita pedra. Muito mato. Pouca chuva, muito sol. Além disso, muitas
vezes, o povo encurtava estrada e, passando no meio do campo, pisava nas
plantas (Mc 2,23). Mesmo assim, apesar de tudo isso, todo ano, o agricultor
semeava e plantava, confiando na força da semente, na generosidade da natureza.
* Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Jesus
começou a parábola dizendo: “Escutem!” (Mc 4,3). Agora, no fim, ele termina
dizendo: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” O caminho para chegar ao
entendimento da parábola é a busca: “Tratem de entender!” A parábola não
entrega tudo pronto, mas leva a pensar e faz descobrir a partir da própria
experiência que os ouvintes têm da semente. Provoca a criatividade e a
participação. Não é uma doutrina que já vem pronta para ser ensinada e
decorada. A Parábola não dá água engarrafada, mas entrega a fonte. O agricultor
que escutou, diz: “Semente no terreno, eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso
tem a ver com o Reino de Deus. O que seria?” E aí você pode imaginar as longas
conversas do povo! A parábola mexe com o povo e leva a escutar a natureza e a
pensar na vida.
* Jesus explica a parábola aos discípulos. Em
casa, a sós com Jesus, os discípulos querem saber o significado da parábola.
Eles não entenderam. Jesus estranhou a ignorância deles (Mc 4,13) e respondeu
por meio de uma frase difícil e misteriosa. Ele diz aos discípulos: “A vocês
foi dado o mistério do Reino de Deus. Aos de fora, porém, tudo acontece em
parábolas, para que vendo não vejam, ouvindo não ouçam e para que não se
convertam e não sejam salvos!”. Esta frase faz a gente se perguntar: Afinal, a
parábola serve para que? Para esclarecer ou para esconder? Será que Jesus usa
parábolas, para que o povo continue na ignorância e não chegue a se converter?
Certamente que não! Pois em outro lugar Marcos diz que Jesus usava parábolas
“conforme a capacidade dos ouvintes” (Mc 4,33)
* Parábola revela e esconde
ao mesmo tempo! Revela para “os de dentro”, que aceitam Jesus como Messias
Servidor. Esconde para os que insistem em ver nele o Messias, Rei grandioso.
Estes entendem as imagens da parábola, mas não chegam a entender o seu
significado.
* A explicação da parábola, parte por parte. Uma
por uma, Jesus explica as partes da parábola, desde a semente e o terreno até a
colheita. Alguns estudiosos acham que esta explicação foi acrescentada depois.
Ela seria de alguma comunidade. É bem possível. Pois dentro do botão da
parábola está a flor da explicação. Botão e flor, ambos têm a mesma origem que
é Jesus. Por isso, nós também podemos continuar a reflexão e descobrir outras
coisas bonitas dentro da parábola. Certa vez, alguém perguntou numa comunidade:
“Jesus falou que devemos ser sal. Para que serve o sal?” Discutiram e, no fim,
encontraram mais de dez finalidades diferentes para o sal! Aí foram aplicar
tudo isto à vida da comunidade e descobriram que ser sal é difícil e exigente.
A parábola funcionou! O mesmo vale para a semente. Todo mundo tem alguma
experiência de semente.
4) Para um confronto pessoal
1)
Qual a experiência que você tem de semente? Como ela te ajuda a entender melhor
a Boa Nova
2)
Que terreno eu sou?
5) Oração final
Busquei
o SENHOR e ele respondeu-me e de todo temor me livrou. Olhai para ele e ficareis radiantes, vossas faces não
ficarão envergonhadas. (Sal 33, 5-6)
Quinta-feira, 31 de janeiro-2019. 3ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho
do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso,
dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso
Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do
Evangelho (Marcos 4, 21-25)
Naquele tempo, Jesus disse à multidão: 21"Quem
é que traz uma lâmpada para colocá-la debaixo de um caixote, ou debaixo da
cama? Ao contrário, não a põe num candeeiro? 22Assim, tudo o que
está escondido deverá tornar-se manifesto, e tudo o que está em segredo deverá
ser descoberto. 23Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça". 24Jesus
dizia ainda: "Prestai atenção no que ouvis: com a mesma medida com que
medirdes, também vós sereis medidos; e vos será dado ainda mais. 25Ao
que tem alguma coisa, será dado ainda mais; do que não tem, será tirado até
mesmo o que ele tem".
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
* A
lâmpada que ilumina. Naquele tempo, não havia luz elétrica. Imagine o
seguinte. A família está em casa. Começa a escurecer. O pai levanta, pega a
lamparina, acende e coloca debaixo de um caixote ou debaixo de uma cama. O que
os outros vão dizer? Vão gritar: “Pai! Coloca na mesa!” Esta é a história que
Jesus conta. Ele não explica. Apenas diz: Quem
tem ouvidos para ouvir, ouça! A Palavra de Deus é a lâmpada a ser acesa na
escuridão da noite. Enquanto estiver dentro do livro fechado da Bíblia, ela é
como a lamparina debaixo do caixote. Quando ligada à vida e vivida em
comunidade, ela é colocada na mesa e ilumina!
*
Prestar atenção aos preconceitos. Jesus
pede aos discípulos para tomar consciência dos preconceitos com que escutam o
ensinamento que ele oferece. Devemos prestar atenção nas idéias com que olhamos
para Jesus! Se a cor dos óculos é verde, tudo aparece verde. Se for azul, tudo
será azul! Se a idéia com que eu olho para Jesus for errada, tudo o que penso
sobre Jesus estará ameaçado de erro. Se eu acho que o messias deve ser um rei
glorioso, não vou entender nada do que Jesus ensina e vou entender tudo errado.
*
Parábolas: um novo jeito de
ensinar e de falar sobre Deus. O
jeito de Jesus ensinar era, sobretudo, através de parábolas. Ele tinha uma capacidade
muito grande de encontrar imagens bem simples para comparar as coisas de Deus com as coisas da vida que o
povo conhecia e experimentava na sua luta diária pela sobrevivência. Isto supõe duas coisas:
estar por dentro das coisas da vida, e estar por dentro das coisas do Reino de
Deus.
*
O
ensino de Jesus era diferente do ensino dos escribas. Era uma Boa Nova para os
pobres, porque Jesus revelava um novo rosto de Deus, no qual o povo se re-conhecia e se alegrava. “Pai, eu te agradeço, porque
escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequenos.
Sim, Pai, assim foi do teu agrado! (Mt 11,25-28)”.
4) Para um confronto pessoal
1) Palavra de Deus, lâmpada que
ilumina. Qual o lugar que a Bíblia ocupa em minha vida? Qual a luz que dela
recebo?
2) Qual a imagem de Jesus que está em
mim? Quem é Jesus para mim, e quem sou eu para Jesus?
5) Oração final
Busquei
o SENHOR e ele respondeu-me e de todo temor me livrou. Olhai para ele e ficareis radiantes, vossas faces não
ficarão envergonhadas. (Sal 33, 5-6)
Sexta-feira, 1º de janeiro-2019. 3ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho
do dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso,
dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso
Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do
Evangelho (Marcos 4, 26-34)
Naquele tempo, 26Jesus disse à multidão:
"O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. 27Ele
vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas
ele não sabe como isso acontece.
28A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro
aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga.
29Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque
o tempo da colheita chegou".
30E Jesus continuou: "Com que mais poderemos
comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? 31O
Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a
menor de todas as sementes da terra. 32Quando é semeado, cresce e se
torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os
pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra'.
33Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como
estas, conforme eles podiam compreender. 34E só lhes falava por meio
de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
*
É bonito ver como Jesus, cada vez de novo, buscava na vida e nos
acontecimentos elementos e imagens que pudessem ajudar o povo a perceber e
experimentar a presença do Reino. No evangelho de hoje ele, novamente, conta
duas pequenas histórias que acontecem todos os dias na vida de todos nós: “A
história da semente que cresce sozinha” e “A história da pequena semente de
mostarda que cresce e se torna grande”.
*
A história da semente que cresce
sozinha. O agricultor que planta conhece o processo: semente, fiozinho
verde, folha, espiga, grão. Ele não mete a foice antes do tempo. Sabe esperar.
Mas não sabe como a terra, a chuva, o sol e a semente têm esta força de fazer
crescer uma planta do nada até a fruta. Assim é o Reino de Deus. Tem processo,
tem etapas e prazos, tem crescimento. Vai acontecendo. Produz fruto no tempo
marcado. Mas ninguém sabe explicar a sua força misteriosa. Ninguém é dono. Só
Deus!
*
A história da pequena semente de
mostarda que cresce e se torna grande. A semente de mostarda é pequena, mas
ela cresce e, no fim, os passarinhos vêm para fazer seu ninho nos ramos. Assim
é o Reino. Começa bem pequeno, cresce e estende seus ramos para os passarinhos
fazerem seus ninhos. Começou com Jesus e uns poucos discípulos e discípulas.
Foi perseguido e caluniado, preso e crucificado. Mas cresceu e foi estendendo
seus ramos. A parábola deixa uma pergunta no ar que vai ter resposta mais
adiante no evangelho: Quem são os passarinhos? O texto sugere que se trata dos
pagãos que vão poder entrar na comunidade e ter parte no Reino.
*
O motivo que levava Jesus a
ensinar por meio de parábolas. Jesus contava muitas parábolas. Tudo tirado
da vida do povo! Assim ele ajudava as pessoas a descobrir as coisas de Deus no
quotidiano. Tornava o quotidiano transparente. Pois o extraordinário de Deus se
esconde nas coisas ordinárias e comuns da vida de cada dia. O povo entendia da
vida. Nas parábolas recebia a chave para abri-la e encontrar dentro dela os
sinais de Deus.
4) Para um confronto pessoal
1) Jesus não explica as parábolas. Ele
conta as histórias e provoca em nós a imaginação e a reflexão da descoberta. O
que você descobriu nestas duas parábolas?
2) Tornar a vida transparente é o
objetivo das parábolas. Ao longo dos anos, sua vida ficou mais transparente ou
aconteceu o contrário?
5) Oração final
Deus,
tem piedade de mim, conforme a tua misericórdia;
no teu grande amor cancela o meu pecado. Lava-me de toda a minha culpa, e purifica-me de meu
pecado. (Sal 50,
3-4)
Sábado, 2 de fevereiro-2019. 3ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do
dia- Lectio Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
1) Oração
Deus eterno e todo-poderoso,
dirigi a nossa vida segundo o vosso amor, para que possamos, em nome do vosso
Filho, frutificar em boas obras. Por nosso Senhor
Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
2) Leitura do
Evangelho (Marcos
4,35-41)
35Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus
discípulos: "Vamos para a outra margem!" 36Eles despediram
a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava na barca. Havia ainda
outras barcas com ele. 37Começou a soprar uma ventania muito forte e
as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se
encher. 38Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um
travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: "Mestre, estamos
perecendo e tu não te importas?"39Ele se levantou e ordenou ao
vento e ao mar: "Silêncio! Cala-te!" O vento cessou e houve uma
grande calmaria. 40Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que
sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?" 41Eles sentiram um
grande medo e diziam uns aos outros: "Quem é este, a quem até o vento e o
mar obedecem?"
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão Marcos 4,35-41
*
O evangelho de hoje descreve a tempestade no lago e Jesus dormindo no
barco. Nossas comunidades, muitas vezes,
se sentem como um barquinho perdido no mar da vida, sem muita esperança de
poder chegar no porto. Jesus parece estar dormindo no nosso barco, pois não
aparece nenhum poder divino para salvar-nos das dificuldades e da perseguição.
Em vista desta situação de desespero, Marcos recolhe vários episódios que
revelam como Jesus presente no meio da comunidade. Nas parábolas revelou o
mistério do Reino presente nas coisas da vida (Mc 4,1-34). Agora começa a
revelar o mistério do Reino presente no poder que Jesus exerce a favor dos
discípulos, a favor do povo e, sobretudo, a favor dos excluídos e
marginalizados. Jesus vence o mar, símbolo do caos (Mc 4,35-41). Nele atua um
poder criador! Jesus vence e expulsa o demônio (Mc 5,1-20). Nele atua um poder
libertador! Jesus vence a impureza e a morte (Mc 5,21-43). Nele atua o poder de
vida! É o Jesus vencedor! Não há motivo para as comunidades terem medo. Este é
o motivo do relato da tempestade acalmada que meditamos no evangelho de hoje.
*
Marcos 4,35-36: O ponto de partida: “Vamos para o outro
lado”.
Foi
um dia pesado de muito trabalho. Terminado o discurso das parábolas (Mc
4,1-34), Jesus diz: “Vamos para o outro lado!” Do jeito que Jesus estava, eles
o levam no barco, de onde tinha feito o discurso das parábolas. De tão cansado,
Jesus deita e dorme em cima de um travesseiro. Este é o quadro inicial que
Marcos pinta. Quadro bonito, bem humano.
*
Marcos 4,37-38: A situação desesperadora: “Não te importa
que pereçamos?”
O
lago da Galiléia é cercado de altas montanhas. Às vezes, por entre as fendas
das rochas, o vento cai em cima do lago e provoca tempestades repentinas. Vento
forte, mar agitado, barco cheio de água! Os discípulos eram pescadores
experimentados. Se eles acham que vão afundar, então a situação é perigosa
mesmo! Jesus nem sequer acorda e continua dormindo. Este sono profundo não é só
sinal do grande cansaço. É também expressão da confiança tranqüila que ele tem
em Deus. O contraste entre a atitude de Jesus e a dos discípulos é grande!
*
Marcos 4,39-40: A reação de Jesus: “Vocês ainda não têm fé?”
Jesus
acorda, não por causa das ondas, mas por causa do grito desesperado dos
discípulos. Primeiro, ele se dirige ao mar e diz: “Fique quieto!” E logo o mar
se acalma. Em seguida, se dirige aos discípulos e diz: “Por que vocês têm medo?
Ainda não têm fé?” A impressão que se tem é que não era preciso acalmar o mar,
pois não havia nenhum perigo. É como quando você chega numa casa e o cachorro,
ao lado do dono, late muito. Aí não precisa ter medo, pois o dono está aí e
controla a situação. O episódio do mar acalmado evoca o êxodo, quando o povo,
sem medo, passava pelo meio das águas do mar (Ex 14,22). Evoca o profeta Isaías
que dizia ao povo: “Quando passares pelas águas eu estarei contigo!” (Is 43,2)
Jesus refaz o êxodo e realiza a profecia anunciada pelo Salmo 107(106),25-30.
*
Marcos 4,41: O não saber dos discípulos: “Quem é este homem?”
Jesus
acalmou o mar e disse: “Então, vocês não têm fé?” Os discípulos não sabem o que
responder e se perguntam: “Quem é este homem a quem até o mar e o vento
obedecem?” Jesus parece um estranho para eles!
Apesar da longa convivência, não sabem direito quem ele é. Quem é este
homem? Com esta pergunta na cabeça, as comunidades continuavam a leitura do
evangelho. E até hoje, é esta mesma pergunta que nos leva a continuar a leitura
dos Evangelhos. É o desejo de conhecer sempre melhor o significado de Jesus
para a nossa vida.
*
Quem é Jesus?
Marcos começa o
seu evangelho dizendo: “Início da Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1). No fim, na hora
da morte de Jesus, um soldado pagão declara: “Verdadeiramente, este homem era Filho de Deus!” (Mc 15,39) No começo e
no fim do Evangelho, Jesus é chamado Filho de Deus. Entre o começo e o fim,
aparecem muitos outros nomes de Jesus. Eis a lista: Messias ou Cristo (Mc 1,1;
8,29; 14,61; 15,32); Senhor (Mc 1,3; 5,19; 11,3); Filho amado (Mc 1,11; 9,7);
Santo de Deus (Mc 1,24); Nazareno (Mc
1,24; 10,47; 14,67; 16,6); Filho do Homem
(Mc 2,10.28; 8,31.38; 9,9.12.31; 10,33.45; 13,26; 14,21.21.41.62); Noivo
(Mc 2,19); Filho de Deus (Mc 3,11); Filho do Deus altíssimo (Mc 5,7);
Carpinteiro (Mc 6,3); Filho de Maria (Mc 6,3); Profeta (Mc 6,4.15; 8,28);
Mestre (freqüente); Filho de Davi (Mc
10,47.48; 12,35-37); Bendito (Mc 11,9); Filho (Mc 13,32); Pastor (Mc 14,27);
Filho do Deus bendito (Mc 14, 61); Rei dos judeus (Mc 15,2.9.18.26); Rei de
Israel (Mc 15,32),
Cada nome,
título ou atributo é uma tentativa de expressar o que Jesus significava para as
pessoas. Mas um nome, por mais bonito que seja, nunca chega a revelar o
mistério de uma pessoa, muito menos da pessoa de Jesus. Além disso, alguns
destes nomes dados a Jesus, inclusive os mais importantes e os mais
tradicionais, são questionados e colocados em dúvida pelo próprio Evangelho de
Marcos. Assim, na medida em que avançamos na leitura do evangelho, Marcos nos
obriga a rever nossas idéias e a nos perguntar, cada vez de novo: “Afinal, quem
é Jesus para mim, para nós?” Quanto mais se
avança na leitura do evangelho de Marcos, tanto mais se quebram os títulos e os
critérios. Jesus não cabe em nenhum destes nomes, em nenhum esquema, em nenhum
título. Ele é maior! Aos poucos, o leitor, a leitora, vai se entregando e
desiste de querer enquadrar Jesus em algum conceito conhecido ou idéia já
pronta, e o aceita do jeito que ele mesmo se apresenta. O amor capta, a cabeça,
não!
4) Para um confronto
pessoal
1. As águas do mar da vida, alguma vez, já
ameaçaram afogar você? O que o salvou?
2. Qual era o mar agitado no tempo de Jesus? Qual era
o mar agitado na época em que Marcos escreveu o seu evangelho? Qual é, hoje, o
mar agitado para nós?
3. Leia Isaías 43,2 e também Salmo 107(106),25-30, e
compare-os com o episódio da tempestade acalmada. Qual a conclusão que você
tira?
5) Oração final
Cria
em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito resoluto.
Não
me rejeites da tua presença e não me prives do teu santo espírito. (Sal 50, 12-13)
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