Segunda-feira,
14 de janeiro-2019 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina-
com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
Frei
Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos
a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
2) Leitura do
Evangelho (Marcos 1, 14-20)
14Depois que
João Batista foi preso, Jesus foi para a Galiléia, pregando o Evangelho de Deus
e dizendo: 15"O tempo já se completou e o Reino de Deus está
próximo. Convertei-vos, e crede no Evangelho!" 16E, passando à
beira do mar da Galiléia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao
mar, pois eram pescadores. 17Jesus lhes disse: "Segui-me e eu
farei de vós pescadores de homens". 18E eles, deixando
imediatamente as redes, seguiram a Jesus. 19Caminhando mais um
pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca,
consertando as redes; 20e logo os chamou. Eles deixaram seu pai
Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus.
3) Reflexão
* Depois
que João foi preso, Jesus voltou para a Galiléia proclamando a Boa Nova de
Deus. João foi preso pelo
rei Herodes por ter denunciado o comportamento imoral do rei (Lc 3,18-20). A
prisão de João Batista não assustou a Jesus! Pelo contrário! Ele viu nela um
sinal da chegada do Reino. E hoje,
será que sabemos ler os fatos da política e da violência urbana para anunciar a
Boa Nova de Deus?
* Jesus
proclamava a Boa Nova de Deus. A Boa
Nova é de Deus não só porque ela vem de Deus, mas também e sobretudo
porque Deus é o seu conteúdo. Deus, Ele mesmo, é a maior Boa Notícia para a
vida humana. Ele responde à aspiração mais profunda do nosso coração. Em Jesus
aparece o que acontece quando um ser humano deixar Deus entrar e reinar. Esta
Boa Notícia do Reino de Deus anunciada por Jesus tem quatro aspectos:
1. Esgotou-se o prazo! Para os
outros judeus o prazo ainda não tinha se esgotado. Faltava muito para o Reino
poder chegar. Para os fariseus, por
exemplo, o Reino só poderia chegar quando a observância
da Lei fosse perfeita. Jesus tem outra maneira de ler os fatos. Ele diz que o
prazo já se esgotou.
2. O Reino de Deus chegou! Para
os fariseus a chegada do Reino dependia do esforço deles. Só chegaria, depois
que eles tivessem observado toda a lei. Jesus diz o contrário: “O Reino
chegou!” Já estava aí! Independente do esforço feito! Quando Jesus diz “O Reino
chegou!”, ele não quer dizer que o Reino estava chegando só naquele momento,
mas sim que já estava aí. Aquilo que
todos esperavam, já estava presente na vida deles, e eles não o sabiam, nem o
percebiam (cf. Lc 17,21). Jesus o percebeu! Pois ele lia a realidade com um
olhar diferente. E é esta presença escondida do Reino no meio do povo, que
Jesus vai revelar aos pobres da sua terra. É esta a semente do Reino que vai
receber a chuva da sua palavra e o calor do seu amor.
3. Convertei-vos! O sentido
exato é mudar o modo de pensar e de viver.
Para poder perceber a presença do Reino na vida, a pessoa terá que começar a
pensar e viver de maneira diferente. Terá que mudar de vida e encontrar outra
forma de convivência! Terá que deixar de lado o legalismo do ensino dos
fariseus e permitir que a nova experiência de Deus invada sua vida e lhe dê
olhos novos para ler e entender os fatos.
4. Acreditem nesta Boa Notícia!
Não era fácil aceitar esta mensagem. Não é fácil você começar a pensar
diferentemente de tudo que aprendeu, desde pequeno. Isto só é possível através
de um ato de fé. Quando alguém vem trazer uma notícia diferente, difícil de ser
aceita, você só a aceitará se a pessoa que traz a notícia for de confiança. Aí,
você dirá aos outros: “Pode aceitar! Eu conheço a pessoa! Ela não engana. É de
confiança!”. Jesus é de confiança!
* O primeiro objetivo do anúncio da Boa Nova é
formar comunidade. Jesus passa, olha e chama. Os primeiros quatro chamados,
Simão, André, João e Tiago, escutam, largam tudo e seguem a Jesus para formar
comunidade com ele. Parece amor à primeira vista! Conforme a narração de
Marcos, tudo aconteceu logo no primeiro encontro com Jesus. Comparando com os
outros evangelhos, a gente percebe que os quatro já conheciam a Jesus (Jo 1,39;
Lc 5,1-11). Já tiveram a oportunidade de conviver com ele, de vê-lo ajudar o
povo e de escutá-lo na sinagoga. Sabiam como ele vivia e o que pensava. O
chamado não foi coisa de um só momento, mas sim de repetidos chamados e
convites, de avanços e recuos. O chamado começa e recomeça sempre de novo! Na
prática, coincide com a convivência dos três anos com Jesus, desde o batismo
até o momento em que Jesus foi levado ao céu (At 1,21-22). Então, por que
Marcos o apresenta como um fato repentino de amor à primeira vista? Marcos
pensa no ideal: o encontro com Jesus deve provocar uma mudança radical na nossa
vida!
4) Para um
confronto pessoal
1) Um fato político, a prisão de
João, levou Jesus a iniciar o anúncio da Boa Nova de Deus. Hoje, os fatos da
política e da polícia influem no anúncio que fazemos da Boa Nova ao povo?
2) “Convertei-vos! Acreditem nesta Boa Notícia!”
Como isto está acontecendo na minha vida?
5) Oração final
Tu, Senhor, és o Altíssimo
sobre toda a terra, tu és excelso acima de todos os deuses. (Sl 96, 9).
Terça-feira,
15 de janeiro-2019. 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio
Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
Frei
Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos
a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
2) Leitura do
Evangelho (Marcos 1, 21-28)
21Estando com
seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e
começou a ensinar. 22Todos ficavam admirados com o seu ensinamento,
pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.
23Estava
então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24"Que
queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu
és o Santo de Deus". 25Jesus o intimou: "Cala-te e sai
dele"!26Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu
um grande grito e saiu. 27E todos ficaram muito espantados e
perguntavam uns aos outros: "Que é isso? Um ensinamento novo dado com
autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!" 28E
a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galiléia.
- Palavra
da Salvação.
3) Reflexão
* A sequência dos evangelhos dos dias desta
semana. O evangelho de ontem informava sobre a primeira atividade de Jesus:
chamou quatro pessoas para formar comunidade com ele (Mc 1,16-20). O evangelho
hoje descreve a admiração do povo diante do ensinamento de Jesus (Mt 1,21-22) e
o primeiro milagre expulsando um demônio (Mt 1,23-28). O evangelho de amanhã
narra a cura da sogra de Pedro (Mc 1,29-31), a cura de muitos doentes (Mc
1,32-34) e a oração de Jesus num lugar isolado (Mc 1.35-39). Marcos recolheu
estes episódios, que eram transmitidos oralmente nas comunidades, e os uniu
entre si como tijolos numa parede. Nos anos 70, ano em que ele escreve, as
Comunidades necessitavam de orientação. Descrevendo como foi o início da
atividade de Jesus, Marcos indicava como elas deviam fazer para anunciar a Boa
Nova. Marcos faz catequese contando para as comunidades os acontecimentos da
vida de Jesus.
*
Jesus ensina com autoridade, diferente dos escribas. A primeira
coisa que o povo percebe é o jeito diferente de Jesus ensinar. Não é tanto o
conteúdo, mas sim o jeito de ensinar, que impressiona. Por este seu jeito
diferente, Jesus cria consciência crítica no povo com relação às autoridades
religiosas da época. O povo percebe, compara e diz: Ele ensina com
autoridade, diferente dos escribas. Os escribas da época ensinavam citando
autoridades. Jesus não cita autoridade nenhuma, mas fala a partir da sua
experiência de Deus e da vida. Sua palavra tem raiz no coração.
*
Vieste para nos destruir! Em
Marcos, o primeiro milagre é a expulsão de um demônio. Jesus combate e expulsa
o poder do mal que tomava conta das pessoas e as alienava de si mesmas. O
possesso gritava: “Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!” O homem repetia o
ensinamento oficial que apresentava o messias como “Santo de Deus”, isto é,
como um Sumo Sacerdote, ou como rei, juiz, doutor ou general. Hoje também,
muita gente vive alienada de si mesma, enganada pelo poder dos meios de
comunicação, da propaganda do comércio. Repete o que ouve dizer. Vive escrava
do consumismo, oprimida pelas prestações em dinheiro, ameaçada pelos
cobradores. Muitos acham que sua vida ainda não é como deveria ser se eles não
puderem comprar aquilo que a propaganda anuncia e recomenda.
*
Jesus ameaçou o espírito mau:
“Cale-se, e saia dele!” O espírito sacudiu o homem, deu um grande grito e
saiu dele. Jesus devolve as pessoas a si mesmas. Devolve a consciência e a
liberdade. Faz a pessoa recuperar o seu perfeito juízo (cf. Mc 5,15). Não é nem
era fácil, nem ontem, nem hoje, fazer com que a pessoa comece a pensar e atuar
diferentemente da ideologia oficial.
*
Ensinamento novo! Ele manda até
nos espíritos impuros. Os dois primeiros sinais da Boa Nova que o povo
percebe em Jesus, são estes: o seu jeito diferente de ensinar as coisas de
Deus, e o seu poder sobre os espíritos impuros. Jesus abre um novo caminho para
o povo conseguir a pureza. Naquele tempo, uma pessoa declarada impura já não
podia comparecer diante de Deus para rezar e receber a bênção prometida por
Deus a Abraão. Ela teria que purificar-se primeiro. Esta e muitas outras leis e
normas dificultavam a vida do povo e marginalizavam muita gente como impura,
longe de Deus. Agora, purificadas pelo contato com Jesus, as pessoas impuras
podiam comparecer novamente na presença de Deus. Era uma grande Boa Notícia para eles!
4) Para um
confronto pessoal
1) Será que posso dizer: “Eu sou
plenamente livre, senhor de mim mesmo”? Se não o posso dizer de mim mesmo,
então algo em mim é possesso por outros poderes. Como faço para expulsar este
poder estranho?
2) Hoje muita gente não vive, mas é
vivido. Não pensa, mas é pensado pelos meios de comunicação. Já não tem
pensamento crítico. Já não é dono de si mesmo. Como expulsar este “demônio”?
5) Oração final
Ó Senhor, nosso Deus, como
é glorioso teu nome em toda a terra! Sobre os céus se eleva a tua majestade! Que
coisa é o homem, para dele te lembrares,
que é o ser humano, para o
visitares? (Sl
8, 2.5)
Quarta-feira,
16 de janeiro-2019. 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio
Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
Frei
Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos
a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
2) Leitura do
Evangelho (Marcos 1, 29-39)
Naquele tempo, 29Jesus saiu da sinagoga e foi, com
Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30A sogra de Simão
estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31E ele se
aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre
desapareceu; e ela começou a servi-los.
32À tarde,
depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo
demônio. 33A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34Jesus
curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não
deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.
35De
madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar
deserto. 36Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37Quando
o encontraram, disseram: "Todos estão te procurando". 38Jesus
respondeu: "Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar
também ali, pois foi para isso que eu vim". 39E andava por toda
a Galiléia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
*
Jesus restaura a vida para o serviço. Depois de participar da
celebração do sábado na sinagoga, Jesus entrou na casa de Pedro e curou a sogra
dele. A cura fez com ela se colocasse de pé e, com a saúde e a dignidade
recuperadas, começasse a servir as pessoas. Jesus não só cura a pessoa, mas
cura para que a pessoa se coloque a serviço da vida.
*
Jesus acolhe os marginalizados. Ao cair da tarde, terminado o
sábado na hora do aparecimento da primeira estrela no céu, Jesus acolhe e cura
os doentes e os possessos que o povo tinha trazido. Os doentes e possessos eram
as pessoas mais marginalizadas naquela época. Elas não tinham a quem recorrer.
Ficavam entregues à caridade pública. Além disso, a religião as considerava
impuras. Elas não podiam participar na comunidade. Era como se Deus as
rejeitasse e as excluísse. Jesus as acolhe. Assim, aparece em que consiste a
Boa Nova de Deus e o que ela quer atingir na vida da gente: acolher os
marginalizados e os excluídos, e reintegrá-los na convivência da comunidade.
*
Permanecer unido ao Pai pela oração. Jesus aparece rezando. Ele
faz um esforço muito grande para ter o tempo e o ambiente apropriado para
rezar. Levantou mais cedo que os outros e foi para um lugar deserto, para poder
estar a sós com Deus. Muitas vezes, os evangelhos nos falam da oração de Jesus
no silêncio (Mt 14,22-23; Mc 1,35; Lc 5,15-16; 3,21-22). É através da oração
que ele mantém viva em si a consciência da sua missão.
*
Manter viva a consciência da missão e não se fechar no resultado já
obtido. Jesus se tornou conhecido. Todos iam atrás dele. Esta publicidade
agradou aos discípulos. Eles vão em busca de Jesus para levá-lo de volta junto
do povo que o procurava, e lhe dizem: Todos te procuram. Pensavam que
Jesus fosse atender ao convite. Engano deles! Jesus não atendeu e disse: Vamos
para outros lugares. Foi para isto que eu vim! Eles devem ter estranhado! Jesus não era como
eles o imaginavam. Jesus tem uma consciência muito clara da sua missão e quer
transmiti-la aos discípulos. Não quer que eles se fechem no resultado já
obtido. Não devem olhar para trás. Como Jesus, devem manter bem viva a
consciência da sua missão. É a missão recebida do Pai que deve orientá-los na
tomada das decisões.
*
Foi para isto que eu vim! Este foi o primeiro mal-entendido entre
Jesus e os discípulos. Por ora, é apenas uma pequena divergência. Mais adiante
no evangelho de Marcos, este mal-entendido, apesar das muitas advertências de
Jesus, vai crescer e chegar a uma quase ruptura entre Jesus e os discípulos
(cf. Mc 8,14-21.32-33; 9,32;14,27). Hoje também existem mal-entendidos sobre o
rumo do anúncio da Boa Nova. Marcos ajuda a prestar atenção nas divergências,
para não permitir que elas cresçam até à ruptura.
4) Para um
confronto pessoal
1) Jesus não veio para ser servido
mas para servir. A sogra de Pedro começou a servir. E eu, faço da minha vida um
serviço a Deus e aos irmãos e às irmãs?
2) Jesus mantinha a consciência da
sua missão através da oração. E a minha oração?
5) Oração final
Povos todos, louvai o SENHOR, nações todas, dai-lhe glória; porque forte é seu amor para conosco e a fidelidade
do SENHOR dura para sempre. (Sl 116)
Quinta-feira,
16 de janeiro-2019. 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio
Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
Frei
Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso
povo;dai-nos a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
2) Leitura do
Evangelho (Marcos 1, 40-45)
Naquele tempo, 40um leproso chegou perto de Jesus, e de
joelhos pediu: "Se queres tens o poder de curar-me". 41Jesus,
cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: "Eu quero: fica
curado!" 42No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou
curado. 43Então Jesus o mandou logo embora, 44falando com
firmeza: "Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e
oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para
eles!" 45Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato.
Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em
lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
*
Acolhendo e curando o leproso Jesus revela um novo rosto de Deus. Um
leproso chegou perto de Jesus. Era um excluído, impuro. Devia viver afastado.
Quem tocasse nele ficava impuro também! Mas aquele leproso teve muita coragem.
Transgrediu as normas da religião para poder chegar perto de Jesus. Ele grita: Se
queres, podes curar-me! Ou seja: “Não precisa tocar-me! Basta você querer
para eu ficar curado!” A frase revela duas doenças: 1) a doença da lepra que o tornava impuro; 2) a doença da solidão a que era condenado pela
sociedade e pela religião. Revela também a grande fé do homem no poder de
Jesus. Profundamente compadecido, Jesus cura as duas doenças. Primeiro, para
curar a solidão, toca no leproso. É como se dissesse: “Para mim, você não é um
excluído. Eu te acolho como irmão!” Em seguida, cura a lepra dizendo: Quero!
Seja curado! O leproso, para poder
entrar em contato com Jesus, tinha transgredido as normas da lei. Da mesma
forma, Jesus, para poder ajudar aquele excluído e, assim, revelar um rosto novo
de Deus, transgride as normas da sua religião e toca no leproso. Naquele tempo,
quem tocasse num leproso tornava-se um impuro perante as autoridades religiosas
e perante a lei da época.
*
Reintegrar os excluídos na convivência fraterna. Jesus não só
cura, mas também quer que a pessoa curada possa conviver novamente. Reintegra a
pessoa na convivência. Naquele tempo, para um leproso ser novamente acolhido na
comunidade, ele precisava ter um atestado de cura assinado por um sacerdote. É
como hoje. O doente só sai do hospital com o documento assinado pelo médico.
Jesus obrigou o leproso a buscar o documento, para que ele pudesse conviver
normalmente. Obrigou as autoridades a reconhecer que o homem tinha sido curado.
*
O leproso anuncia o bem que Jesus fez a ele, e Jesus se torna um
excluído. Jesus tinha proibido o leproso de falar sobre a cura. Mas não
adiantou. O leproso, assim que partiu, começou a divulgar a notícia, de modo
que Jesus já não podia entrar publicamente numa cidade. Permanecia fora, em
lugares desertos. Por que? É que Jesus tinha tocado no leproso. Por isso,
na opinião pública daquele tempo, Jesus, ele mesmo, era agora um impuro e devia
viver afastado de todos. Já não podia entrar nas cidades. Mas Marcos mostra que
o povo pouco se importava com estas normas oficiais, pois de toda a parte
vinham a ele! Subversão total!
*
Resumindo. Tanto nos anos 70,
época em que Marcos escreve, como hoje, época em que nós vivemos, era e
continua sendo importante ter diante de nós modelos de como viver e anunciar a
Boa Nova de Deus e de como avaliar a nossa missão. Nos versículos 16 a 45 do
primeiro capítulo do seu evangelho, Marcos descreve a missão da comunidade e
apresenta oito critérios para as comunidades do seu tempo poderem avaliar a sua
missão. Eis o esquema:
TEXTO
|
ATIVIDADE DE
JESUS
|
OBJETIVO DA
MISSÃO
|
1. Marcos 1,16-20
|
Jesus chama os primeiros discípulos
|
formar comunidade
|
2. Marcos 1,21-22
|
o povo fica admirado com o ensino
|
criar consciência crítica
|
3. Marcos 1,23-28
|
Jesus expulsa um demônio
|
combater o poder do mal
|
4. Marcos 1,29-31
|
a cura da sogra de Pedro
|
restaurar a vida para o serviço
|
5. Marcos 1,32-34
|
a cura de doentes e endemoninhados
|
acolher os marginalizados
|
6. Marcos 1,35
|
Jesus levanta
cedo para rezar
|
ficar unido ao Pai
|
7. Marcos 1,36-39
|
Jesus segue
em frente no anúncio
|
não se fechar
nos resultados
|
8. Marcos 1,40-45
|
a cura um
leproso
|
reintegrar os
excluídos
|
4) Para um
confronto pessoal
1) Anunciar a Boa Nova é dar
testemunho da experiência concreta que se tem de Jesus. O leproso, o que ele
anuncia? Ele conta aos outros o bem que Jesus lhe fez. Só isso! Tudo isso! E é
este testemunho que leva os outros a aceitar a Boa Nova de Deus que Jesus nos
trouxe. Qual o testemunho que você dá?
2) Para levar a Boa Nova de Deus ao
povo, não se deve ter medo de transgredir normas religiosas que são contrárias
ao projeto de Deus e que dificultam a comunicação, o diálogo e a vivência do
amor. Mesmo que isto traga dificuldades para a gente, como trouxe para Jesus.
Já tive esta coragem?
5) Oração final
Vinde, prostrados adoremos,
de joelhos diante do Senhor que nos criou.
Ele é o nosso Deus, e nós o
povo sob seu governo, o rebanho que ele conduz. (Sl 94, 6-7)
Sexta-feira,
18 de janeiro-2019. 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio
Divina- com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
Frei
Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos
a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
2) Leitura do
Evangelho (Marcos 2, 1-12)
1Alguns dias
depois, Jesus entrou de novo em Cafarnaum. Logo se espalhou a notícia de que
ele estava em casa. 2E reuniram-se ali tantas pessoas, que já não
havia lugar, nem mesmo diante da porta. E Jesus anunciava-lhes a Palavra. 3Trouxeram-lhe,
então, um paralítico, carregado por quatro homens. 4Mas não
conseguindo chegar até Jesus, por causa da multidão, abriram então o teto, bem
em cima do lugar onde ele se encontrava. Por essa abertura desceram a cama em
que o paralítico estava deitado. 5Quando viu a fé daqueles homens,
Jesus disse ao paralítico: "Filho, os teus pecados estão perdoados". 6Ora,
alguns mestres da Lei, que estavam ali sentados, refletiam em seus corações: 7"Como
este homem pode falar assim? Ele está blasfemando: ninguém pode perdoar
pecados, a não ser Deus". 8Jesus percebeu logo o que eles
estavam pensando no seu íntimo, e disse: "Por que pensais assim em vossos
corações? 9O que é mais fácil: dizer ao paralítico: 'os teus pecados
estão perdoados', ou dizer: 'Levanta-te, pega a tua cama e anda'? 10Pois
bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, poder de perdoar
pecados disse ele ao paralítico: 11eu te ordeno: levanta-te, pega
tua cama, e vai para tua casa!" 12O paralítico então se
levantou e, carregando a sua cama, saiu diante de todos. E ficaram todos
admirados e louvavam a Deus, dizendo: "Nunca vimos uma coisa assim".
- Palavra da Salvação.
3) Reflexão
* Em Mc
1,1-15, Marcos mostrou como a Boa Nova de Deus deve ser preparada e divulgada.
Em Mc 1,16-45, mostrou qual o objetivo da Boa Nova e qual a missão da
comunidade. Agora, em Mc 2,1 a 3,6, aparece o efeito do anúncio da Boa Nova.
Uma comunidade fiel ao evangelho vive valores que contrastam com os interesses
da sociedade envolvente. Por isso, um dos efeitos do anúncio da Boa Nova é o
conflito com aqueles que defendem os interesses da sociedade. Marcos recolhe
cinco conflitos que o anúncio da Boa Nova de Deus trouxe para Jesus.
* Nos anos
70, época em que ele escreve o seu evangelho, havia muitos conflitos na vida
das comunidades, mas elas nem sempre sabiam como comportar-se diante das
acusações que vinham da parte das autoridades romanas e dos líderes judeus.
Este conjunto de cinco conflitos de Mc 2,1 a 3,6 servia como uma espécie de
cartilha para orientar as comunidades, tanto as de ontem como de hoje. Pois o
conflito não é um acidente de percurso, mas sim parte integrante da caminhada.
* Eis os
esquema dos cincos conflitos que Marcos conservou no seu evangelho:
TEXTOS
|
ADVERSÁRIOS DE JESUS
|
CAUSA DO CONFLITO
|
1º
conflito: Mc 2,1-12
2º
conflito: Mc 2,13-17
3º
conflito: Mc 2,18-22
4º
conflito: Mc 2,23-28
5º
conflito: Mc 3,1-6
|
Escribas
escribas
dos fariseus
discípulos
de João e fariseus
fariseus
fariseus
e herodianos
|
perdão
dos pecados
comer
com pecadores
prática
do jejum
observância
do sábado
cura em
dia de sábado
|
* A
solidariedade dos amigos consegue o perdão dos pecados para o paralítico. Jesus
está de volta em Cafarnaum. Juntou muita gente na porta da casa. Ele acolhe a
todos e começa a ensinar. Ensinar, falar de Deus, era o que Jesus mais fazia.
Chega um paralítico, carregado por quatro pessoas. Jesus é a única esperança
deles. Eles não hesitam em subir no telhado e tirar as telhas. Deve ter sido
uma casa pobre, barraco coberto de folhas. Eles descem o homem em frente a
Jesus. Jesus, vendo a fé deles, diz ao
paralítico: Teus pecados estão
perdoados! Naquele tempo, o povo achava que defeitos físicos
(paralítico) fossem castigo de Deus por algum pecado. Os doutores ensinavam que
tal pessoa ficava impura e tornava-se incapaz de aproximar-se de Deus. Por
isso, os doentes, os pobres, os paralíticos, sentiam-se rejeitados por Deus!
Mas Jesus não pensava assim. Aquela fé tão grande era um sinal evidente de que
o paralítico estava sendo acolhido por Deus. Por isso, ele declarou: Teus
pecados estão perdoados! Ou seja: “Você não está afastado de Deus!” Com
esta afirmação Jesus negou que a paralisia fosse um castigo pelo pecado do
homem.
* Jesus é
acusado de blasfêmia pelos donos do poder. A afirmação de Jesus era
contrária ao catecismo da época. Não combinava com a idéia que eles tinham de
Deus. Por isso, reagem e acusam Jesus: Ele blasfema! Para eles, só Deus
podia perdoar os pecados. E só o sacerdote podia declarar alguém perdoado e
purificado. Como é que Jesus, homem sem estudo, leigo, simples carpinteiro,
podia declarar as pessoas perdoadas e purificadas dos pecados? E havia ainda um
outro motivo que os levava a criticar Jesus. Eles devem ter pensado: “Se for
verdade o que esse Jesus está falando, nós vamos perder nosso poder! Vamos
perder também nossa fonte de renda”.
* Curando,
Jesus prova que ele tem poder de perdoar os pecados. Jesus percebeu a crítica. Por isso,
pergunta: O que é mais fácil dizer: ‘Teus pecados estão perdoados!’ ou:
‘Levanta-te e anda!’? É muito mais fácil dizer: “Teus pecados estão
perdoados”. Pois ninguém pode verificar se de fato o pecado foi ou não foi
perdoado. Mas se digo: “Levanta-te e anda!”, aí todos podem verificar se tenho
ou não esse poder de curar. Por isso, para mostrar que tinha o poder de perdoar
os pecados em nome de Deus, Jesus disse ao paralítico: Levanta-te, toma teu
leito e vá para casa! Curou o homem! Assim através de um milagre provou que
a paralisia do homem não era um castigo de Deus, e mostrou que a fé dos pobres
é uma prova de que Deus os acolhe no seu amor.
* A
mensagem do milagre e a reação do povo. O
paralítico se levanta, pega seu leito, começa a andar, e todos dizem: Nunca
vimos coisa igual! Este milagre
revelou três coisas muito importantes: 1) As doenças das pessoas não são
castigo pelos pecados. 2) Jesus abre um novo caminho para chegar até Deus.
Aquilo que o sistema chamava de impureza já não era empecilho para as pessoas
se aproximarem de Deus. 3) O rosto de Deus revelado através da atitude de Jesus
era diferente do rosto severo do Deus revelado pela atitude dos doutores.
* Isto
lembra a fala de um drogado que se recuperou e agora participa de uma
comunidade em Curitiba, Brasil. Ele disse: “Fui criado na religião católica. Deixei de
participar. Meus pais eram muito praticantes e queriam que nós, os filhos,
fôssemos como eles. A gente era obrigada a ir à igreja sempre, todos os
domingos e festas. E quando não ia, eles diziam: "Deus castiga!” Eu ia a
contragosto, e quando fiquei adulto, fui deixando aos poucos. Eu não gostava do
Deus dos meus pais. Não conseguia entender como Deus, criador do mundo, ficasse
em cima de mim, menino da roça, ameaçando com castigo e inferno. Eu gostava
mais do Deus do meu tio que não pisava na igreja mas que, todos os dias, sem
falta, comprava o dobro de pão, de que ele mesmo precisava, para dar para os
pobres!"
4) Para um
confronto pessoal
1) Você gostou do Deus do tio ou do
Deus dos pais daquele ex-drogado?
2) Qual o rosto de Deus que
transparece para os outros através do meu comportamento?
5) Oração final
O que nós ouvimos, o que
aprendemos, o que nossos pais nos contaram não ocultaremos a seus filhos; mas
vamos contar à geração seguinte as glórias do SENHOR, o seu poder e os prodígios que operou. (Sl 77, 3-4)
Sábado, 19
de janeiro-2019. 1ª SEMANA DO TEMPO COMUM-C. Evangelho do dia- Lectio Divina-
com Frei Carlos Mesters, Carmelita.
Frei
Carlos Mesters, O.Carm
1) Oração
Ó Deus, atendei como pai às preces do vosso povo; dai-nos
a compreensão dos nossos deveres e a força de cumpri-los. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
2) Leitura do
Evangelho (Marcos 2, 13-17)
Naquele tempo, 13Jesus saiu de novo para a beira mar.
Toda a multidão ia a seu encontro, e Jesus os ensinava. 14Enquanto
passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e
disse-lhe: "Segue-me!" Levi se levantou e o seguiu.
15E aconteceu que, estando à mesa na casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores também estavam à mesa com Jesus e seus discípulos. Com efeito, eram muitos os que o seguiam.
15E aconteceu que, estando à mesa na casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores também estavam à mesa com Jesus e seus discípulos. Com efeito, eram muitos os que o seguiam.
16Alguns
doutores da Lei, que eram fariseus, viram que Jesus estava comendo com
pecadores e cobradores de impostos. Então eles perguntaram aos discípulos:
"Por que ele come com cobradores de impostos e pecadores?" 17Tendo ouvido, Jesus respondeu-lhes:
"Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não
vim para chamar justos, mas sim pecadores".
3) Reflexão
* No
evangelho de ontem, vimos o primeiro conflito que surgiu em torno do perdão dos
pecados (Mc 2,1-12). No evangelho de hoje meditamos sobre o segundo conflito
que surgiu quando Jesus sentou à mesa com os pecadores (Mc 2,13-17). Nos anos
70, época em que Marcos escreve, havia nas comunidades um conflito entre
cristãos vindos do paganismo e os que vinham do judaísmo. Os que tinham vindo
do judaísmo tinham dificuldade de entrar na casa dos pagãos convertidos e de
sentar com eles à mesma mesa (cf. At 10,28; 11,3). Descrevendo como Jesus
enfrentou este conflito, Marcos orientava as comunidades na solução do
problema.
* Jesus ensinava, e o povo gostava de
escutá-lo. Jesus torna a sair para
perto do mar. O povo chega e ele começa a ensinar. Transmite a Palavra de Deus.
No evangelho de Marcos, o início da atividade de Jesus é marcado por muito
ensino e muita aceitação por parte do povo (Mc 1,14.21.38-39; 2,2.13), apesar
dos conflitos com as autoridades religiosas. O que será que Jesus ensinava?
Jesus anunciava a Boa Nova de Deus (Mc
1,14). Falava sobre Deus, mas falava dele de um jeito novo, diferente. Falava a
partir da experiência que ele mesmo tinha de Deus e da vida. Jesus vivia em
Deus. Ele deve ter tocado o coração do povo que gostava de ouvi-lo (Mc
1,22.27). Deus, em vez de ser um Juiz severo que de longe ameaçava com castigo
e inferno, tornava-se, de novo, uma presença amiga, uma Boa Notícia para o
povo.
*
Jesus chama um pecador para ser discípulo e o convida para comer em
sua casa. Jesus chama Levi, um publicano, e este, imediatamente, larga tudo
e segue Jesus. Começa a fazer parte do grupo dos discípulos. Em seguida, o
texto diz literalmente: Estando à mesa na sua casa. Alguns entendem a sua
casa, como sendo de Levi. Mas a tradução mais provável é que se trata da casa
do próprio Jesus. É Jesus quem convidou todo mundo para comer na sua casa: pecadores e publicanos, junto com os discípulos.
*
Jesus veio não para os justos mas para os pecadores Este gesto de Jesus provocou a raiva das
autoridades religiosas. Era proibido sentar à mesa com publicanos e pecadores,
pois sentar à mesa com alguém era o mesmo que tratá-lo como irmão! Em vez de
falar diretamente com Jesus, os escribas dos fariseus falam com os discípulos: O
quê! Ele come com pecadores e publicanos? Jesus responde: Não são os que
têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes Eu não vim chamar os
justos mas sim os pecadores! Como anteriormente com os discípulos (Mc
1,38), também agora é a consciência da sua missão que ajuda Jesus a encontrar a
resposta e a indicar o rumo para o anúncio da Boa Nova de Deus.
4) Para um
confronto pessoal
1) Jesus chama um pecador, um
publicano, pessoa odiada pelo povo, para ser seu discípulo. Que mensagem existe
neste gesto de Jesus para nós da Igreja Católica?
2) Jesus diz que ele veio chamar os
pecadores. Existem leis e costumes na nossa igreja que impedem aos pecadores o
acesso a Jesus. Que podemos fazer para mudar tais leis e costumes?
5) Oração final
Digna-te aceitar as
palavras de minha boca, cheguem à tua presença os pensamentos do meu coração. SENHOR,
meu rochedo e meu libertador. (Sl 18, 15)
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