Aparecido
Antunes, sou ex-frade carmelita,
O ano é 2002, decorriam as festividades
dos 750 anos do escapulário, e fui convidado para participar da visita da
Imagem peregrina na cidade de Pouso Alegre, juntamente com outros frades e as
irmãs carmelitas do Divino Coração.
Durante uma semana, visitamos várias
paróquias, escolas e o Carmelo das monjas de clausura, fizemos carretas e
muitas homenagens.
Mas uma visita me marcou muito, foi
quando a Imagem peregrina visitou um hospital público e lá podia se sentir a fé
e o carinho com que as pessoas acolhiam a Mãe de Jesus em suas vidas naquele
momento de dor e sofrimento. Mas um fato faria compreender concretamente o que
é ser Carmelita.
De quarto em quarto, eu e a Ir. Lúcia
levávamos uma pequena imagem de Nossa Senhora. Visitávamos os acamados impondo
o Santo escapulário e levando uma palavra de esperança. Em um desses quartos
vimos uma família conversando e num quanto do quarto uma cama com um senhor
muito idoso, muito debilitado. Fomos até ele e sua aparência não era tranquila
e sim longe e dispersa, mas ao ver a imagem de Nossa Senhora uma força brotou dentro
de seu coração e com dificuldades ele quis pegar a imagem e abraça-la como quem
encontra alguém muito querido.
Perguntamos se ele queria receber o
escapulário, acenou com a cabeça que sim e assim o fizemos. Neste momento a
família se deu conta que estávamos ali, parece que estavam já conversando como
seriam aquelas próximas horas. Então uma moça se aproximou, perguntei se aquele
senhor seria parente dela, ela disse que sim, era tio. E que ele era
padre. Imagine o nosso espanto!
Segundo ela, ele morava num povoado
próximo de Pouso Alegre e que por muito tempo viveu nesse povoadinho isolado e longe da
agitação. E tinha a fama de ser muito duro, rígido, bravo e isso o afastou do
convívio dos padres da região.
Após essa conversa, pedimos ao padre se
ele poderia nos dar uma benção e traçando uma cruz na nossa frente, já com o
olhar radiante. Fomos embora, consternados e pensativos!
Durante a noite, vinha na minha cabeça à
imagem daquele padre, ali não inteiramente só, mas como se aqueles parentes
estivessem ali só para dar sequência nos fatos que poderiam acontecer naquela
noite presentes ali, mas nenhum sinal de afeto, frios. Logo de manhã participei
da missa na capela das monjas, e no final da celebração o padre que presidia
disse que tinha um aviso.
“Nesta
madrugada, faleceu o padre... os mais velhos devem conhecê-lo e sabem do seu
temperamento e de sua rigidez, mas um fato talvez poucos saibam. Quando ainda
era seminarista em Mariana, o diretor espiritual chamou todos os seminaristas
para uma conversa e disse que era importante que seguissem um itinerário
espiritual e sugeriu que todos passassem a seguir aos ensinamentos da Ordem
Terceira de São Domingos, dos Padres Dominicanos. E assim os seminaristas
fizeram, menos um Padre.... Esse teimou com seu diretor espiritual que não
queria ser da Ordem Terceira Dominicana, mas da Ordem Terceira do Carmo. E
assim, a contra gosto do seu diretor espiritual ele se consagram na Ordem
Terceira do Carmo. Assim, um pacto estaria selado, uma aliança duradoura entre
ele e a Irmã dos Carmelita.
Aliança,
que não se rompeu apesar da distancia entre aquele dia e o desta madrugada,
pois antes da aurora da vida nova, Nossa Senhora confirma sua promessa e vem ao
encontro de seu irmão, juntamente com um frade e uma irmã. Tem sinal mais claro
que ser Carmelita é pertencer a uma família?”.
Naquele
momento, entendi o que é Ser Carmelita, é pertencer a uma família, terrena e
Celestial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário