Os leigos carmelitas, impregnados pelo espírito da Ordem,
que é "vacare Deo" (ter tempo para Deus), pretendem viver o carisma
na escuta silenciosa da Palavra, na oração constante na sua vida, deixando-se
entusiasmar pelo Espírito Santo em favor das obras grandiosas, que Deus realiza
e para as quais Deus pede o seu empenho e eficaz contribuição. Para o carmelita
a oração, numa intensidade crescente, torna-se uma atitude mais do que um
exercício; comporta um reconhecimento cada vez mais agudo da presença da mão de
Deus [em toda a obra da criação e na sua própria criação; no seu modo
contemplativo de agir, a oração é muitas vezes modelada pela prática da
presença de Deus numa grande variedade de formas. No Carmelo a oração é
sobretudo um deixar-se amar por Deus]; a procura (de torná-la) não somente
habitual, mas atual, de acolher o [tão grande] amor gratuito de Deus; [um
tomar] a consciência sempre mais profunda da ação de Deus, que pervade toda a
existência pessoal, como Santa Teresa de Lisieux tão fortemente testemunhou.
a) Os sacramentos, especialmente a
Eucaristia, são a vida de Jesus a se difundir nos fiéis, que por meio deles
podem unir-se a Ele[1]. A participação, possivelmente diária, no sacrifício do
altar[2], será assim a sua seiva vital.
b) A Liturgia das Horas[3], ao menos a das Laudes matuti-nas, Vésperas e Completas
(Oração da Noite), seja a expressão eclesial do encontro do Terceiro com Deus.
Os lugares e as di-versas circunstâncias poderão indicar outras formas
eventuais de oração litúrgica.
29
(27). A vida espiritual não se esgota só com a Liturgia. Mesmo que esteja
convocado para a oração em comum, o cristão sempre é obrigado a entrar no seu
quarto para orar ao Pai no segredo[4]. Mais, segundo o ensinamento de Jesus[5], reforçado também pelo Apóstolo[6], o cristão é obrigado a rezar sem cessar[7].
30
(28). Desta maneira os Terceiros reservem cada dia um tempo conveniente para a
oração individual (que é uma relação de íntima amizade, um constante
entreter-se a sós com Aquele que sabemos nos amar[8]) e, segundo a tradição constante do Carmelo, cultivem no
máximo grau a oração nas suas várias formas: a oração mental, a oração de
aspiração, além das eventuais práticas tradicionais[9]. Recomenda-se, de modo particular, a "lectio
divina". Mas, sobretudo, aprendam na sua vida ordinária, a engrandecer com
a Virgem ao Senhor e a exultar em Deus, seu Salvador[10].
31
(29). Na verdade, Maria, enquanto vivia na terra uma vida igual à de todos,
cheia de solicitude pela família e dedicada ao trabalho, estava sempre unida ao
seu Filho e de maneira especial cooperava com a obra do Salvador[11].
Os nossos Terceiros terão o Escapulário
em grande estima, como símbolo do amor maternal de Maria, pelo qual, Ela,
tomando a iniciativa, guarda dentro do seu coração os seus irmãos e irmãs
carmelitas, e assim provoca neles a imitação das suas virtudes preclaras: uma
caridade universal, o amor à oração, a humildade, a pureza, a modéstia[12]. A Ela eles se dirigirão também com um culto particular,
praticando com amor os exercícios de piedade recomendados pela Igreja no
decorrer dos séculos, especialmente a recitação do Rosário[13].
32
(30). A cooperação de Maria continua de modo especial na celebração da
liturgia, que pretende tornar atual para todas as gerações a obra salvífica de
Jesus. Como a Virgem participou ativamente na obra da Redenção, unida a Cristo,
seu Filho, assim Ela continua a mesma obra através da Liturgia, como nosso
modelo, impelindo-nos a celebrar os mistérios de Jesus, imitando as suas
disposições e atitudes; a pôr em prática a Palavra de Deus e meditá-la com
amor; a louvar a Deus com exultação e agradecer-Lhe com alegria; a servir a
Deus e aos próprios irmãos com generosidade, dando até a própria vida por eles;
a rezar ao Senhor confiantemente e com perseverança; a vigiar, aguardando a
Vinda do Senhor[14].
33
(31). Na família, no ambiente de trabalho e de profissão, nas responsabilidades
sociais, que desempenham, nas ações de cada dia, nos relacionamentos com os
outros, os leigos (os terceiros) procurem os vestígios escondidos dos passos de
Deus (nos caminhos da história), reconheçam-nos e façam germinar a semente da
salvação segundo o espírito das Bem-Aventuranças por meio do humilde e
constante exercício daquelas virtudes de probidade, espírito de justiça,
sinceridade, cortesia, fortaleza de ânimo, sem as quais não pode haver
verdadeira vida humana e cristã. "A sua comunhão com Deus e com os outros
em fraternidade dá origem à missão, e a missão se cumpre na comunhão"[15].
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