Que mulher extraordinária! A qual outra mulher a Bíblia
se refere assim?Deus olhou Maria e encontrou graça naquela mulher. Deus
conhecia Maria; conhecia seus pensamentos, seus sentimentos, suas emoções, e
sua fé. Certamente, depois de analisa-la bastante, ele conclui que aquela seria
a mulher ideal para ser a mãe de seu filho – o salvador do mundo. Dentre
milhares de mulheres Deus escolheu Maria. Observando sua atitude diante de
notícia tão maravilhosa quanto estranha, que o anjo lhe trazia, não é difícil
concluir porque ela foi escolhida.
Em Maria podemos encontrar fé e obediência (Lc 1,38). O
anjo lhe anuncia sua gravidez mesmo sem ter conhecido homem algum. E ainda que
o bebê seria o filho de Deus e ela acreditou, sem titubear, sem nenhuma sombra
de dúvida! Diante desta incumbência tão singular, qual foi sua resposta? “Eis
aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua apalavra.” Ela não
questionou nem reclamou. Como mulher, manateve-se em seu lugar, durante as
dúvidas e incertezas de seu companheiro. Seu ser estava tão ligado ao ser de
Deus que a fé sofrida e vivida lhe confirmava a certeza da vitória. E qual foi
o segredo da fortaleza de Maria? O que sustentou em sua maternidade? A fé.
Maria-mulher: Imaculada. Maria-mãe: plena de graça. A imaculada, a plena de
graça, envolta do mistério de Deus. A união íntima com esse Deus e a entrega total no sim da
anunciação foram os impulsos que moveram a atitude interior da virgem-mãe.
O CONCÍLIO Vaticano II Lúmen gentium no cap.VIII, afirmou
que “Maria foi peregrina na fé”. Ao longo de seu itinerário terreno é possível
dizer de sua entrega radical a Deus, embora sendo toda ela fruto da graça, é ao
mesmo tempo obra da sua colaboração livre que presta ao projeto de Deus.
“Assim também a bem aventurada Virgem na peregrinação da fé e manteve fielmente
a sua união com o filho até a cruz, onde por desígnio divino esteve presente
(cf Jô 19,25), sofrendo profundamente com seu unigênito e associando-se com
ânimo materno ao sacrifício dele, amorosamente consentindo na imolação da
vítima por ela gerada.”(Lg 58)
Maria também é vista como modelo de fé da Igreja.
O próprio texto da Lúmen gentium a apresenta como alguém inserido no mistério da Igreja, de que é o membro mais
excelente, é modelo sobretudo pela sua atitude de fé, de esperança e de
caridade. Esta analogia entre Maria e a Igreja ´importante por causa do papel
fundamental que a fé aí desempenha: Maria jamais teria podido tornar-se modelo
da Igreja, a não ser pela fé que a guiou em cada instante da sua vida. Somente
a fé tornou possível a sua maternidade virginal, que nos deu Cristo o
verdadeiro Deus e verdadeiro homem ao mesmo tempo.
Portanto, a fé de Maria foi fé “difícil”. Deus a incumbiu
de uma grande missão. “Nela Deus fez grandes coisas” (cf. Lc 1,49), como também
ela esteve a altura para cumprir tal tarefa.
Sua dificuldade em relação a fé refere-se tanto `a sua maternidade
divina e virginal a um só tempo, quanto a sua capacidade de conviver permanentemente
com o mistério. A fé de Maria estava
sempre provada porque estava disposta a recomeçar, nunca é definitiva. Sendo
assim Maria sempre esteve numa atitude de abandono em face das
imprevisibilidades sempre novas de Deus.
“Maria é a mulher de fé, que reservou um lugar a
Deus no seu coração, nos seus projetos, no seu corpo e na sua experiência de
esposa e de mãe. Ela é a crente capaz de captar, na extraordinária vicissitude
do filho, o advento da “plenitude dos tempos” (Gl4,4) em que Deus, escolhendo
os caminhos simples da existência humana, decidiu comprometer-se pessoalmente
na obra da salvação.
“A fé leva a virgem Santíssima a percorrer veredas
desconhecidas e imprevissíveis, continuando a conservar tudo no seu coração, ou
seja, na intimidade do seu espírito, para corresponder com renovada adesão a
Deus e ao seu desígnio de amor.” (João Paulo II).
Nenhum comentário:
Postar um comentário