Carolina
Farias, do UOL, no Rio
"Minha
missão é libertar os oprimidos das mãos de Satanás". É assim que se
descreve o pastor Marcos Pereira, 56, presidente da igreja Adud (Assembleia de
Deus dos Últimos Dias), preso na última terça-feira (7) sob a suspeita de
estupros, homicídio, associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
O
líder da igreja petencostal que impõe rígidas posturas aos seus fiéis --as mulheres
têm que se vestir com uma túnica, ninguém pode assistir televisão e nem tomar
Coca-Cola, entre outros preceitos-- ficou famoso como mediador de rebeliões de
presos e de livrar condenados do tráfico e das drogas.
Pastor
Marcos começou sua atividade na Assembleia de Deus em 1989 e em 1990 fundou a
Adud. No mesmo ano da fundação da igreja, ganhou destaque quando começou a
trabalhar no Presídio de Segurança Máxima, na Ilha Grande, em Angra dos Reis,
na região dos Lagos. Atualmente, outros três Estados - Paraná, Maranhão e Minas
Gerais - têm igrejas da Adud.
Em
seu perfil na página da igreja, o texto diz que o pastor atua em todas as
penitenciárias do Rio de Janeiro e em outros Estados do Brasil, sendo
responsável por "milhares de ex-detentos totalmente recuperados".
Em
2004, o então governador e hoje deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ)
chamou Pereira para negociar o fim de uma rebelião de presos que já durava dois
dias na Casa de Custódia de Benfica, na zona norte do Rio. Centenas de reféns
foram salvos, afirmou o pastor à época.
A
"caminhada" do pastor até chegar à Adud foi longo. Antes de ser
convertido em uma pregação do pastor Silas Malafaia, que à época pertencia à
igreja Assembleia de Deus, em 1989, ele vivia totalmente nas "noitadas,
bebedeiras e prostituição", como conta em seu perfil no site da
igreja. Em 2010, Malafaia fundou outra
dissidência da Assembleia de Deus, com a denominação Assembleia de Deus Vitória
em Cristo, que nasceu no bairro da Penha, zona norte do Rio.
Hoje, a doutrina da Adud diz que os fiéis não
podem usar preto e vermelho, apontadas como cores para "identificação
satânica", mas o pastor vestiu rubro-negro por muito tempo. Torcedor
fanático do Flamengo antes da conversão, Marcos participava da organizada do
time e dizia que "em seu vocabulário, de dez palavras, nove eram palavrões".
Marcos
é o terceiro filho de uma família de oito irmãos. Ele diz em seu perfil que sua
família era espírita e de classe média. Em seu perfil, ele diz que em 1982 teve
a primeira filha, Nívea, que atualmente também é pastora. Ele também tem outro
filho, Filipe.
Em
sua página do Twitter, seguidores defendem Marcos. Com citações bíblicas, os
fiéis dizem acreditar que o presidente da Adud foi preso injustamente e pedem
orações pela sua libertação. Pastores da Adud também usaram a rede para
manifestar apoio.
"Que caia por terra toda essa
perseguição", diz o bispo Laerte Lafayett, também da Adud. Outro a
defender é o atual pastor e ex-cantor de pagode Waguinho. Ele cita a Bíblia
para defender o líder de sua igreja. "Não prosperará nenhuma arma forjada
contra ti", postou o ex-pagodeiro.
Já
no Facebook, boa parte dos usuários que postaram na página de Marcos pedem
justiça para os crimes de que ele é acusado.
Fonte:
www.uol.com.br
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