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domingo, 27 de novembro de 2011

Pedaços de um Estado: O Grito de Independência de Marechal Deodoro que os Alagoanos não ouviram.

Por Frei Petrônio de Miranda, Padre Carmelita da Ordem do Carmo, São Paulo. Estudante de Jornalismo da Fapcom- Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação.
E-mail: missaodomgabriel@bol.com.br. Site: www.olharjornalistico.com.br
Povoado Capim, Lagoa da Canoa-AL, 10 de outubro-2011.
Convento do Carmo, SP. 15 de novembro-2011.

Saí de São Paulo no dia seis de outubro de 2011 com destino a residência dos meus pais, no agreste do estado de Alagoas, mais precisamente em Lagoa da Canoa, no povoado Capim. Além de poder celebrar com o povo a religiosidade popular através da Novena de Nossa Senhora Aparecida, estou vivenciando suas alegrias e tristezas em um estado marcado pela corrupção, violência e morte de homens e mulheres vítimas de políticas desumanas e de um sistema econômico onde privilegia os grandes fazendeiros, usineiros, empresários e políticos assassinos e corruptos.
Para podermos nos situar na questão econômicame é interessante  lembrar que estou em uma região onde a plantação de fumo ainda continua sendo o principal meio de sobrevivência do povo. No quisito religioso, pertence a Diocese de Penedo e tem  como bispo, Dom Valério, religioso Salesiano. Lagoa da Canoa, uma antiga vila pertencente à Arapiraca tem alguns casos, digamos, “curiosos”. Um ex-padre da cidade, Edenilto, é pai de dois filhos na cidade, um segundo, Antônio Neves, deixou a paróquia e “casou” com a empregada. Na cidade vizinha, Arapiraca, três padres; Edilson Duarte, Monsenhor Raimundo Gomes e Monsenhor Luiz Marques, estão sendo julgados sob acusação de pedofelia, os mesmos foram afastados de suas atividades religiosas pelo bispo diocesano. Apesar da região ser uma área das antigas Missões do famoso Missionário-Capuchinho, Frei Damião, nos últimos meses vive um clíma de escândalos e descrença do povo quanto a vida sacerdotal e a própria religiosidade popular.
Quanto a vida política, a região é profundamente marcada pela corrupção,   violência e morte. A cidade Lagoa da Canoa, minha terra natal, no mês de março de 1998 teve a sua primeira dama,  Maria Goretti Fonseca, assassinada, caso este que continua impune, apesar da grande repercussão na mídia nacional, chegando a ser matéria no antigo programa jornalístico da Rede Globo, “Caso verdade”. Outra história de violência  política aconteceu nove meses depois contra outra mulher, desta vez a vítima foi a Deputada Federal do PSDB, Ceci Cunha, de Arapiraca, assassinada barbaramente no dia 16 de dezembro-1998, também mais um caso que continua impune até esta data.
Com o objetivo de moralizar os bens públicos, uma força-tarefa composta pela Polícia Federal, Controladoria-Geral da União (CGU) e Ministério Público Federal (MPF) deflagrou no dia 30 de março, deste ano, a “Operação Mascotch”, onde prendeu a primeira dama da cidade de Lagoa da Canoa, Fabiana Apóstolo Lima e Deusdete dos Santos, Secretária de Eduçação, sob acusação de desvio de recursos publicos destinados a merenda escolhar. Caso este que causou uma revolta na população, tendo em vista os detalhes do abuso político. Segundo relatórios da Polícia Federal, o dinheiro destinado a compra de merenda escolar era desviado para a compra de ração para cachorro e uíque 12 anos. Na mesma ação, mas 13 cidades foram alvo da Polícia Federal, incluindo a capital do estado, Maceió. São elas;  Girau do Ponciano, Poço das Trincheiras, Estrela de Alagoas, Senador Rui Palmeira, Belo Monte, Maceió, Arapiraca, Limoeiro de Anadia, Jacaré dos Homens, Quebrangulo, Feira Grande e Traipu. A ação resultou em quinze prisões. 
Outra história tipicamente “alagoana” com repercussão nacional através do programa “Fantástico”, da Rede Globo, (Veja vídeo no youtube sobre a cidade de Traipu) aconteceu no dia 20 setembro. Após ser deflagrada a "Operação Tabanga", da Polícia Federal, em parceria com a Controladoria Geral da União (CGU), o Ministério Público Federal, o Ministério Público Estadual (MPE), a Força Nacional e as Polícias Civil e Militar, o atual Prefeito de Traipu, cidade com o segundo pior índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, Marcos Santos, e sua esposa, Juliana Kummer, fugiram de barco nas águas do Rio São Francisco, após terem sidos privilegiados com o vazamento da operação. Segundo o procurador da República, José Godoy Barbosa de Souza, além do afastamento do prefeito, o Ministério Público Federal conseguiu a indisponibilidade dos seus bens, considerado o chefe da quadrilha. São eles; 26 veículos, duas casas, quatro fazendas e 658 cabeças de gado, 19 armas nas casas e fazendas dos acusados. Segundo o superintendente da Polícia Federal em Alagoas, delegado, Amaro Vieira, "80% dessas armas são de grosso calibre o que demonstra o poder de fogo dessa quadrilha".
Se por acaso você está assustado, pegue uma cadeira e sente-se, porque outras histórias, não de Alfred Hitchcock-o famoso mestre de suspense de Hollywood, mas do Estado de Alagoas, ainda estão por vir.  No mês de setembro, a prefeita de Rio Largo, do PT, foi acusada de matar o principal adversário político, dr. Paulo, o qual, sem medo e confiante na verdade, denunciou os desmandos políticos da gestora em uma rádio da rgião. Eu falei PT? Isso mesmo! A “senhora”, Maria da Conceição, era do Partido dos trabalhadores, digo era, porque logo após a história de terror ganhar repercussão na mídia nacianal foi expulsa.
Se a capital do agreste alagoano, Arapiraca, é considerada uma das cidades mais violentas do Brasil, Alagoas não fica atrás após a divulgação de dados da ONU, ao afirmar que o estado é o mais violento do Brasil. Em outras palavras, estou em uma região onde a guerra social e política acontece todos os dias.
Se não bastasse o desmando político, a violência e a corrupção, outro problema massacra o Estado dos “antigos” marajás, bandeira política do então candidato a presidente, Fernando Collor em 2008 e atual Senador da República, um dos principais acionistas do Grupo Arnon de Mello, principal império de comunicação do Estado- que inclui a TV Gazeta, afiliada da Rede Globo, jornais, rádios AM, FM e o Instituto Arnon de Mello,  refiro-me a seca no sertão alagoano e o não abasteciemnto de água para famílias que mendigam um copo de água no agreste, região onde convivo com a angustia do povo a 15 dias. Sim, isso mesmo! Aqui a empresa responsável pelo abastecimento de água,  Casal- Companhia de Abastecimento de Água e Saneamento do Estado de Alagoas,  além de enviar religiosamente todos os meses os boletos para o pagamento-mesmo sem ter água, corta tal benefício, caso o consumidor não pague religiosamente. Segundo alguns dados, a região mais penalizada, Craíbas, no sertão do estado,  já está a 2 meses sem água. E o mais revoltate é que, eleição após eleição, desde o candidato a vereador até o Governador, continuam prometendo o precioso líquido. Até a Presidenta Dilma Rousseff, no dia 25 de julho, esteve em Arapiraca,  lançamento o programa social, “Água Para Todos”. Acredite se quiser, mas água na região significa ouro e a própria sobrevivência. A situação é revoltante, para não usar outra expressão.
Tais dados alarmantes nos leva a perguntar, onde está a coragem e o exemplo do menestral das alagoas, o símbolo da democratização do país, senador, Teotônio Brandão Vilela Filho?. Por que tal espírito cívico e democratico não é seguido pelo seu filho, o atual governador, Teotônio Vilela? E o Grito da Independência do Marecahal Deodoro? Será que os alagoanos não ouviram? Por acaso Alagoas não faz parte do país? E os Movimentos Sociais, qual a missão da sociedade frente tais barbaridades contra a vida? Perguntas são necesárias e respostas devem ser motivo de reflexão a nível regional, estadual e nacioanal. Ficar nessa escuridão significa rasgar a Constituição Federal e se deixar levar pelo medo e o salve-se quem poder. Afinal, estamos no século XXI ou no Brasil colônia?       

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