Um tal de
Lázaro tinha caído de cama. Ele era natural de Betânia, o povoado de Maria e de
sua irmã Marta.
Maria era
aquela que tinha ungido o Senhor com perfume, e que tinha enxugado os pés dele
com os cabelos. Lázaro, que estava doente, era irmão dela. Então as irmãs
mandaram a Jesus um recado que dizia: «Senhor, aquele a quem amas está doente.»
Ouvindo o
recado, Jesus disse: «Essa doença não é para a morte, mas para a glória de
Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela.» Jesus amava Marta,
a irmã dela e Lázaro. Quando ouviu que ele estava doente, ficou ainda dois dias
no lugar onde estava. Só então disse aos discípulos: «Vamos outra vez à
Judéia.» Os discípulos contestaram: «Mestre, agora há pouco os judeus queriam
te apedrejar, e vais de novo para lá?»
Jesus
respondeu: «Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha de dia, não
tropeça, porque vê a luz deste mundo. Mas se alguém caminha de noite, tropeça,
porque nele não há luz.» Disse isso e acrescentou: «O nosso amigo Lázaro
adormeceu. Eu vou acordá-lo.»
Os
discípulos disseram: «Senhor, se ele está dormindo, vai se salvar.» Jesus se
referia à morte de Lázaro, mas os discípulos pensaram que ele estivesse falando
de sono natural.
Então
Jesus falou claramente para eles: «Lázaro está morto. E eu me alegro por não
termos estado lá, para que vocês acreditem. Agora, vamos para a casa dele.»
Então Tomé, chamado Gêmeo, disse aos companheiros: «Vamos nós também para
morrermos com ele.»
Leitura completa do Evangelho de João 11, 1-45. (Correspondente ao 5º Domingo
de Quaresma, ciclo A do Ano Litúrgico). O
comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado
Lázaro, vem para fora!
Nos
primeiros séculos do Cristianismo, o tempo de Quaresma era o tempo para
preparar-se para o Batismo.
Antes de
entrar no evangelho de hoje, nos perguntamos por que este evangelho é lido
neste período de Quaresma.
Lembremos
que no tempo atual também há várias pessoas que se preparam para receber o
Sacramento do Batismo e serem membros da Igreja: discípulos e testemunhos do Amor
incondicional do Pai e todas as pessoas que ainda não sabem da sua
Presença no meio de nós.
Lembremos
os textos do Evangelho de João que foram lidos nos domingos
anteriores.
A
narrativa da mulher de Samaria, que encontra Jesus no poço aonde
ela ia periodicamente para tirar água. O diálogo que se inicia a partir do
momento que Jesus pede-lhe de beber, leva a mulher ao reconhecimento da sua
profunda sede interior. Assim Jesus fez jorrar nela uma fonte da água
Viva que sacia suas necessidades e a transforma num manancial de vida em
abundância.
No
domingo último, meditamos sobre a história do cego de nascença que é
curado por Jesus e recupera a vista. Passa das trevas à luz!
Como discípulo de Jesus, converte-se em testemunho dele como Luz do mundo no
meio de um ambiente que em vários momentos escolhe a obscuridade!
Hoje nos
introduzimos no milagre da Vida que vence a morte. Lázaro, que, junto
com suas duas irmãs, era amigo querido de Jesus, vai morrer. Nele se dará
a manifestação do poder da Vida que triunfa diante da morte, da Palavra que
realiza aquilo que pronuncia.
Penetramos
assim na simbologia da água, da Luz e da Vida. Três signos
fundamentais do Batismo.
A água onde somos submergidos e ressurgimos para a Vida de Deus. Renascimento da água e do Espírito Santo!
A água onde somos submergidos e ressurgimos para a Vida de Deus. Renascimento da água e do Espírito Santo!
A luz que
representa Cristo, como luz do mundo, e nos convida a caminhar a partir desse
momento na luz. Como disse Paulo, deixar as trevas porque somos Filhos da
Luz. A Vida que vence a morte: a vida de Cristo Ressuscitado!
Todos nós
fomos iluminados no Batismo e convidados a ver a realidade como ele a vê. Jesus nos
oferece a verdadeira luz da nossa vida, caminhar na luz, ter vida
em abundância.
Dom
inestimável do Batismo, que sejamos sempre portadores da Luz de Cristo, da sua
vida! Nele cada um de nós se pode se ver refletido.
Neste
domingo a narrativa do capítulo 11 do Evangelho de João apresenta-nos o
vencimento da vida diante da morte. É um texto extenso mas carregado de
sentido. Jesus realiza um milagre: seu amigo Lázaro, que estava
doente, morre e Jesus oferece-lhe de novo a vida.
Um sinal
da Vida que vence a morte, prenúncio da sua ressurreição. Como consequência
deste fato, os judeus e os fariseus, que ao longo de todo o Evangelho desejam
matar Jesus, decidem sua morte. É o último sinal de Jesus, prenúncio de sua
morte. O episódio de Lázaro termina com a menção da Páscoa, de morte
de Jesus no final do capítulo (11,55).
No início
do texto lemos que: “Um tal de Lázaro tinha caído de cama. Ele
era natural de Betânia, o povoado de Maria e de sua irmã Marta.” Mais
adiante dirá que Jesus amava Marta, a irmã dela e Lázaro (11,5). Eles
representam também a humanidade, cada um e cada uma de nós. O Amor de Deus é
incondicional e cheio de misericórdia.
Ao longo
do texto nos identificamos com cada um dos personagens que aparecem. Os
discípulos tentam dissuadir Jesus do seu retorno à Judeia, porque “há
pouco os judeus queriam te apedrejar, e vais de novo para lá?”.
Vemos as
atitudes dos judeus que foram à casa de Maria e Marta para “as
consolar por causa do seu irmão”. Lázaro tinha morrido. Vemos os
diferentes procedimentos de Marta e Maria com Jesus. O
Evangelho nos diz que “quando Marta ouviu que Jesus estava chegando, foi
ao encontro dele. Maria, porém, ficou sentada em casa”.
Marta sai
à procura de Jesus e o encontra no caminho. No diálogo estabelecido, Marta fez
uma manifestação de sua fé em Jesus, que disse: “Eu sou a ressurreição e a
vida. Quem acredita em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e
acredita em mim, não morrerá para sempre.”
Marta
acredita em Jesus e o reconhece como a Ressurreição e a vida! A confissão
de fé de Marta corresponde à dos primeiros cristãos. Alguns biblistas
reconhecem nela a comunidade joanina que se expressa.
“Dito
isso - continua o relato evangélico -, Marta foi chamar sua irmã
Maria.” Falou com ela em voz baixa: “O Mestre está aí, e está
chamando você”. “Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi ao
encontro de Jesus.” Ela o encontra no mesmo lugar onde Marta o havia
encontrado.”
Maria estava “sentada
em casa”, como deve fazer uma mulher que está de luto. Agora ela responde ao
chamado de Jesus e vai ao seu encontro junto com os judeus que
estavam na sua casa e a procuravam consolar. "Quando Jesus viu que Maria e
os judeus que iam com ela estavam chorando se conturba e fica comovido”. Quando
acompanha o grupo até o túmulo, Jesus começa a chorar e suas lágrimas
fazem reconhecer aos outros seu amor por Lázaro e nele por cada um de
nós.
As
atitudes de Jesus expressam de forma muito natural seu amor, seu desejo de
vida, sua dor diante da morte. Ele sofre ao ver-nos na obscuridade, fechados em
nós mesmos, num mundo sem vida, atados como Lázaro pelas trevas
interiores, atitudes que só conduzem à morte!
Uma pedra
fecha a entrada de nossos túmulos! Diante da morte que nos oprime e
escraviza, Jesus reage. Num primeiro momento, pede que seja retirada
a pedra do túmulo para logo “gritar bem forte: Lázaro, vem para
fora!”.
Lázaro,
sai da morte, sai dessa obscuridade sem sentido, que só vos escraviza, e
conhece a luz da vida verdadeira!
Podemos
perguntar-nos qual é a pedra que nos impede de sair, que é preciso tirar e
assim sair da sepultura que aprisiona nossas energias e nos escraviza.
Ressentimentos, agressividades acumuladas, inveja, ciúmes, e tantas outras
coisas que só nos fecham em nós mesmos, transformando-nos como “mortos que
caminham”. Cegos sem rumo, sem destino nem orientação, perdidos e entregues ao
imediato?
Hoje
Jesus dirige-se também a cada um de nós para chamar-nos à Vida, para tirar-nos
da morte, desatar-nos das escravidões, e assim viver livres nele.
Preparando-nos
para viver a Semana Santa junto com ele, somos convidados a sair do
sepulcro e abraçar a Vida! Fonte: www.ihu.unisinos.br
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