A vida espiritual
- ou vida segundo o Espírito - começa com a iniciativa do Pai, que, mediante o
Filho e no Espírito Santo dá a cada homem e a cada mulher sua vida e santidade,
chamando cada um a viver uma misteriosa relação de comunhão com as pessoas da
Santíssima Trindade. Deus vem a procura de cada pessoa, atraindo-a para si
através do seu Filho o Espírito faz com que dirija sua atenção para Ele,
escute a sua voz, acolha a sua Palavra, se abra à sua ação transformadora. A
procura de Deus por parte de um Carmelita Secular e sua obediência ao senhorio
de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma resposta, impulsionada pelo Espírito, à sua
voz no diálogo fraterno que ele estabelece com cada um pelo Verbo que se fez
carne. O caminho de um terceiro começa com o ato de fé que o faz acolher
Jesus e o evento pascal, como o sentido da sua vida e o faz deixar-se conduzir
por Ele, colocando-o no centro de sua própria vida. Assim enraizados no amor
misericordioso de Deus, os Leigos Carmelitas se propõem a subir o Monte
Carmelo, cujo cume é Cristo Jesus.
A subida do Monte
por parte de um leigo, em primeiro lugar, implica em seguir a Cristo com todo o
seu ser e servi- Lo “fielmente com coração puro e total dedicação”. O espírito
de Cristo deveria entranhar sua pessoa a ponto de poder repetir com São Paulo,
“não sou mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”, de forma que todo seu
agir ocorra “sob sua palavra”
Jesus deve
tomar-se progressivamente a Pessoa mais importante da sua existência. Isto
significa uma relação pessoal, calorosa, afetuosa, constante com Jesus. Tal
relação é nutrida pela Eucaristia, vida litúrgica, Sagrada Escritura e pelas
várias formas de oração, induzindo o terceiro a reconhecer Jesus no próximo e
nos eventos quotidianos, levando-o a testemunhal pelas estradas do mundo a
marca indelével de sua presença.
O chamamento do
Pai para o seguimento de Cristo por obra vivificante do Espírito Santo, se
realiza na plena pertença à Igreja. O terceiro recebe o chamado à santidade
pelo sacramento do Batismo que incorpora os seres humanos no Corpo Místico de
Cristo. A sua maior dignidade consiste exatamente no gozo da própria vida
divina e do amor de Deus derramado em seu coração pelo Espírito. Deste
modo em companhia dos demais, segundo a vocação e os dons de cada um, pode contribuir
para a grandiosa obra de edificação do único Corpo de Cristo.
A natureza humana,
débil e limitada, por causa de suas misérias, deixa-se conduzir pela vontade
divina e abraça uma vida de conversão sempre mais profunda envolvendo o ser
humano por toda a vida e em todas as dimensões, a conversão implica um radical
e novo direcionamento a uma progressiva transformação. Guiados pelo Espírito os
terceiros buscam a superação dos obstáculos que encontram nos seus caminhos e
evitam tudo aquilo que possa desviá-los da estrada rumo ao cume. Além disso,
reconhecendo possíveis limitações e resistências, empenham-se em seguir, sem
vacilar e sem desvios, por um caminho gradual rumo aos ideais escolhidos.
A “Subida do
Monte” implica a experiência do deserto, no qual “a chama viva do amor” de Deus
realiza uma transformação que faz com que o Carmelita Secular se desapegue de
tudo, até mesmo da imagem que fez de Deu, purificando-a. Revestindo-se de
Cristo, começa a resplandecer como imagem viva de Cristo, nele transformado em
nova criatura.
Esta transformação
gradual toma o terceiro mais capaz de discernir os sinais dos tempos e a
presença de Deus na história, reforçando em si mesmo o sentido de fraternidade
e conduzindo a um empenho sério e decisivo em favor da transformação do mundo.
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