Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora
Foi nos
meados de outubro de 1717 que três pescadores encontraram, entre suas redes, a
pequena imagem negra da Beatíssima Virgem Maria, que se tornou principal ícone
de devoção sempre crescente do povo brasileiro. Desde o princípio, os moradores
da região costumaram referir-se a ela como Nossa Senhora da Conceição Aparecida
ou simplesmente Nossa Senhora Aparecida.
Ao
correr do tempo, orações, celebrações, escuta da Palavra de Deus, súplicas em
situações de extrema dificuldade se repetiram, subindo a Deus como suave
incenso, resultando em graças alcançadas e milagres verdadeiros. O aumento do
movimento popular gerou sucessivas construções de espaços cada vez mais amplos
para o povo local e peregrinos de várias partes. De uma simples sala na casa de
Felipe Pedroso, da pequena capela no morro dos Coqueiros, edificações sucessivas
foram surgindo até se chegar ao extraordinário Santuário Nacional, o maior do
mundo construído em louvor da Virgem Maria, sagrado solenemente pelo
inesquecível Papa São João Paulo II, no ano de 1980, em sua primeira viagem ao
Brasil.
Ocorrendo
frequentes milagres de Deus por intercessão da Virgem Mãe de Cristo, a devoção
foi se tornando cada vez mais centro de piedade popular, reconhecida repetidas
vezes pelas autoridades eclesiais, configurando-se como autêntico e forte
elemento evangelizador e santificador.
Para
isso, contribuiu a iniciativa pioneira de Dom Silvério Gomes Pimenta, o
primeiro bispo negro do Brasil, Bispo e posteriormente Arcebispo de Mariana, em
Minas Gerais, que em 1893 trouxe para a cidade de Juiz de Fora, hoje sede de
nossa Arquidiocese, a Congregação dos Padres Redentoristas. Tal iniciativa foi
secundada pelo Bispo de São Paulo, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque
Cavalcanti que, no ano seguinte, conseguiu na Baviera, a vinda de Redentoristas
para a sua diocese, colocando-os em Aparecida, ampliando assim o trabalho
catequético, evangelizador e missionário, além da assistência cotidiana dos
Sacramentos. Concretiza-se assim o ideal do fundador, Santo Afonso Maria de
Ligorio, que era de evangelizar os abandonados.
Como já
referido em outro artigo de nossa autoria, não há dúvidas que o maior de todos
os milagres acontecidos em Aparecida tem sido a inexplicável força deste
singelo símbolo. Uma imagenzinha de 36 centímetros, de terra-cota, já
considerada desprezível, atirada em dois pedaços no fundo de um rio, apanhada
por humildes pescadores, vem arrastando crescentes romarias, chegando hoje a
multidões incalculáveis que buscam o Senhor, na casa de Maria. A IX Romaria do
Terço dos Homens, a acontecer no próximo sábado, 18 de fevereiro, já conta com
inscrição de mais de 70 mil pessoas. A devoção a Maria foi sempre cristológica,
sabendo-se que quem busca Maria, a busca por ser mãe de Jesus, o Divino
Salvador, tendo profundo sentido bíblico.
Diz
Moisés Alves dos Santos, comentarista das agendas da editora Ave Maria, falando
das experiências de fé em Aparecida: A “aparição” de Maria em terras
brasileiras é simples... O extraordinário é que se tornou essa experiência
fundante: quantas conversões, quantas promessas, quantas curas! ... É próprio de
Deus atuar a partir de uma experiência simples. Foi assim que Abraão foi
chamado para ser pai de uma grande multidão, após uma simples experiência com o
céu estrelado. Foi assim também que Jeremias aderiu à sua missão, após ter a
visão de uma “panela fervendo”. (Agenda Ave Maria, 2017, 12 de outubro).
Podemos
acrescentar à reflexão as contínuas atitudes de Jesus, que empregava elementos
muito simples para suas pregações, a fim de comunicar verdades de grande
profundidade. Assim foi com a semente de mostarda, com um pouco de lama feita
com a sua saliva e um pouco de terra para curar o cego de nascença, e o pão, o
mais comum dos alimentos, para instituir o mais sublime dos Sacramentos que é a
Sagrada Eucaristia.
Os
elementos materiais, tão pequenos a aparentemente insignificantes, tornam-se
pela forma simbólica, a causa de coisas imensamente maiores, sobrenaturais,
transformadoras, edificadoras, força e intermediação da Salvação. Só Deus pode
fazer isto!
Maria,
a humilde serva, jovenzinha de Nazaré, foi escolhida pela iniciativa divina
para ser o canal intermediador da Salvação, sendo mãe do Filho de Deus
encarnado. Sua singela súplica nas Bodas de Caná resultou no primeiro milagre
de Cristo, o início de sua vida pública, segundo o evangelho de São João.
A ação
de Maria, pelo divino desígnio dos mistérios de Deus, prossegue realizando a
obra misericordiosa do Pai, que após 300 anos, vem atraindo e acolhendo o povo
fiel do Brasil, na conta de seus filhos queridos. Fonte: http://www.cnbb.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário