36 - Os leigos Carmelitas seguem uma
intensa vida de oração, centrada no diálogo pessoal, com o Senhor, verdadeiro
amigo da humanidade. Como diz Sta. Teresa de Jesus: “A oração nada mais é do
que uma relação íntima de amizade...com Aquele que nos ama”. A oração pessoal e
comunitária, litúrgica e informal constituiu o tecido da relação pessoal com
Deus-Trindade, que anima inteiramente a existência do leigo Carmelita. Na oração
“o essencial não consiste tanto no muito pensar, mas antes no muito amar”; e
então, mais do que um exercício, trata-se de uma postura, que implica o
reconhecimento da mão de Deus, a disponibilidade de acolher o amor gratuito
como dom, não só habitual mas atual , implica uma consciência sempre mais
profunda da ação de Deus que permeia toda a existência humana, como testemunha
Santa Teresa do Menino Jesus. “A oração é vida e não um oásis no deserto da
vida”, dizia o B. Tito Brandsma. João
Paulo II confirma dizendo que, no Carmelo “a oração se toma vida e a vida
floresce em oração”.
37 - A vida sacramental centrada na
Eucaristia constituiu a fonte da vida espiritual. O leigos Carmelitas são chamados a uma
intensa frequência aos sacramentos: segundo as possibilidades, aproximem-se
diariamente do sacrifício do altar e do banquete da vida, no qual a Igreja
encontra a sua inteira riqueza, “ou seja o próprio Cristo, nossa Páscoa e Pão
vivo” recebam regularmente o perdão dos pecados e a graça para continuar o caminho;
se casados, vivam com intensidade e novidade cristã a própria vocação à
santidade matrimonial.
38 - A Liturgia das Horas constitui o
apelo diário à graça que brota da Eucaristia e alimenta o autêntico encontro
com Deus. Os leigos Carmelitas podem, segundo as suas condições, celebrar pelo
menos Laudes, Vésperas e Completas. Lugares e circunstâncias concretas poderão
indicar outras eventuais formas de oração litúrgica. Inspirados por Maria, os
leigos Carmelitas desejam tomar atual a obra salvífica de Jesus no espaço e no
tempo, também através da celebração dos mistérios divinos. Maria convida-nos a celebrar a liturgia com
disposições e posturas iguais às suas: pôr em prática a Palavra de Deus e
meditá-la com amor, louvar a Deus com entusiasmo e agradecer-lhe com alegria,
servir a Ele e aos irmãos com generosidade ao ponto de dar a própria vida por
eles, orar ao Senhor com fé e perseverança, esperar vigilantes a Sua vinda.
39-. A vida espiritual não se esgota
apenas na liturgia. Muito embora chamado à oração comunitária, o cristão deve
sempre entrar em seu quarto para rezar ao Pai em segredo; aliás, segundo o
ensinamento de Cristo reforçado pelo Apóstolo, deve orar incessantemente. Os
leigos Carmelitas, segundo a permanente tradição do Carmelo cultivam em grau
máximo a oração em suas várias formas.
Devem conceder uma especial atenção à escuta orante e obediente da
Palavra de Deus: a “Lectio divina” envolve e transforma toda a existência do
homem de fé. Também tiveram sempre um grande espaço na tradição Carmelita, a
oração mental, o exercício da presença de Deus, a oração aspirativa, a oração
silenciosa e outras eventuais práticas devocionais.
40 - Os leigos Carmelitas trazem com
grande veneração o Santo Escapulário, símbolo da caridade maternal de Maria,
que, tomando a iniciativa, guarda os irmãos e irmãs Carmelitas no coração e
desperta neles o desejo de imitar as suas virtudes: caridade universal, amor à
oração, humildade, pureza, modéstia. Quem usa o Escapulário é chamado a
revestir-se interiormente de Cristo, para manifestar em sua vida a presença
salvífica em favor da Igreja e da humanidade. O Escapulário, além de recordar a
proteção que Maria nos concede ao longo de toda a existência, e também no
trânsito definitivo até a plenitude na glória, recorda-nos que a devoção
Mariana, mais do que um conjunto de práticas piedosas, é um verdadeiro “hábito,
ou seja, uma orientação permanente da própria conduta cristã”.
41 - Reunidos por Maria, como os
discípulos no Cenáculo, os leigos Carmelitas encontram-se também para louvar a
Deus nos mistérios da vida do Senhor e da própria Virgem Maria: a prática
piedosa do Santo Rosário, pode tornar-se uma fonte inexaurível de verdadeira
espiritualidade para alimento da vida quotidiana.
*Da
Regra da Ordem Terceira do Carmo.
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