Por Tintoretto, atualmente no Museu
Hermitage, em São Petersburgo.
Terminou para Isabel o tempo de
gravidez, e ela deu à luz um filho. Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o
Senhor tinha sido bom para Isabel, e se alegraram com ela. No oitavo dia, foram
circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. A mãe,
porém, disse: “Não! Ele vai se chamar João.” Os outros disseram: “Você não tem
nenhum parente com esse nome!”
Então fizeram sinais ao pai, perguntando
como ele queria que o menino se chamasse. Zacarias pediu uma tabuinha, e
escreveu: “O nome dele é João.”
E todos ficaram admirados. No mesmo
instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a
louvar a Deus. Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia se espalhou por
toda a região montanhosa da Judéia. E todos os que ouviam a notícia, ficavam
pensando: “O que será que esse menino vai ser?” De fato, a mão do Senhor estava
com ele.
O menino ia crescendo, e ficando forte
de espírito. João viveu no deserto, até o dia em que se manifestou a Israel.
(Correspondente
a Segunda 24 de Junho - Festa do
Nascimento de São João Batista do Ano Litúrgico).
O
nome dele é João
Neste domingo celebramos uma festa muito
conhecida: o Nascimento de São João Batista. Se procurarmos nos evangelhos
dados sobre João Batista, encontraremos alguns poucos. A Igreja nos oferece
hoje um trecho do Evangelho de Lucas para meditar.
Façamos um breve percurso pelos
primeiros capítulos deste evangelho. Nos primeiros versículos do capítulo
primeiro, o evangelista apresenta seu texto dirigido a seu amigo Teófilo “a fim
de que possas verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste” (Lc 1,4).
Dois anúncios, a Zacarias e a Maria, dois nascimentos, duas circuncisões e as
primeiras palavras de Jesus no templo constituem a grandes pincelas o conteúdo
geral dos dois primeiros capítulos. Eles manifestam um espírito lucano no
sentido da alegria e da festa.
O texto que a liturgia nos oferece hoje
é o fim da época da gravidez para Isabel e o momento de dar a luz. Os vizinhos
ficam alegres porque o Senhor foi bom com ela. Lembremos que ela era estéril e
que Zacarias tinha idade avançada. Por isso não podiam ter filhos. Mas o Senhor
falou para Zacarias no templo e anunciou-lhe o nascimento de seu filho.
A partir desse momento ele permaneceu
mudo por não ter acreditado nas palavras do anjo do Senhor. No texto que a
liturgia nos apresenta hoje ele recupera sua capacidade de fala na hora da
circuncisão do menino. O nome que a mãe e o pai colocam para ele é João. Os que
estão ao lado deles não podem entender por que esse nome, visto que em sua
família não há ninguém que o tenha.
Escutemos brevemente este trecho: A mãe,
porém, disse: “Não! Ele vai se chamar João”. Os outros disseram: “Você não tem
nenhum parente com esse nome!” Então fizeram sinais ao pai, perguntando como
ele queria que o menino se chamasse. Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu:
“O nome dele é João”. E todos ficaram admirados.
Zacarias consegue soltar sua língua com
essa primeira frase ao momento de circuncidar o menino. João significa: “Deus
se mostrou misericordioso”. O menino é um dom gratuito de Deus que não está
condicionado por parâmetros humanos. João pertence desde o início a Deus, e
anunciara sua vinda como caminho a seguir, como convite para todos e todas para
acolher o Messias.
Hoje ao nosso redor há pessoas
silenciadas que ficam mudas porque ninguém tem interesse em escutar suas
palavras, os/as outros/as não querem saber que Deus é misericordioso, que
preferem acreditar em milagres passageiros, mas não num Deus que compromete sua
vida toda como aconteceu com Zacarias.
João é o último dos profetas e quem
prepara o caminho para Jesus. Suas palavras fazem tremer as seguranças de uma
religião que fazia dormir o povo. Ele é o resumo do Antigo Testamento, ele fez
que o povo expressasse seus desejos de salvação. Aquilo que estava no coração
de sua história se abra para o futuro e a religião não fique adormecida por
trás de uma fé falsa. Sua palavra é cortante, “afilada com espada” e incômoda
para quem não quer saber de Deus na sua vida.
Assim acontece hoje com tantos profetas
que são silenciados ao nosso redor porque eles falam com verdade, porque eles
denunciam aquilo que está oprimindo as pessoas. Conhecemos a história da Irmã
Dorothy Mae Stang assassinada sete anos atrás e as pessoas que hoje sofrem de
persecução porque denunciam os que tentam roubar a vida dos pobres e aflitos.
Dom Erwin Kräutler é uma dessas pessoas que
são perseguidas. Na homilia da Irmã Dorothy o ano passado, falava sobre a
necessidade de “ser uma Igreja engajada na construção do Reino de Deus, uma
Igreja samaritana que abre seu coração aos que sofrem, mas também uma Igreja
profética que denuncia com vigor as agressões e o desrespeito à dignidade e aos
direitos humanos e se opõe a projetos e programas que destroem o lar que Deus
criou para todos os povos” [1].
Cada um/a de nós pode se perguntar de
que forma pode ser profeta no lugar onde mora, na sua cidade, no seu pequeno
lar. O amor gratuito de Deus nos da a força necessária em qualquer momento e
circunstância para que isso seja levado adiante.
As
sem-razões do amor
Carlos
Drumond de Andrade
Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
E nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
E com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
É semeado no vento,
Na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
E a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
Bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
Não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
Feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
E da morte vencedor,
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor.
Fonte:
http://www.ihu.unisinos.br
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