A leitura que a Igreja propõe neste
domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 4, 35-41 que corresponde
ao 12° Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol
José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis
o texto
“Por
que sois tão covardes? Ainda não tendes fé?”. Estas duas perguntas que Jesus
dirige aos Seus discípulos não são, para o evangelista Marcos, um episódio do
passado. São as perguntas que hão de escutar os seguidores de Jesus no meio das
suas crises. As perguntas que temos de fazer também hoje: Onde está a raiz da
nossa covardia? Por que temos medo ante o futuro? É por que nos falta fé em
Jesus Cristo?
O relato é breve. Tudo começa com uma
ordem de Jesus: “Vamos à outra margem”. Os discípulos sabem que na outra margem
do lago Tiberíades está o território pagão da Decápolis. Um país diferente e
estranho. Uma cultura hostil à sua religião e crenças.
De repente levanta-se uma forte
tempestade, metáfora gráfica do que ocorre no grupo de discípulos. O vento de
furação, as ondas que batem contra a barca, a água que começa a invadir tudo
expressam bem a situação: Que poderão os seguidores de Jesus ante a hostilidade
do mundo pagão? Não só está em perigo a sua missão, mas inclusive a
sobrevivência do grupo.
Despertado pelos Seus discípulos, Jesus
intervém, o vento cessa e sobre o lago vem uma grande calma. O surpreendente é
que os discípulos “ficam espantados”. Antes tinham medo da tempestade. Agora
parecem temer a Jesus. No entanto, algo decisivo se produziu neles: recorreram
a Jesus; puderam experimentar Nele uma força salvadora que não conheciam;
começam a perguntar-se pela Sua identidade. Começam a intuir que com Ele tudo é
possível.
O cristianismo encontra-se hoje no meio
de uma “forte tempestade” e o medo começa a apoderar-se de nós. Não nos
atrevemos a passar à “outra margem”.
A cultura moderna resulta-nos um país
estranho e hostil. O futuro dá-nos medo. A criatividade parece proibida. Alguns
acham mais seguro olhar para trás para melhor ir adiante.
Jesus pode-nos surpreender a todos. O
Ressuscitado tem força para iniciar uma fase nova na história do cristianismo.
Apenas se nos pede fé. Uma fé que nos liberta de tanto medo e covardia, e nos
compromete a caminhar nas marcas de Jesus.
Fonte:
http://www.ihu.unisinos.br
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