ORDEM
TERCEIRA DE VICENTE DE CARVALHO/RJ.
Dia de Espiritualidade Carmelitana. 09 de maio
-2015.
Com Frei Petrônio de Miranda, O.Carm
(E-mail do Frei: missaodomgabriel@bol.com.br)
Carmelo:
Crescer na Fraternidade.
No âmbito do Carmelo
salientemos a ênfase sempre mais crescente sobre o valor teológico da
fraternidade. A fraternidade
vem sendo entendida, cada vez mais, como o leito e o núcleo do carisma
carmelita.
Chamados a viver vida de
fraternidade, precisamos lutar para que a Ordem Terceira do Carmo seja prova
concreta de que a fraternidade é possível. Fraternidade, que nasça da escuta e
da meditação da Boa Nova e que leve a
tornar mais humana à vida, a unir as pessoas, apesar de certas
divergências, conseguindo ser assim uma presença do Evangelho. E é desta
maneira que a nossa Ordem Terceira do Carmo se transforma em sinal de
esperança, que fazem os pobres dizer a nosso respeito o que a viúva de Sarepta
dizia ao Profeta Elias: “Agora sei que és um homem de Deus e que a Palavra de
Deus está realmente sobre a tua boca” (1Rs 17,24).
Na Igreja fomos gerados como Família Carmelitana pelo
Espírito Santo, mediante a experiência de um grupo de penitentes, peregrinos, eremitas, no contexto do grande movimento
europeu, medieval, para recuperação da Terra do Senhor.
O Espírito de Vida nos tornou
fecundos quanto aos valores fundamentais da fraternidade evangélica: escuta e anúncio da Palavra, oração
assídua, comunhão de bens, reconciliação fraternal, serviço recíproco e aos
pobres, luta espiritual e empenho de libertação dos oprimidos, discernimento,
solidariedade com todos os homens, esperança operante.
A atitude contemplativa para com o mundo em volta de nós,
que nos faz descobrir Deus presente nas nossas experiências cotidianas, leva‑nos a encontrá‑Lo especialmente nos
nossos irmãos. Desta maneira somos guiados a valorizar o mistério das
pessoas que estão próximas de nós e com as quais compartilhamos a nossa vida.
A nossa Regra nos quer irmãos fundamentalmente e nos
recorda como a qualidade dos relacionamentos e relações interpessoais, que
caracterizam a vida da comunidade do Carmelo, deve desenvolver‑se segundo o
exemplo inspirador da primitiva comunidade de Jerusalém. Ser irmãos significa
para nós crescer na comunhão e na unidade, na superação das distinções e
privilégios, na participação e na corresponsabilidade, na partilha dos bens, do
projeto comum de vida e dos carismas pessoais; significa, também, atenção ao bem‑estar
espiritual e psicológico das pessoas, percorrendo os caminhos do diálogo e da
reconciliação. Estes valores da
fraternidade se exprimem e encontram a sua força na Palavra, na Eucaristia e na
Oração.
Na Palavra ouvida, rezada e vivida no silêncio, na
solidão e em comunidade), especialmente na forma da "lectio divina",
cada dia os Carmelitas são levados ao conhecimento e experiência do mistério de
Jesus Cristo. Animados pelo Espírito e radicados em Cristo Jesus, nEle
permanecendo dia e noite, eles inspiram na Palavra de Jesus todas as suas
opções e o seu agir.
Os irmãos, inspirados pela Palavra e em comunhão com toda
a Igreja, celebram juntos os louvores do Senhor e convidam outros a compartilhar da sua experiência de oração.
Para Frei Tito Brandsma, Carmelita, Jornalista e Mártir
da Segunda Guerra Mundial (*1881 + 1942), era muito forte a vivência da
fraternidade, quer no âmbito interno da Comunidade, quer no âmbito externo de
suas relações apostólico-profissionais. Afirmava que, para ele, a vida comunitária
era indispensável a fim de restaurar as forças para os diversos compromissos.
Na comunidade revelava-se cheio de ânimo, acolhimento bondade, solidariedade.
Era bastante leal e pronto a reconhecer os próprios limites e também os valores
da tradição, tanto junto aos co-irmãos, como junto às demais categorias de sua
convivência (judeus, protestantes, ateus, imigrantes).
Era um homem sem fronteiras e sem defesas, porém audaz,
perseguindo sempre as vias da reconciliação com todos. Pelo fato de viver pacificado
por Deus interiormente, não tinha medo de abrir a porta do próprio coração e da
própria casa que se tornou um lugar comum de encontros fraternos. “O amor ganhará o coração dos pagãos”,
afirmava, acrescentando que como assim se dizia dos primeiros cristãos, também
se deveria dizer novamente dos cristãos de seu tempo. Seu amor fraterno o faz superar toda barreira de religião, de
partido, de nação. Todos para ele eram considerados companheiros e irmãos.
Vida Comunitária e
Oração.
Na primitiva comunidade
cristã, a oração em comum era um distintivo específico. O livro dos Atos é um
testemunho eloquente do espírito dessas comunidades. "Eram constantes em
escutar o ensinamento dos apóstolos e na comunidade de vida, no partir do pão e
nas orações”... (Atos, 2, 42-47).
É claro supor que ao
costume judaico de escutar a palavra de Deus e de cantar salmos, acrescentavam
a nova modalidade cristã de celebrar juntos a eucaristia. Com certeza os
primeiros cristãos, doutrinados pelos apóstolos, tiveram em conta a insistência
de Jesus no sentido de que vivessem unidos em um só coração e uma só alma.
Recordariam também a forma de orar que o Mestre ensinara aos seus discípulos. O Pai Nosso é uma prece claramente
comunitária. Não podiam referir-se a Deus no singular, mas tão só em grupo, no
plural.
Aparece evidente que os primeiros cristãos
tiveram o costume de orar e de juntar-se para falar de Deus e para falar com
Deus, na referência que Paulo faz aos Romanos, quando, escrevendo de Corinto,
lhes anuncia o desejo de visitá-los: "Desejo ver-vos para comunicar-vos
algum dom espiritual, para confirmar-vos, ou melhor, para consolar-me convosco
e pela mútua comunicação de nossa fé comum" (Rom. 1, 11-12). Este renascer
da oração comunitária surge paralelamente ao movimento de revalorização das
comunidades em si mesmas e em todos os níveis. O Concílio Vaticano II é
consciente disso e assim testemunha: A vida pessoal é incompleta sem a relação
interpessoal: "O homem é, com efeito, um ser social e não pode viver nem
realizar suas atividades sem relacionar-se com os demais" (G.S. 12). Isto
mesmo deve afirmar-se a respeito da oração.
Os
bispos da América Latina, por sua vez, o asseveram explicitamente: "Além
de buscar a oração íntima tende-se de modo especial para a oração comunitária,
com comunicação da experiência de fé, com discernimento sobre a realidade,
orando juntamente com o Povo (Puebla, 727).
Para meditação individual.
Texto Bíblico. (Atos dos Apóstolos. 4, 32-37).
1º- Somos da Ordem Terceira do Carmo ou um grupo de
amigos?
2º- A nossa fraternidade carmelitana tem um olhar para o
sofrimento do próximo ou para nós mesmos?
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