Eu achei tudo aquilo muito curioso, pois
jamais esperava ver tanta gente de tantos lugares do mundo para um evento
religioso, muito menos tantos jovens! Francisco mostrava a sua força em seu
primeiro grande evento após sua posse...
E em meio a toda aquela efervescência o
Papa chegou ao Brasil impressionando a todos pela simplicidade logo ao chegar,
sem pompa e circunstância, embarcou em carro simples, sem ar condicionado sem
luxo e com o vidro baixado e, de forma incansável, para um senhor de sua idade,
saíu a saudar os fiéis pelas ruas do Rio de Janeiro. Uma pequena observação a
titulo de comparação, vocês já prestaram atenção nos carros, nos luxos e nas
comitivas de alguns Bispos e autoridades eclesiásticas desse nosso país?
Mas enfim, depois de alguns dias o Papa
Francisco foi para o seu primeiro evento na praia, ele chegaria ao forte de
Copacabana, bem pertinho de casa, aí não tinha jeito e nem desculpa, eu teria
que ir vê-lo, primeiro para atender a um pedido da minha mãe, e segundo - por
mais que eu evitasse confessar que iria ver o papa para meus amigos, que não
gostam nada, nada, desse “movimento” religioso de massas - eu queria muito ver
quem era aquele homem que desde a sua posse me surpreendia a cada dia de uma
forma extremamente positiva, como nunca imaginei que um líder católico pudesse
me impressionar.
E no sábado à tarde ele desceu de
helicóptero no Forte de Copacabana, subiu no “papamóvel” e saiu ao encontro dos
fiéis. Depois de uns 10 minutos ele
passou por onde eu estava e parou bem em frente a mim, pois lá havia uma
menina, a Isadora, no colo da mãe e, ele a pegou em seus braços. Quando
devolveu a criança foi muito interessante à reação de todas aquelas pessoas na
volta, todos choravam emocionados, mas eu só conseguia pensar na sensação que
tive ao ver aquele homem de branco e sapato negro (pois ele se recusa a usar o
sapato dos papas) que parou ali, bem pertinho de mim, sorrido e acenando. Uma
coisa é certa, o Papa Francisco irradia luz e paz.
Voltei para casa com a sensação de que
eu havia visto um ser humano diferente de todos...
Mas nesta época também tive o privilégio
de estar morando no Rio durante as manifestações de junho. Aquela cidade pulsou
com muita força, foram dias lindos e pacíficos de manifestações, antes da
violência, infelizmente, acabar com o movimento.
E foi durante estes dias, de pura
efervescida e exercício da cidadania, quando o cidadão comum se apropriou da
política.
- Envolver-se na política é um obrigação
para um cristão, nós, os cristão, não podemos nos fazer de Pilatos, e lavar as
mãos, não podemos! Temos que nos meter na política, porque a política é uma das
formas mais altas de caridade, porque busca o bem comum. Os leigos cristãos
devem trabalhar na política. A política está muito suja e eu pergunto: “está
suja por que”? Por que os cristãos não se metem nela com o espírito evangélico?
É a pergunta que eu faço. É fácil dizer que a culpa é dos outros... Mas eu, o
que faço? Isso é um dever! Trabalhar para o bem comum é o dever de um Cristão.
Eu me senti extremamente reconfortada ao
ouvir estas palavras do Papa, pois ele conclamava os cristãos a participar da
vida política de seu país. Mas é importante não confundir política com política
partidária. O que o papa se referiu foi: que é importante que o cristão se
envolva nos problemas cotidianos, sejam eles de qualquer esfera que for,
buscando a justiça para todos e, que lutem em prol do bem comum, pois não
haverá bem comum se não houver justiça.
A política é a grande arte onde se
estabelecem os limites de convivência em sociedade. A política exige que cada
um assuma a sua responsabilidade, responsabilidade que é de cada um, em um
mundo que é nosso, onde o que deve prevalecer é a ética nas relações.
É dever do Cristão, segundo o Papa, se
meter e fazer política, se envolver onde não há justiça onde há “sujeira” e
jamais lavar as mãos, como fez Pilatos.
E o povo de Adamantina, de uma forma,
que confesso me surpreendeu imensamente, está lutando, não apenas por um padre,
mas por sua gente. Talvez muitos ainda não se deram conta que o padre é um
“tema gerador” disso tudo, mas há uma questão maior que é, o que queremos para
nós enquanto sociedade, que mundo coletivo queremos construir?
Vejo pessoas dizendo, esta energia
deveria ser canalizada para problemas na cidade como postos de saúde, ruas
entre tantos problemas que Adamantina pode estar vivendo, mas acredito que uma
cidade tradicionalmente letárgica e de fama de elitista, conseguiu quebrar a
inércia e colocou suas palavras para andar, minha gente, isso é um começo. O
povo de Adamantina se apropriou da política, está fazendo política como
conclamou o Papa Francisco e, meus caros, isso não é tão simples e fácil quanto
parece.
O padre foi injuriado e teve todas as
afrontas acolhidas por um Bispo que se fez de Pilatos, lavou as suas mãos,
infelizmente o Bispo não fez seu papel de Cristão. Ele não lutou pelo bem
comum. Mas este caso tem um agravante, pois ele transcende a figura de um
padre, pois é também um problema cotidiano de todos os negros e pobres que
sofrem cotidianamente em seu corpo e alma a soberba de outro ser, que por
incrível que pareça não se dá conta que em essência todos somos iguais.
O Bispo perdeu a chance de ensinar seu
rebanho, educar com base no amar e respeito a cada ser humano em suas
diferenças.
Ontem aconteceram cenas “lamentáveis”
durante uma missa, eu não sou a melhor pessoa para comentar o que é devido ou
indevido de ser feito na casa do senhor. Os fins jamais justificarão os meios,
jamais! Mas eu gostaria de fazer uma ponderação, pois pedras são atiradas de
todos os lados e ninguém melhor para dizer o que aconteceu na Matriz na noite
de domingo do que quem estava lá.
Mas se o rebanho se perde, é culpa do
pastor que não soube conduzi-lo e mesmo se não há culpa do pastor este deve ter
a habilidade de saber acalmar o rebanho e conduzi-lo novamente para o seu
caminho, pois então, ontem o pastor “supremo” da região, o Bispo, teve todas as
oportunidades desse mundo de apaziguar todos os cristãos que estavam lá para
ouvi-lo, mas infelizmente, ele novamente lavou as suas mãos. Não disse uma
palavra sequer. Estava sentado em um barril de pólvora e não teve a
sensibilidade de cortar o fio, muito pelo contrário, seu silêncio acendeu o
pavio e a bomba explodiu.
Talvez o Bispo esteja acostumado com a
dura hierarquia da Igreja, onde a palavra de superiores é lei e não é
contestada, mas no século XXI fiéis não são mais os mesmos de quando a Igreja
Católica determinava o que deveria ser feito, hoje católicos pelo mundo não
questionam Deus, mas questionam os homens a serviço de Deus.
O papa Francisco é o maior exemplo
disso, está fazendo uma faxina no Vaticano, limpando tudo o que muitas
autoridades eclesiásticas sujaram e varreram para debaixo do tapete. O Católico
hoje se inspira no Papa Francisco e tem a ele como exemplo e isso tem
dificultado a vida de muitos padres, bispos e arcebispos que atuavam e atuam de
uma forma um tanto quanto distante dos ensinamentos de Jesus.
É muito fácil condenar as pessoas que
estavam na igreja que extrapolaram os limites do bom senso, mas pergunto, o que
deve ser feito quando se media um conflito? Faz parte do meu trabalho
profissional atuar como mediadora de conflitos ambientais, onde grandes
empresas que causam impactos socioambientais, socioculturais e socioeconômico
precisam negociar com pescadores, agricultores, ou seja, com gente comum. E o
que deve ser feito quando se media um conflito? Abrir todos os canais de
diálogo, instituir espaços onde todos conversem em busca de um consenso. E o
que foi feito neste caso? O Bispo se manteve irredutível, em silêncio, não fez
seu papel de mediador, não explicou sua decisão, não ouviu a todos e pior,
apenas emitiu notas vazias e desprovidas da realidade. E meus caros, isso
provocou o caos na Igreja no domingo da crisma.
Ontem li no jornal folha de São Paulo
que a Pastoral de Adamantina se reuniu na sexta feira dia 05 de dezembro pela
manhã com o Bispo e sugeriu que ele esperasse um ano para transferir o Padre,
para evitar problemas e traumas maiores, o Bispo fez ouvidos moucos e na sexta
à tarde lançou a nota de transferência. O Bispo foi de uma insensatez e
presunção da verdade mordaz! Foi alertado pela Pastoral, mas simplesmente
ignorou os avisos. Quer coisa mais sensata do que a Proposta da Pastoral? Se o
conteúdo desta reportagem da Folha de São Paulo for verdadeiro, o Bispo
infelizmente agiu movido pela soberba, nada, além disso.
Se há um responsável, em minha opinião,
pelos lamentáveis acontecimentos na Igreja Matriz de Adamantina, este
responsável é o senhor Bispo. Ele teve a chance de apaziguar todos aqueles
corações e se calou, novamente, lavou as mãos, não fez política para o bem
comum.
Meus caros, o povo de Adamantina não se
apequenou, muito pelo contrário, se agigantou diante de um cenário tão vil e
mesquinho e se apropriou de sua história, fez e está fazendo política, para o
bem comum. Eu, como Adamantinense, me sito extremamente orgulhosa do povo dessa
terra, orgulhosa! Se o padre for embora, espero que não vá, mas se for, tenho
certeza que irá feliz, pois ele foi acolhido e certamente levará todo este amor
com ele e, minha gente, neste mundo, tesouro maior não há.
O povo de Adamantina até pode ter
perdido esta batalha, mas não perdeu a guerra, pois todos são vitoriosos nesta
luta, que é muito maior, pois é uma luta política, é uma luta para o bem comum,
para o bem de todos!
Feliz de um povo que educa suas crianças
e jovens pelo exemplo da tolerância e do amor!
Feliz um o povo que ensina suas crianças
e jovens a fazer política pelo bem comum!
Feliz um povo que educa suas crianças e
jovens com base na esperança, que como disse santo Agostinho, tem duas filhas
lindas, a indignação e coragem: a indignação para NÃO aceitar as coisas como
estão; e a coragem para mudá-las.
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