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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Francisco convida os sacerdotes para acolherem os casais em segunda união

“A santidade é maior que os escândalos”. Esta, segundo a revista da diocese RomaSette, foi a mensagem do Papa aos seus párocos nesta segunda-feira na Basílica de São João de Latrão. O encontro, que havia sido solicitado depois da eleição, começou às 10h e terminou às 12h30. Antes que o Papa respondesse às perguntas dos párocos, o vigário Agostino Vallini fez uma saudação. Fonte: http://bit.ly/18okSBs  . A reportagem está publicada no sítio Vatican Insider, 16-09-2013. A tradução é de André Langer.

Segundo indica a RomaSette, o Papa Francisco falou com seus párocos e respondeu às suas perguntas levando em conta os “gravíssimos problemas da Igreja” com lucidez, “mas sem pessimismo”. “A Igreja não desmorona – disse. A Igreja nunca esteve tão bem como hoje, é um momento bonito da Igreja, basta ler sua história. Há santos reconhecidos inclusive pelos não católicos (pensemos na Beata Teresa), mas há uma santidade cotidiana de muitos homens e mulheres, e isto dá esperança. A santidade é maior que os escândalos”.

Um encontro, refere a revista da diocese, marcado pela narração de algumas experiências da vida do atual Papa em Buenos Aires e pelo pedido de orações, pois em breve será o aniversário da sua ordenação episcopal (21 de setembro). O Papa Francisco convidou os sacerdotes que encheram a basílica a retornar ao “primeiro amor”, ao primeiro olhar de Jesus.

“Quando um sacerdote está em contato com o seu povo, se cansa”, disse Francisco, mas, explicou, diante deste cansaço a única resposta é Jesus: ir com os pobres, anunciar o Evangelho e seguir em frente. Claro, ajuda muito “a oração diante do Tabernáculo, a proximidade com os outros sacerdotes e a proximidade com o bispo”. A lembrança de momentos como o início da vocação, a entrada no seminário, a ordenação sacerdotal são fundamentais: “a memória é o sangue na vida da Igreja”.

O Papa Francisco criticou severamente os que em uma paróquia se preocupam mais com o dinheiro para um certificado do que pelo sacramento em si. Com esta atitude só “afastam as pessoas”. Requer-se, ao contrário, a “acolhida cordial: que aqueles que vierem à Igreja se sintam em sua casa. Se sintam bem. Que não sintam que estão sendo exploradas”. “Certa vez um sacerdote, não da minha diocese, mas de outra – contou Bergoglio – me dizia: ‘Mas eu não faço pagar nada, nem sequer as intenções das Missas. Tenho aí uma caixa e se eles dixam aquilo que querem. Mas, padre, temos quase o dobro do que tinha antes! Porque as pessoas são generosas, e Deus abençoa estas coisas’”. Se, ao contrário, “as pessoas veem que há um interesse econômico”, então “se afastam”.

Ao responder a uma das perguntas dos sacerdotes, Bergoglio respondeu que continuava se sentindo “padre. De verdade. Eu me sinto padre, sacerdote, é verdade, bispo... Me sinto assim. E agradeço ao Senhor por isto”. “Teria medo de sentir-me um pouco mais importante, não? Isto sim, tenho medo disto, pois o diabo é esperto, eh!, é esperto e te faz sentir que agora tu tens poder, que tu podes fazer isto, que tu podes fazer aquilo...mas sempre girando, girando em volta, como um leão – assim diz São Pedro, não! Mas graças a Deus, isto não perdi, ainda, não? E se vocês virem que eu perdi isto, por favor, me digam e se não puderem me dizer privadamente, digam publicamente, mas digam: ‘Olha, converte-te!’, porque está claro, não?”.

Em relação às indicações do Papa aos seus párocos, RomaSette indicou a “acolhida” dos casais em segunda união e a corajosa e criativa decisão de se dirigirem às “periferias existenciais”. Uma acolhida, destaca a revista, que se deve exercer na verdade. “Dizer sempre a verdade”, sabendo que “a verdade não acaba na definição dogmática”, mas que se insere no “amor e na plenitude de Deus”. Por isso, o sacerdote deve “acompanhar”.

Francisco também convidou os sacerdotes do clero romano para empreenderem “caminhos corajosamente criativos”. E citou alguns exemplos que viveu pessoalmente em Buenos Aires, como a abertura de algumas igrejas durante o dia todo e com a disponibilidade de um confessor ou a criação de “cursos personalizados” para os casais que querem se casar, mas que não podem frequentar os cursos de noivos porque trabalham até tarde. A prioridade, no entanto, segue sendo “as periferias existenciais”, que também são “as das famílias”, sobre as quais falou em muitas ocasiões Bento XVI, sobretudo em relação às segundas uniões. Nossa tarefa, disso o Papa, é “encontrar outro caminho, na justiça”.

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