Redemptus Maria Valabek O.Carm (A reforma de Touraine: Philippe Thibault)
O fermento da Reforma dentro da Ordem, que no caso dos
sucessores de Teresa de Ávila e João da Cruz rompeu tornando-se uma entidade
independente, permaneceu um fator medicinal no tronco original da Ordem. Não só
este fermento foi alimentado por gerais do calibre de Henrique Sílvio, não
somente fez isto/ela (did it) produzir obras sobre oração no Carmelo como A
Escola de Perfeição de Pablo Ezquerra, formada de doutrina espiritual, de
filosofia sagrada e teologia mística, Da
oração mental de Pedro Tomas Sarraceno,
Meditationes, preces et excercitia quotidiana super orationem
dominicam de Paulo Antônio Foscarini,
mas dentro da própria Ordem surgiu a Reforma Turonense, que esparramou seus
efeitos por toda a Ordem como tal. Os principais expoentes desta reforma eram
explícitos no seu desejo de permanecer unidos à Ordem, assim eles preferiram
ser chamados de “Estrita Observância.” Em explícito contraste com a reforma
Teresiana, o papel de uma bem celebrada liturgia permaneceu uma “constante”
nesta observância, que influenciou nas sucessivas constituições da Ordem. Também o Diretório de Vida Carmelitana editado pelo Frei João Brenninger em 1940, repousa
intensamente na espiritualidade deste movimento reformador.
O Pai da Observância, Felipe
Thibault (1572-1638) sentiu-se obrigado a justificar a ênfase na oração
litúrgica, enquanto a tão admirada reforma Teresiana diminuiu sua proeminência,
por exemplo abolindo o canto Gregoriano e o uso do órgão.
Sua resposta:
“O uso do canto, do órgão e dos
cânticos solenes é tão antigo quanto a Ordem Carmelita. A Ordem é um noviciado
para o Paraíso. Nós devemos assim imitar os santos, que rendem homenagem a Deus
por meio de Cânticos. Na verdade, nós não sabemos suas melodias, mas nós
devemos praticar por meio de melodias oferecidas pela Igreja.”
A renovação das celebrações
litúrgicas também encarrega-se/assiste também ao externo attend to externals. A
modéstia e beleza simples das celebrações atraíram os leigos, tanto humildes
como pessoas de prestígio, para assistir às funções litúrgicas dos Carmelitas
em Rennes, o berço da Reforma. Todavia,
o principal acento dos observantes estava numa valorosa, devota celebração, que
espontaneamente flui do coração atenta/cortês/reverente para o Senhor. Palavras
litúrgica, e cantos e cerimônias deveriam ajudar a fixar a atenção e, acima de
tudo, todas as afeições/ afetos no Senhor. Embora isto não devesse ser forçado,
deve haver um constante esforço de ser agradável ao Senhor durante o Ofício
Divino por meio de uma simplicidade de coração, um autêntico espírito de
piedade e pureza de intenção. Os reformadores intuíram algo que hoje em dia
está sendo enfatizado: uma valorosa e devota celebração será o barômetro da
qualidade da vida fora do coro. Ninguém deveria desprezar qualquer
comportamento externo que espelha a reverência do coração diante da Divina
Majestade. Uma atmosfera contemplativa,
então, tem uma crucial importância na tradicional celebração Carmelitana da
liturgia. “Os religiosos deveriam sempre estar ocupados ou com oração ou com
estudo... mas especialmente com o Ofício Divino.”
A Estrita Observância conseguiu
criar uma atmosfera que iria alimentar a vida interior nas comunidades; daí
tanta ênfase no silêncio e na solidão.
“Um religioso nunca será capaz de
receber/desfrutar do espírito do Carmelo se ele nem busca nem ama com todo o
seu coração , tanto em si mesmo quanto nos outros, a vida espiritual e a ocupação
interior com Deus, pelo fiel exercício da divina Presença.”
Uma vida de familiaridade com Deus é
a primeira coisa necessária para um Carmelita. Junto com a prática da presença
de Deus a oração aspirativa é essencial
para preservar o verdadeiro espírito. “Ensina-lhes que o único meio para
preservá-los é conversar com Ele na oração mental e na fiel prática da sagrada
presença, junto com vívidas aspirações inflamadas pelo fogo da caridade.” O verdadeiro espírito do Carmelo está
enraizado na vida interior. Como todos
os outros reformadores do Carmelo, Felipe Thibault também aponta que embora
através dos séculos os Carmelitas tivessem obtido diversas dispensas se sua
Regra, nunca uma atenuação do preceito
de meditar dia e noite na lei do Senhor, “que é o fundamento do espírito da
nossa santa Ordem.”
João de São Sansão
A alma da Observância, um místico
que foi chamado do João da Cruz francês, é o irmão leigo cego João de São
Sansão (1571-1636). Espelhando os místicos Renanos como Ruysbroek e Herp, João
alcançou o mais alta da união transformante; em contraste com seu confrade João
da Cruz, ele tentou descrever esta mais alta, experiência pessoal da oração
Cristã. Incansavelmente, ele ensinou que todos são chamados à vida mística,
isto é, experienciar de algum modo mesmo aqui na terra o próprio Deus e sua real/atual
presença. Para os Carmelitas, saborear a presença de Deus mesmo aqui na terra é
mais importante que qualquer outra tarefa ou trabalho: “O ponto mais
importante... é vacare Deo continuamente.”
Ou mais precisamente: “Em completa pureza de espírito e corpo, em uma
viva, atual e constante presença de Deus... nisto consiste a base do espírito
da nossa Ordem.” Ele insiste na oração contemplativa para os jovens estudantes,
com a idéia que se eles fossem enraizados nela, mais tarde, quando lhes fossem
dadas responsabilidades pastorais, eles estariam habituados a viver pela
essência de sua vida no Carmelo. Tão frequentemente se vive em um nível externo
mesmo em seu próprio cuidado/own regard; sua luta espiritual deve ser de uma
constante interiorização. Ele
resolutamente insiste que esta vida mística
não é acima de tudo trabalho nosso, mas pelo contrário a constante
iniciativa de Deus. No entanto, Deus tem dado à nossa natureza uma
suscetibilidade para esta vida de intimidade com Ele. O espírito de João é evidente
nas Constituições da Reforma Turonense.
“É necessário que um tempo
conveniente e lugar sejam dados aos neo-professos, assim que eles possam estar
mais profundamente imbuídos com o espírito do nosso Instituto, e implantar
virtudes em suas mentes, e transferir todos os seus afetos em Deus, para que em
tempo {so thet in time} eles possam avançar em conversações interiores com Deus
e na doce presença de Deus, que fora de dúvida constitui e faz o verdadeiro
Carmelita.
Indubitavelmente, a vida interior de
oração de cada carmelita seguirá as potencialidades de sua personalidade, de
seus dons naturais e sobrenaturais. O que é importante em todas as formas de
oração é o afeto de suas potências internas a Ele com quem um diálogo se
instala. Mesmo no Ofício Divino o que é importante é estar inflamado com o amor
divino. Na meditação, também, há a
necessidade de “escutar mais que falar, não trabalhar demais com o intelecto,
mas também não ficar negligente ou relaxado/preguiçoso.” Deveria haver tanta reflexão quanto fosse
necessária para surgir afetos e amor pelo Senhor.
A forma de oração preferida pelo
irmão leigo cego era a aspirativa. Esta não é o que comumente é chamada de
oração jaculatória. Ele mesmo dá a exata descrição:
“Uma aspiração não é meramente
qualquer tipo de diálogo afetivo, mesmo que em si este último seja um bom
exercício, e dele nasça e proceda a aspiração. Ela é uma amorosa e inflamada
confiança (élancement) do coração e do
espírito, pelo qual a alma supera-se a si mesma e todas as coisas criadas e une
a si mesmo com Deus na vividez/vivacidade de sua amorosa expressão. Esta
expressão supera todo sensível, racional, intelectual, ou compreensível amor.
Pela impetuosidade do Espírito de Deus e seu próprio esforço, ela alcança a divina união, não em sua completa essência,
mas por uma espécie de transformação pelo Espírito de Deus.”
Esta confiança interior para a
comunhão com o Senhor no amor pressupõe uma vida de constante purificação dos
amores nocivos/doentios puramente humanos, e isto inclui todos os meios normais
para preservar um coração puro, como o silêncio e a solidão. É inútil forçar
este tipo de oração; é Deus mesmo que enche-nos com o seu Espírito. A plenitude
do dom do Espírito faz-nos ansiar/esperar/desejar por sua presença ainda mais.
Não é uma questão de sentimentos ou desejos, mas uma direta comunhão com Deus.
Quatro passos podem ser distinguidos nesta oração. 1) Tudo de si mesmo e tudo
da criação é sacrificado por causa do Senhor que é o centro da atenção; 2) A
Deus se suplica que ele nos envie seus maravilhosos dons; 3) todos os passos
imagináveis são dados para tornar-nos semelhantes a Deus, acolhendo Deus no
modo como ele se digna dar-se a si mesmo a nós; 4)sendo unido a Deus de um modo
mais elevado. Este não é um exercício fácil que é assimilado em um único dia.
Há a necessidade de um esforço perseverante, combinado com uma profunda vida
interior, em vista de ir além de todas as imagens e repousar somente em Deus.
Nos últimos estágios, a oração aspirativa será mais simples.
Devido à extrema pobreza de imagens
devido à sua cegueira, a linguagem de João é difícil às vezes; contudo, ele
tenta descrever que a contemplação abarca, supera, vai além de todas as outras
coisas. A um certo ponto a alma que foi deixada a si mesma uma presa para Deus,
não pode resistir à supereminente bondade, verdade e beleza de Deus. Ela
permite-se ser totalmente permeada e possuída por Ele. Esta experiência deixa a
alma confusa, porque de suas outras experiências, tão parciais e limitadas, ela
acha esta tão difícil de descrever sua comunhão com o Objeto-Tudo. O
contemplativo está convencido que para conhecer Deus nesta toda envolvente
experiência é “não conhecer” a Ele no sentido ordinário. Há uma frustração na
tentativa de expressar a experiência contemplativa. Por esta razão, o
contemplativo por um lado esta cheio de luz mas, por outro lado cheio de
escuridão. Aqueles que chegam a este alto degrau de oração dizem coisas que
fazem sentido somente a outros que tiveram experiências similares.
João de São Sansão constantemente
relembra aos Carmelitas por sua vez a voltarem-se para dentro de si para
repararem na {se dêem conta de} sua inclinação para Deus ao nível do
consciente. Ele refere-se ao scintilla
animae, aquela centelha central da alma
onde Deus habita em nosso ser, nossa vida verdadeira e razão de ser de nossa
pessoa inteiramente. Tudo o mais é julgado e submetido a esta comunhão que
transforma a alma e tudo que ligado à alma de acordo com a Vontade Dele que é
Tudo. Não é mais uma questão da
aspiração, mas do ser completamente vencido e possuído desde o Alto, pela
infinita Beleza e Essência de Deus. Isto não é nada mais do que o céu na terra
que Deus prodigaliza seus amigos mais queridos.
A alma é deificada e transformada.
Domingos de Santo Alberto
Porque foi destinado trabalhar na
formação dos estudantes e aspirantes à Observância de Touraine, João de São
Sansão causou um profundo impacto na vida de oração, especialmente na segunda
geração dos seus membros. O seu excepcional discípulo foi Domingos de Santo
Alberto (1595-1634), que intuiu o verdadeiro espírito do mestre.
É claro que para atingir a perfeição
da verdadeira oração e conversação interna a alma despojada dos desejos
terrestres deveria exercitar-se na amorosa, real/atual e continuada presença de
Deus, satisfazendo fielmente tanto externamente quanto internamente a Divina
vontade.”
Este exercício da presença de Deus,
que se torna constante nos filhos de Deus e amigos, não é algo extremamente
complicado, mas depende dos corações que estão inflamados com simples e
generoso amor por ele.
“Os noviços deveriam ser
advertidos/orientados para não ler muitos livros, mas estarem atentos a Deus em
todo lugar e para caminhara diante dele com simplicidade de coração,
frequentemente elevando-se a si mesmos a
ele por meio de aspirações amorosas... sempre tentando preservar em seus
corações uma inflamada de amorosa lembrança Dele.”
Orar, então, não é nada mais que uma
real atração por relacionar-se com o
Senhor, que geralmente remanece/permanece/resta algo no nível da fé habitual.
“Este estudo sobre oração não é nada
mais que uma verdadeira, total, atual/real atenção a Deus e a uma amorosa
expansão de todas as faculdades da alma em Deus, que então junta e une-as todas
para Deus, que quase sempre, em cada hora e lugar, a alma fala com ele.”
O primeiro nível de oração é meditação:
“Desde o começo de sua conversão, sua alma é de certo modo
rude e imersa em coisas materiais, cheia de fantasias e pensamentos do mundo,
no começo você deve aplicar o seu espírito à meditação dos divinos mistérios. Avaliar as causas e as
circunstâncias com alguma consideração, assim para que depois você possa mover
sua vontade para atos de dor, de amor e de agradecimento, de acordo com o tema
de sua meditação.”
Neste estágio os temas das
meditações deveriam ser a Paixão de Cristo, o valor da vida religiosa, os
benefícios com os quais o Senhor nos cobre. Estas reflexões deveriam ser feitas
em forma de diálogo com o Senhor, que em última
análise é uma ardente afeiçoada e amorosa adesão dão espírito humano,
que está constantemente buscando novos motivos em vista de estar unido ao nosso
Deus supremo.
O segundo nível enfatiza a parte afetiva
do diálogo:
“Depois de haver praticado a
meditação discursiva a partir de algum tema escolhido pela pessoal por algum
tempo... a vontade irá experienciar o desejo de chegar mais perto das divinas
realidades e ter uma viva lembrança e desejo de considerar-se a si mesma com
elas {concern itself with them}. Agora é tempo de adotar uma forma mais simples
de meditação, de diálogo mais simples... Visto que a este ponto a alma é
enchida com o conhecimento de tudo o que pode ser dito, com um simples salto
você se atirará em direção ao Nosso Senhor, falará como Ele num jeito amoroso,
fazendo-lhe perguntas, respondendo-lhe, adorando-lhe, agradecendo-lhe e
evocando inumeráveis atos de amor e resoluções para servi-lo, mantê-lo sempre
presente, imitar suas virtudes, e tudo o mais”
O terceiro nível é um simples olhar da
fé:
“Depois que você dispendeu algum tempo em conversa
interior com do Deus encarnado em seus santos mistérios, você passará a uma
conversação interior com Deus incriado a quem você conhecerá por um simples
olhar da fé em todas as coisas, e mais intimamente em você mesmo. Isto acontece
de uma maneira que você não imagina-lo estar mais no céu que na terra, mas mais
próximo de você que você mesmo. Dando este tipo de fé por certo, seu exercício
será manter uma conversação entre você mesmo e Deus, como uma conversa entre um
bom filho e o seu pai ou um fiel amigo com o amigo, que vive, dorme e come no
mesmo quarto, sempre presente um diante do outro. O assunto do seu diálogo será
tomado basicamente do recíproco amor e desejo que cada um tem de não estar
separado do seu amigo e desfrutar um do outro... Note-se que neste exercício há
praticamente uma oração constante. A lembrança tida de Deus não é uma
especulação ou meditação sobre o ser ou alguma perfeição de Deus, mas uma
consideração, um esperar, um olhar afetuoso a Deus como o tesouro, o fim, o
centro de nossos corações. É um pensamento tido com avidez, como os santos
tiveram. Mesmo enquanto na terra, eles estavam já no céu ‘em pensamento e
avidez’.”
O quarto nível é significativo pelos
desejos que ele evoca:
“A alma a quem Deus mantém neste
estado, porque ela está constantemente crescendo no amor, sentirá seu desejo se
fome por Deus crescendo ao ponto de tornar-se impaciente. Tudo o que faz ou é
capaz de fazer não será suficiente para expressar o seu desejo. Quando ela
pensa estar com Deus em diálogos, seu desejo estará muito além do que ela
explicita. Ela sentirá um enlanguecimento que a fará ela morrer por não estar
capaz de fazer nada. Aqui a pessoa deve estar atenta para não força-la falar
nem evocar muitos atos. É suficiente que ela faça conversões essenciaia
(conversiens essentielles) com todo o seu ser. Estes são preticamente silêncio
e sem muitas palavras formadas. ‘O Deus!’ Isto diz mais que um longo diálogo
porque seu coração esta falando para o coração de Deus e os dois entendem um ao
outro muito bem.”
O Quinto nível:
“Como pode ser visto, através de
tais efusões, a alma sente que ela tem praticamente uma presença contínua e
lembrança de Deus, e se torna cada vez mais desejosa dele... pouco a pouco ela
deve render-se a Deus, deixando para trás inclusive aquelas conversações
essenciais que para produzir ela dispendeu seu esforço, e deixá-la no num nu
desejo que ela sente por Deus. Este desejo é um ato pelo qual ela olha para
Deus como o infinito tesouro que pode satisfaze-la. Assim, despojada do seu
próprio jeito de atuar, Deus satisfaz seus desejos e os faz crescer
incessantemente. Por esta razão, ela permanecerá sempre nele, olhando para ele,
contemplando-o sem cessar. Este desejo é um amor atual/real como uma fome e
sede insaciável de Deus, que causa uma lembrança experiencial e conhecimento
Dele na alma... Este estado é os estado da verdadeira união íntima do espírito
criado com o Incriado. Aqui o cume do espírito, o poder do amor e aplicado
diretamente a Deus. Que é compreendido além de qualquer idéia ou sentimento...
Ela afunda mais e mais dentro de um abismo sem fundo da Natureza Divina.”
O Diretório Espiritual da Reforma
Turonense
Mas ainda um maior impacto na Ordem
foi causado pelo diretório espiritual da reforma, que foi começado por Bernardo
de Santa Madalena (1589-1669), mas
compilado e escrito em forma definitiva por Marcos da Natividade da
Bem-aventurada Virgem (1617-1696), Frei
Marcos teve o talento de reunir o melhor do que os vários membros da
Observância tinham para oferecer e para compilá-lo em vários volumes que se
tornaram textos padrão para a formação para aqueles que queriam se tornar
membros da reforma. Divididos em quatro volumes, o quarto é de particular
interesse: Método Claro e fácil para bem fazer oração mental e para exercitar e
obter frutos na presença de Deus. Enfatizado como o meio adequado para para
viver o preceito central da Regra que é o da oração contínua é o exercício da
presença de Deus. Este exercício deve preceder a oração aspirativa justamente
como o conhecimento precede a vontade. Cinco diferentes modos de oração são
elencados: 1) 9contemplativa/unitiva. A primeira é pressuposta e a quinta é
considerada além das capacidades dos noviços, assim ela se concentra nas outras
três.
Oração Mental é meditação mais que qualquer outra
coisa, mas com o acento na parte afetiva. Ela é definida como “uma conversação
interior e uma série de bons pensamentos e santas afeições em relação/baseado
em uma certa/determinada matéria da qual a alma deseja fazer algum progresso
espiritual.” A preparação próxima para a
meditação ordinariamente toma lugar na cela depois de se cantar as Matinas da
meia noite. Ela consiste acima de tudo em uma
leitura a respeito do tema da meditação.
Esta é seguida pela meditação propriamente dita, na qual o intelecto
atenta e deliberadamente considera alguma verdade, mas sempre com o propósito
de inflamar a vontade para o amor. Afetos/afeições deveriam ser a principal
parte: “Conhecimento e amor não recebem o mesmo grau de importância na oração.
E se você tem amor a Deus, isto será uma fonte inexaurível de excelente
iluminação e de pensamentos
santos.” O ideal é um desenvolvimento e
dependência de uma conversação afetiva com o Senhor, com Nossa Senhora e com os
santos, até o religioso alcançar uma adesão simples a Deus mesmo nas altas
esferas onde o Espírito movo como ele quer.
“Seus afetos serão muito íntimos; tanto a total perda
e resignação de si mesmo nas mãos de Deus, ou uma simples e pura adesão à Sua Majestade, ou uma
transformação uma uniformidade e semelhança, que não pode ser obtida pelo
esforço humano, embora eles sejam capazes de dispo-los para isto, desde que
alguém chega ao eminente degrau de oração praticando o mais baixo degrau de
oração, do qual nós falamos aqui.”
Os afetos deveriam conduzir a pessoa
a fazer resoluções afetivas, particularmente aquelas para aceitar amorosamente
tudo aquilo que Deus nos manda. Ordinariamente a oração termina com petições,
que tendem a mostrar a necessidade de constante ajuda de Deus em nossa oração.
Há outros métodos que podem ajudar especialmente em
circunstâncias especiais. Para aqueles que acham o método acima descrito
difícil a leitura meditativa pode ser uma ajuda. Ou para aqueles que são mais
avançados, existe a oração afetiva:
“Quando alguém adquiriu grande
conhecimento das coisas divinas a partir de muitas meditações, a alma se torna
tão iluminada, que se ela insiste em muita reflexão, ela se torna
clouded/obscurecida e fria. Neste estado ela deveria não querer meditar, mas
deveria, pelo contrário, desfrutar/gozar dos frutos de seu trabalho anterior, e
dar todo o tempo aos afetos. Esta prática é própria somente àqueles avançados
na oração.”
Oração mista é uma combinação de
oração mental com oração oral. Especialmente quando a meditação é difícil, como
em tempos de doença, mas também nos estágios unitivos, esta oração pode ser de
grande vantagem e mostra grande flexibilidade que deve ser respeitada quando se
aconselha métodos de oração. Na oração mista a pessoa toma uma oração bem
conhecida tal como o Pai-nosso, a Ave-Maria, um Salmo ou um versículo favorito.
A oração é recitada com calma e devoção, com o objetivo não de ter bonitos
pensamentos sobre Deus, mas manter um afetivo dialogo com Ele. Não se deveria
ser nada forçado nesta oração; se uma palavra ou verso não causa nenhuma
impressão, segue-se para a frase seguinte.
Finalmente, existe a oração
aspirativa, do tipo ensinado por João Sanz e João de São Sansão. Este tipo de
oração dispõe os corações para uma verdadeira contemplação.
Isto é acima de tudo um exercício de
amor. Porque este exercício não é aprendido por sutil penetração, mas por uma
elevação amorosa do coração a Deus, assim que a mais simples afeição tem mais
valor que pensamentos que estão escritos em livros.”
Esta oração é intimamente vinculada
à prática da presença de Deus. Tomando o lema de Elias, “ Vivo é o Senhor dos
Exércitos, em cuja presença eu estou”,” literalmente, os carmelitas lutam
“para ter Deus continuamente
representado diante de nós para cuidar que esta consciência de Deus oriente
todas as nossas ações e os mais secretos pensamentos, e para oferecer nossos
corações frequentemente a Ele.”
Em vista de alimentar a prática da
presença de Deus com a imaginação, inteligência e vontade o Méthode recomendae elenca aspirações para serem
propostas aos noviços, tomadas das Escrituras. Esta predileção pela Palavra de
Deus, um constante valor da espiritualidade Carmelitana tradicional, é recomendada
por quatro razoes: 1) a própria Palavra de Deus proclama suas palavras serem
uma espada de dois gumes, e assim um meio mais efetivo; 2) a Regra do Carmelo
requer este meio; 3) quando tentado no deserto, o próprio Cristo ensinou-nos
usar as Escrituras para confundir o demônio
e todas as tentações; 4) a Palavra de Deus estimula-nos a adquirir a
virtude.
Exceto o uso das aspirações tiradas
das Escrituras, são recomendadas outras três outros modos de união na presença
de Deus. O primeiro de tudo há o método já encontrado entre os primeiros
eremitas no Carmelo, o bonito jardim do Senhor: ver as pegadas passos/marcas do
Senhor nas suas criaturas. O segundo, concentrar-se na humanidade de Cristo
Jesus em vista de revestir-se por um breve instante com seus pensamentos, seu
espírito e finalmente ser transformado Nele.
Por último, ver a providência de Deus em tudo que acontece a nós, mesmo
nas adversidades.
“Humilde e deliberada aceitação da
providência de Deus em todas as coisas tanto boas como ruins é a consumação e
essencial perfeição deste exercício. Isto é ndada mais que um ato de Caridade,
pelo qual nós amamos todas as coisas que Deus faz, não porque elas estão
agradando-nos por si mesmas, mas por causa do nosso amor por Deus, que as
ordena.”
Ao concluir seu tratado da oração, o
Méthode menciona outros meios muito efetivos, provavelmente destinado àqueles
que estão no limiar da experiência mística no sentido próprio: isto é a
convicção da presença de Deus em si mesmo, com quem se pode dialogar e a quem
se pode consultar em tudo que acontece.
“Esta simples intuição de Deus com
um escondido desejo e afeto de união com Ele
e de agradá-lo em todas as coisas é mais valiosa que milhares de outros
atos que sejam/são feitos pela alma nos estágios inferiores. Assim, o que
parece ser puro silêncio está na verdade cheio das mais vitais expressões e
maravilhosos afetos que as Escrituras e os místicos tão frequentemente louvam.
Aqueles que alcançam este estado caminham no mais profundo recolhimento,
desfrutando Deus em si mesmos... possuindo-O e sendo possuídos por Ele.
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