EM
OBSÉQUIO DE JESUS CRISTO
NO ESPÍRITO DE MARIA, A MÃE DE JESUS
Os
primeiros Carmelitas chegaram a ter uma devoção de muita intimidade com Maria, a
Mãe de Jesus. Era como a relação que todos nós temos em casa com a mãe e as
irmãs. Eles chamavam Maria de Mãe e de Irmã. Uma ilustração
bonita disso são estas três imagens de Nossa Senhora do Carmo. A imagem à
esquerda, chamada La Bruna, é a mais antiga de todas as imagens de Nossa Senhora
do Carmo. É do século XIII e é conservada na Igreja dos Carmelitas em Nápoles,
Itália. Nela o menino Jesus encosta seu rosto no rosto da mãe e lhe faz
cócegas. Agarrado na mãe, ele olha para nós e com um olhar de ternura ele nos
convida para ter a mesma intimidade com ela. Nesta imagem ainda não aparece o
escapulário. A outra imagem à direita é uma reprodução muito bonita da La Bruna, feita no século passado pelas
monjas Carmelitas de um mosteiro na Itália. Aqui o menino Jesus, nos convida
com o mesmo olhar de ternura e, além disso, nos oferece o escapulário que se torna, assim, um
sinal de ternura e de carinho. O
resultado desta intimidade crescente está expresso na imagem do meio,
conservada no teto da Igreja do Carmo em Salvador, Bahia. Com a mão esquerda
Maria entrega o escapulário a Simão stock, mas ela olha para o lado direito e
permite que um frade Carmelita receba o menino Jesus nos seus braços. A imagem
sugere que, no dom do escapulário, Maria nos entrega o próprio menino Jesus, para que
possamos ter com ele e com ela a mesma intimidade de filhos e filhas, de irmãos
e de irmãs.
As Constituições da Ordem do
Carmo assim resumem o exemplo de Maria para nós Carmelitas: Maria,
envolvida pela sombra do Espírito de Deus, é a Virgem do coração novo que dá um
rosto humano à Palavra que se faz carne. É a Virgem da escuta sapiente e contemplativa,
que conserva e medita no seu coração os acontecimentos e a palavra do Senhor. É
a discípula fiel da sabedoria, que busca Jesus –Sabedoria de Deus– e pelo seu
Espírito se deixa educar e plasmar para assimilar na fé o estilo e as opções de
vida. Assim educada, Maria é capaz de ler as "grandes coisas" que
Deus realizou nela para a salvação dos humildes e dos pobres.
Maria, sendo também a Mãe do Senhor, torna-se a
discípula perfeita dele, a mulher de fé. Segue Jesus, caminhando juntamente com
os discípulos, e com eles compartilha o penoso e comprometedor caminho que
exige acima de tudo o amor fraterno e o serviço mútuo. Nas bodas de Caná
ensina-nos a acreditar em seu Filho; aos pés da Cruz torna-se a Mãe de todos os
crentes e com eles experimenta a alegria da ressurreição. Une-se com os outros
discípulos em «oração contínua» e recebe as primícias do Espírito, que enche a
primeira comunidade cristã de zelo apostólico. Maria é portadora da boa nova da
salvação para todos os homens. É a mulher que cria relações de comunhão, não só
com os círculos mais restritos dos discípulos de Jesus, mas também com o povo:
com Isabel, os esposos de Caná, as outras mulheres e os "irmãos" de
Jesus.
Na Virgem Maria, Mãe de Deus e modelo da Igreja, os
Carmelitas encontram tudo aquilo que desejam e esperam ser. Por isto, Maria foi
sempre considerada a Padroeira da Ordem, da qual é também chamada Mãe e
Esplendor, e tida sempre pelos Carmelitas, diante dos olhos e no coração, como
a "Virgem Puríssima". Olhando para ela e vivendo em familiaridade de
vida espiritual com ela, aprendemos a estar diante de Deus e juntos como irmãos
do Senhor. Maria, de fato, vive no meio de nós como mãe e como irmã, atenta às
nossas necessidades, e junto a nós atende e espera, sofre e se alegra. (Constituições Nº27)
A Bíblia fala muito pouco da Mãe de Jesus. Só sete
livros a mencionam: Gálatas (Gl
4,4), Marcos (Mc 3,20-21.31-35), Lucas (Lc 1 e 2; 11,17), Atos (At 1,13), Mateus (Mt 1 e 2), João
(Jo 2,1-13; 19.25-26) e Apocalipse
(Apc 12,1-17). Ela mesma fala menos ainda, pois cinco destes sete livros só
falam sobre Maria. Ela mesma não
fala. Maria só fala em dois livros: Lucas e João. E mesmo estes dois conservam
apenas sete palavras de Maria.
1ª Palavra: "Como pode ser isso se não conheço
homem!" (Lc 1,34)
2ª Palavra: "Eis aqui a serva do Senhor!" (Lc
1,38)
3ª Palavra: "Minha alma louva o Senhor!" (Lc
1,46)
4ª Palavra: "Meu filho porque fez isso
conosco?" (Lc 2,48).
5º Palavra: "Eles não têm mais vinho!" (Jo
2,3)
6ª Palavra: “Fazei tudo o que ele vos disser!" (Jo
2,5)
7ª Palavra: O silêncio ao pé da Cruz, mais eloquente
que mil palavras! (Jo 19,25-27)
A Mãe de
Jesus aparece nos evangelhos como mulher silenciosa. Apenas sete palavras! A
prática do silêncio capacitava Maria para meditar e escutar a Palavra de Deus
nos fatos da vida. Cada uma daquelas sete palavras nos faz saber como Maria
fazia para escutar os apelos de Deus, mesmo lá onde não havia palavras, mas
apenas o silêncio de uma situação humana pedindo socorro.
Vamos
percorrer os textos bíblicos sobre Maria para saber como ela viveu e praticou a oração, a fraternidade e a missão profética.
Seguiremos a mesma ordem, em que os
textos se encontram nos livros da Bíblia: Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos,
Gálatas e Apocalipse. Encontramos neles os seguintes itens que vamos destacar e
analisar mais de perto e que podem servir como critério para avaliar nossa vida
hoje:
1. As companheiras de Maria na genealogia de Jesus Mateus 1,1-17
Os critérios de Deus são
diferentes dos nossos critérios
2. José, sendo
justo, acolhe Maria em sua casa Mateus 1,18-25
Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça
3. Os magos do
Oriente encontraram o menino e sua mãe Mateus 2,1-12
O olhar de fé gerou neles a
conversão e os fez enxergar
4. A fuga para o Egito e a matança das crianças em Belém Mateus 2,13-23
A fraqueza dos pobres
vencerá o poder cruel dos grandes
5. Maria e os parentes buscam Jesus em Cafarnaum Marcos 3,31-35
Abrir a família para a vida
em comunidade
6. Esse homem não é o carpinteiro, o filho
de Maria? Marcos 6,1-6
Profetas não são bem
aceitos entre os seus
7. E o nome da virgem era Maria Lucas
1,26-27
Maria recebe o nome da irmã
de Moisés
8. O anjo Gabriel é enviado por Deus a Maria Lucas 1,28a
Estar em casa, pois é lá
que Deus nos espera e visita
9. A saudação do anjo Gabriel a Maria Lucas
1,28b
Ter consciência da presença
de Deus
10. A preocupação da Maria e a resposta do anjo Lucas 1,29-30
O amor joga fora o medo e nos
traz a paz
11. Maria será a mãe de Jesus, o filho do Altíssimo Lucas 1,31-33
A inacreditável proposta de
Deus para todos nós
12. A reação de Maria: "Como pode ser?" Lucas 1,34
Realismo humilde diante de
Deus
13. Maria se oferece: "Eis aqui a serva do Senhor" Lucas 1,35-38
Fazer da vida um serviço a
Deus e aos irmãos
14. Maria visita sua prima Isabel Lucas
1,39-45
O serviço a Deus e aos
irmãos é concreto e exigente
15. O Cântico de
Maria: Maria reza com as palavras da Bíblia Lucas
1,46-56
Leitura orante da Bíblia e
conhecimento crítico da realidade
16. Maria dá à luz na estrebaria dos animais Lucas 2,1-7
O filho
de Deus nasceu entre os mais excluídos
17. A visita dos pastores ao menino Jesus Lucas 2,8-20
Os pobres são os primeiros
convidados
18. Uma espada de dor atravessa o coração de Maria Lucas 2,21-40
Quem aceita ser a serva do
Senhor sabe que vai sofrer
19. Maria não
entende as palavras e gestos de Jesus Lucas 2,41-50
Olhar no espelho que
oferece uma resposta para nós
20. Maria conserva
todas as coisas no seu coração Lucas 2,51
Meditar e ruminar os fatos
da vida no nosso coração
21. Maria ajuda Jesus a crescer, e Deus cresce nela Lucas 2,52
Fazer Jesus crescer em nós
22. Um duplo elogio bem merecido Lucas
11,27-28
Ouvir a Palavra de Deus e
colocá-la em prática
23. Maria avisa
Jesus: "Eles não mais vinho!" João 2,1-13
Estar atento a Deus e aos
problemas dos irmãos
24. Maria em silêncio ao pé da cruz João
19,25-27
O discípulo amado recebe a
mãe de Jesus em sua casa
25. Junto com
Maria rezar pela vinda do Espírito Santo Atos
1,14
Aguardar em atitude orante
a chegada de Pentecostes
26. Jesus, o filho de Deus, nascido de
mulher Gálatas 4,4
Quem se humilha será exaltado
27. A mulher
vitoriosa com a lua debaixo dos pés Apocalipse 12,1-9
Maria, imagem dos que lutam
em defesa da vida
O Evangelho de Mateus, quando fala da mãe de Jesus,
focaliza a realização das profecias. A genealogia (Mt 1,1-17), a gravidez de Maria
(Mt 1,18-25), a visita dos magos (Mt 2,1-12), a fuga para o Egito (Mt 2,13-18)
e o retorno para Nazaré (Mt 2,19-23), tudo isto é descrito para mostrar como em
Jesus se realiza a promessa de Deus.
1. Mateus 1,1-17 As companheiras de Maria na genealogia de Jesus
Os critérios de Deus são
diferentes dos nossos critérios
Um primeiro ponto que o
evangelho de Mateus nos informa a respeito de Maria é o registro do seu nome na
genealogia de Jesus, onde se diz: Jacó
foi o pai de José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado
Messias. A genealogia traz o registro de quarenta e duas gerações
(3x14=42), desde Abraão até "José,
esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado Messias". Toda esta
longa história de quase dois mil anos encontra o seu ponto de chegada em Jesus,
o filho de Maria. Nesta genealogia, ao lado dos nomes de quarenta e dois homens,
aparecem os nomes de cinco mulheres. Uma delas, a última, é Maria, a mãe de
Jesus. As outras quatro são: Tamar, uma Cananéia, viúva, que se
vestiu de prostituta para obrigar o sogro Judá a ser fiel à Lei de Deus e
dar-lhe um filho (Gn 38,1-30). Raab,
uma Cananéia, prostituta de Jericó, que fez aliança com os israelitas (Js
2,1-21). Rute, uma Moabita, viúva
pobre, que optou para ficar do lado de Noemi e aderiu ao Povo de Deus (Rt
1,16-18). Betsabea, uma Hitita, mulher de Urias, que foi seduzida,
violentada e engravidada pelo rei Davi, que, além disso, mandou matar o marido
dela (2 Sm 11,1-27). Estas quatro mulheres são as companheiras de Maria. Foi
através destas cinco mulheres e de muitas outras cujos nomes não foram
registrados, que Deus realizou o seu plano de salvação e enviou o Messias
prometido. Por que será que Mateus escolheu estas quatro mulheres para estar ao
lado de Maria: uma viúva, uma prostituta, uma estrangeira e uma violentada?
Nenhuma rainha, nenhuma matriarca, nenhuma juíza! Realmente, o jeito de agir de
Deus surpreende e faz pensar! Por que será?
2. Mateus 1,18-25 José, sendo justo, acolhe Maria em sua casa
Buscai primeiro o Reino de
Deus e a sua justiça
Um segundo ponto é a informação de que Maria estava prometida em casamento a José e, antes de viverem juntos,
ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. Diz ainda que José era justo. A justiça de José não
era como a justiça dos escribas e fariseus, mas já era a justiça da qual Jesus
dirá: "Se a justiça de vocês não for
maior que a justiça dos escribas e fariseus, vocês não entrarão no Reino do
céu" (Mt 5,20). Se José tivesse sido justo conforme a justiça dos escribas e fariseus, ele deveria ter
denunciado Maria e ela teria sido apedrejada. Jesus não teria nascido. Mas José
já vivia o ideal definido por Jesus: "Buscai, primeiro, o Reino de Deus
e a sua justiça, e tudo o mais vos será acrescentado" (Mt 6,33). Por ser justo e buscar a
verdadeira justiça do Reino, José não denunciou Maria. Avisado em sonho pelo
anjo de Deus, "José, ao despertar do sono, agiu
conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher. Mas não a
conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho. E ele o chamou com o nome de
Jesus". Assim, Jesus pôde nascer e
realizar a profecia de Isaías que dizia: "A
virgem conceberá e dará à luz um filho que será chamado pelo nome de Emanuel,
que quer dizer Deus conosco". Sim, devemos muito a São José. Santa
Teresa d´Ávila colocava todos os mosteiros sob a proteção de São José. São José
é o Protetor da Ordem do Carmo. Estamos bem protegidos.
3. Mateus 2,1-12 Os magos do oriente encontraram o menino e sua mãe
O olhar de fé gerou neles a conversão
e os fez enxergar
Um terceiro ponto do
evangelho de Mateus sobre Maria é a visita dos magos do Oriente. No tempo do rei Herodes, alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém, e
perguntaram: "Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Nós vimos a sua
estrela no Oriente, e viemos para prestar-lhe homenagem". Os magos não eram membros do povo de
Deus. Eram estrangeiros, provavelmente jovens, em busca de um sentido para a
vida, sem preconceitos, abertos para a verdade. Eles buscavam o Rei dos Judeus e, orientados pelas
Escrituras, chegaram em Belém. Herodes
tinha consultado os chefes dos sacerdotes e
os doutores da Lei, e lhes perguntou onde o Messias deveria nascer. Eles
responderam: Em Belém, na Judéia, porque assim está escrito por meio do
profeta: "E você, Belém, terra de Judá, não é de modo algum a menor entre
as principais cidades de Judá, porque de você sairá um Chefe, que vai
apascentar Israel, meu povo". Depois que ouviram o rei, eles partiram. E a
estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que parou sobre o
lugar onde estava o menino. Ao verem de novo a estrela, os magos ficaram
radiantes de alegria. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e,
prostrando-se, o homenagearam. Em seguida, abriram seus cofres e ofereceram-lhe
presentes: ouro, incenso e
mirra". O ouro das alegrias e das coisas boas da vida, a mirra das tristezas e
das dificuldades da vida, e o incenso das orações e da busca de Deus. Os magos
buscavam uma coisa e encontraram uma outra, totalmente diferente. Buscavam um
rei glorioso e encontraram uma criança pobre recém nascida, deitada numa
manjedoura. Nem berço não tinha! Mas eles se renderam aos fatos e aceitaram
aquela criança pobre recém nascida como sendo o rei dos judeus que eles
procuravam! Sinal de muita fé e de muita conversão. A obediência ao rumo
indicado pelas Escrituras colocou-os no caminho certo e fez reaparecer a
estrela que os guiou até a casa onde estavam Maria, José e o menino Jesus. A
Escritura os iluminou e a estrela os guiou. Todos nós temos uma estrela que nos
orienta e nos guia e que, como a estrela dos magos, aparece e desaparece. É a
fé e a leitura orante da Escritura que fazem a estrela reaparecer e brilhar na
nossa vida como Carmelitas que devemos meditar dia e noite na lei do Senhor.
4. Mateus 2,13-23 A fuga para o Egito e a matança das crianças em Belém
A fraqueza dos pobres vencerá o poder cruel dos
grandes
Um quarto ponto é a fuga
para o Egito. "Herodes, percebendo que fora enganado
pelos magos, ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu
território, todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que
havia se certificado com os magos". Por isso, José e Maria tiveram de fugir com o
menino de Belém para o Egito, em torno de 150 quilômetros ou mais.
Anteriormente, por causa do recenseamento decretado pelo imperador de Roma, Maria
estando no nono mês da gravidez, tiveram que viajar de Nazaré até Belém, mais
ou menos 130 quilômetros. Agora, depois da morte Herodes, José é avisado em
sonho e, junto com Maria e o menino Jesus, volta para a terra de Israel. Ele ia
morar em Belém, mas quando soube que Arquelau era rei da Judéia em lugar de seu pai
Herodes, teve medo de ir para lá. É que Arquelau
era pior que o pai dele. Só no dia da tomada de posse ele matou 3000 pessoas na
praça do templo. Por isso, em vez de ir a Belém na Judeia, José viajou para
Nazaré na Galileia, outros 300 quilômetros, desde o Egito no extremo Sul até
Nazaré no Norte. Nestas caminhadas, ao todo mais de 500 quilômetros, Maria e José com o menino
Jesus são vítimas do poder arbitrário dos grandes que não se importam com o
destino dos pequenos. Mas "Deus
escolheu o que é fraqueza no mundo, para confundir o que é forte"
(1Cor 1,27). É para estes fracos sem poder que Jesus veio anunciar a Boa Nova: "O Espírito do Senhor está
sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres;enviou-me para
proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para
restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do
Senhor" (Lc 4,18-19).
O Evangelho de Marcos, praticamente, desconhece Maria,
a mãe de Jesus. Sem mencionar o nome, ele diz que "a mãe de Jesus"
estava com os parentes que queriam trazer Jesus de volta para Nazaré (Mc 3,31-35).
Ele menciona o nome quando descreve a reação negativa do povo de Nazaré :
"Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria?" (Mc 6,3).
5. Marcos 3,31-35 Maria e os parentes buscam Jesus em Cafarnaum
Não se fechar, mas abrir-se
para a vida em comunidade
Um quinto ponto sobre Maria trata
do conflito entre Jesus e seus parentes, no qual Maria ficou envolvida. Depois
de ter iniciado o anúncio da Boa Nova do Reino de Deus, Jesus saiu de Nazaré e
foi morar na cidade de Cafarnaum, perto do lago. Ele tornou-se muito conhecido.
O povo o procurava e queria estar perto dele, ouvi-lo, tocar nele. Era tanta gente que Jesus não tinha nem tempo para comer. "Quando seus parentes souberam disso,
queriam detê-lo, dizendo que Jesus tinha ficado louco!” (Mc 3,21). Eles queriam trazê-lo de
volta para casa e enquadrá-lo de novo dentro dos moldes da pequena família lá
em Nazaré. Eles foram até Cafarnaum e mandaram chamar Jesus: "Eis que tua mãe, teus irmãos e tuas
irmãs estão lá fora e te procuram". Mas Jesus não atendeu ao pedido
dos parentes: "Quem é minha mãe e
meus irmãos? E olhando para as pessoas que estavam sentadas ao seu redor Jesus
disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é
meu irmão, minha irmã e minha mãe". Jesus alargou a família. Jesus
quer a família aberta para a dimensão da comunidade. Este episódio deixa
transparecer ainda que Jesus, como todos nós, teve problemas com a família, com
os parentes (cf. Jo 7,1-5). Não sabemos qual era o sentimento de Maria: se ela
estava de acordo com o pedido dos parentes ou se tinha sido meio constrangida
para acompanhá-los e ajudá-los a convencer Jesus a voltar para casa. Vamos
saber depois da ressurreição.
6. Marcos 6,1-6 Esse homem não é o carpinteiro, o filho de Maria?
Profetas não são bem aceitos
em sua própria família
Um sexto ponto sobre Maria é a reação
negativa do povo de Nazaré quando Jesus foi participar da celebração do sábado na
sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam
admirados e diziam: "De onde lhe vem tudo isso? Onde foi que arranjou
tanta sabedoria? E esses milagres que são realizados pelas mãos dele? Esse
homem não é o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de
Judas e de Simão? E suas irmãs não moram aqui conosco?" E ficaram
escandalizados por causa de Jesus. Pelo que Marcos informa, Jesus era muito
conhecido em Nazaré. O povo conhecia o nome da mãe e até dos irmãos e irmãs de
Jesus. Até hoje é assim. Em lugar pequeno do interior, todos conhecem todos com
nome, sobrenome e apelido. E se acontece alguém começar a exigir justiça e
verdade, fraternidade e partilha, a reação é imediata: De onde lhe vem tudo isso? Onde foi que arranjou tanta sabedoria? E
aí é difícil o povo querer crer numa pessoa assim. Jesus não pôde fazer milagres em Nazaré. Apenas curou alguns doentes,
pondo as mãos sobre eles. E Jesus ficou admirado com a falta de fé deles. Ao
tomarmos conhecimento deste episódio desagradável em Nazaré, surge em nós uma
pergunta sem resposta: Como será que
Maria reagiu diante desta atitude tão negativa e descrente do povo frente a
Jesus? Provavelmente, deve ter sido um pedacinho daquela espada de que
falava o velho Simeão.
O evangelho de Lucas é o que mais nos informa sobre
Maria, a mãe de Jesus. Quando Lucas fala de Maria, ele pensa nas Comunidades e
apresenta Maria como modelo. Na maneira de Maria relacionar-se com a Palavra de
Deus, Lucas vê a maneira mais correta para a comunidade relacionar-se com a
Palavra de Deus. A chave para isto nos é dada no elogio de Jesus à sua mãe: “Feliz quem ouve a Palavra de Deus e a coloca em
prática” (Lc 11,27).
7. Lucas 1,26-27 E o nome da virgem era Maria
Maria recebe o nome da irmã
de Moisés
Um sétimo ponto sobre Maria é
o nome que ela recebeu dos pais: E o nome
da virgem era Maria. Naquela época o povo gostava de dar aos filhos e às filhas os nomes de
algum patriarca ou e de figuras importantes do Antigo Testamento. Era para
dizer: fazemos parte do mesmo povo e queremos assumir a mesma missão que eles assumiram
e nos transmitiram. Por exemplo, dos doze nomes dos apóstolos, seis são tirados
do Antigo Testamento: Simão, duas
vezes, Tiago, duas vezes, João e Judas.
O mesmo vale para os nomes de José, de Ana, de Joaquim e do próprio Jesus. Hoje
acontece o mesmo. Muita gente dá nomes de pessoas da Bíblia ou de santas e santos.
Os nomes revelam a consciência que o povo simples tinha de si mesmo e da sua
missão.
8. Lucas 1,26-28a O anjo Gabriel é enviado por Deus a Maria
Estar em casa, pois é lá que
Deus nos espera e visita
Um oitavo ponto sobre Maria é uma
informação muito simples e muito importante que Lucas nos dá dizendo que Maria estava em casa quando o anjo chegou para
transmitir-lhe a mensagem de Deus. Maria não estava no templo como Zacarias, nem na
sinagoga, mas em casa, na vida comum de todos os dias. E é nesta situação comum
de todos nós que ela recebe a visita do anjo e descobre a missão que Deus tinha
reservado para ela. Muitas vezes, estamos fora de casa, ausentes de nós mesmos.
Aí, o anjo de Deus chega e não nos encontra em casa. Não percebemos a sua passagem.
Deus bateu na porta e não nos demos conta.
9. Lucas 1,28b A saudação do anjo a Maria
Ter consciência da presença
de Deus
Um nono ponto é a saudação que Maria
recebe do anjo: "Alegra-te, cheia de
graça. O Senhor está contigo!" A palavra Senhor traduz o nome
Javé, Yhwh.
Este nome, revelado a Moisés no Êxodo (cf. Ex 3,7-15), expressa o compromisso que
Deus assumiu consigo mesmo de estar sempre com o seu povo para libertá-lo da
escravidão do Egito e de qualquer outra escravidão. O próprio Deus afirmou a
Moisés: "Este é o meu nome sob o
qual quero ser invocado" (Ex 3,15). Deus não quer ter outro nome. Ele
quer ser Emanuel, Deus conosco. Esta certeza da presença de Deus é a fonte da alegria de Maria e sinal da graça de Deus para com ela: Alegra-te, cheia de graça. O Senhor está
contigo! É fonte de alegria e de graça também para nós. Até hoje, em todas
as missas, professamos esta mesma certeza da nossa fé: "O Senhor
esteja convosco!" -"Ele está no meio de nós!" É o centro da
nossa fé. A raiz de onde nasce tudo!
10. Lucas 1,29-30 A preocupação de Maria e a resposta do anjo
O amor joga fora o medo, e nos
traz a paz
Um décimo ponto é a reação de Maria diante
da saudação do anjo: Ouvindo isso, Maria
ficou preocupada, e perguntava a si mesma o que a saudação queria dizer. O
anjo a tranquiliza: "Não tenhas
medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus". Não ter medo! A
certeza da graça e da presença amorosa de Deus expulsa o medo. Diz a carta de
São João: "No amor não existe medo; pelo contrário, o amor perfeito lança fora o
medo"
(1Jo 4,18). Esta mesma certeza da graça e da presença de Deus estava com os
primeiros Carmelitas no Monte Carmelo e está também com todos nós para
ajudar-nos a vencer o medo. É ela que nos leva a entregar nossa vida na mão de
Deus. Pois o medo paralisa e atrapalha até o raciocínio do pensamento das
pessoas. A afirmação "Não tenha
medo" percorre a Bíblia todo, do começo ao fim, mais de 65 vezes:
desde Abraão (Gn 15,1) até o Apocalipse (Apoc 1,17). A repetição tão frequente
do mesmo conselho deixa transparecer que não é tão fácil vencer o medo.
11. Lucas 1,31-33 Maria será a mãe de Jesus, o filho do Altíssimo
A inacreditável proposta de
Deus para todos nós
Um décimo primeiro ponto é o anúncio do
anjo a Maria: Eis que você vai ficar
grávida, terá um filho, e dará a ele o nome de Jesus. Ele será grande, e será
chamado Filho do Altíssimo. E o Senhor dará a ele o trono de seu pai Davi, e
ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó. E o seu reino não terá
fim. Todas as promessas que, durante séculos, animaram a esperança do povo
vão ser realizadas através de Maria! Jesus, o filho dela, será chamado Filho do
Altíssimo. Proposta inacreditável e desproporcional para os nossos critérios.
Para poder nascer entre nós, Deus não foi pedir licença ao Imperador de Roma, o
dono do mundo, nem ao Sumo Sacerdote de Jerusalém, nem aos doutores do
Sinédrio, o supremo tribunal da época, mas foi pedir licença a uma moça de seus
15 ou 16 anos lá da roça de Nazaré, interior da Galiléia, extrema periferia do
mundo. Isto faz pensar! De lá para cá, o jeito de Deus não mudou. E Jesus, o
filho de Maria, faz a todos nós uma proposta semelhante, igualmente
inacreditável, de sermos de fato filhos e filhas de Deus!
12. Lucas 1,34 A reação de Maria: "Como pode ser?"
Realismo humilde diante de
Deus
Um décimo segundo ponto é a pergunta de
Maria ao anjo: “Como pode ser isso, se
não conheço homem algum!”. Maria não se exalta. Ela escuta o apelo de Deus,
confronta-o com a sua condição humana e pergunta: "Como pode ser?" Não é falta de fé, nem medo, nem recusa,
nem falsa humildade. Mas realismo humilde. Maria não quer ser a causa de que o
plano de Deus corra perigo de fracassar devido às limitações da sua condição
humana. Este realismo diante da proposta da Palavra de Deus evita exaltações
exageradas e nos mantém com o pé no chão. O confronto da vida com a Palavra de
Deus marca a vida de Maria e nos oferece um critério concreto de como "meditar dia e noite na Lei do Senhor".
13. Lucas 1,35-38 Maria se oferece: "Eis aqui a
serva do Senhor!"
Fazer da vida um serviço a
Deus e aos irmãos
Um décimo terceiro ponto é o
esclarecimento do anjo e a resposta final de Maria. O anjo Gabriel explicou: "O espírito santo descerá sobre ti! O
menino que vai nascer será chamado Filho de Deus". E para Maria saber
que isto é possível, o anjo mencionou a gravidez de Isabel, sua parenta idosa e
estéril, que já estava no sexto mês, pois "para
Deus nada é impossível". Esclarecida pelo anjo, Maria não hesita nem
duvida. Ela se oferece: “Eis aqui a serva
do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra!” Maria podia ter dito: Não! Mas ela disse: Sim!, e se fez a empregada de Deus. Ela sabia que isto ia trazer
muitos problemas. Pois como explicar a gravidez ao povo de Nazaré? Como
explicá-la a José, seu prometido esposo? Ninguém iria acreditar. Ela correria o
perigo de ser apedrejada. No entanto, apesar de todas estas dificuldades bem
reais, Maria se entregou à ação da Palavra de Deus. Ela não pensa em si mesma,
nem se fecha dentro do seu mundo. O que conta para ela não é o próprio bem-estar,
mas sim ser a Serva do Senhor, ser um
instrumento eficaz na realização do plano de Deus. Foi o que Jesus aprendeu de
sua mãe, pois ele também define sua vida como um serviço aos irmãos e irmãs: "O filho do homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgata pera muitos" (Mc
10,45)
14. Lucas 1,39-45 Maria visita sua prima Isabel
O serviço a Deus e aos
irmãos é concreto e exigente
Um décimo quarto ponto é a visita de
Maria à sua parenta Isabel: "Maria
partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, às pressas, a uma cidade da
Judéia. Ela acabava de dizer: Eis
aqui a serva do Senhor, e logo começa a servir.
Serviço exigente e muito concreto! Maria faz uma viagem de 130 quilômetros até
a Judéia no Sul para visitar sua prima Isabel e ajudá-la no parto. É parto de
risco: primeiro filho de uma senhora já de idade. Precisava da assistência de
alguém. Maria foi, entrou na casa de
Zacarias e saudou Isabel. Duas donas de casa se encontram, ambas grávidas.
Neste encontro, elas experimentam a presença de Deus. "Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se agitou no
seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito
exclamou: Você é bendita entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu
ventre! Como posso merecer que a mãe do
meu Senhor venha me visitar? Logo que a
sua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada aquela que acreditou, porque
vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu" Isabel elogiou a fé de
Maria, e Maria respondeu louvando e agradecendo a Deus. As duas souberam rezar e
celebrar os fatos das suas vidas.
15. Lucas 1,46-56 O Cântico de Maria: Maria reza com as palavras
da Bíblia
Leitura orante da Bíblia e
conhecimento crítico da realidade
Um décimo quinto ponto é o cântico de Maria: "A minha alma engrandece o Senhor, e exulta meu espírito em Deus,
meu salvador". Este cântico nos faz saber como Maria rezava e como vivia a sua fé. O cântico está
permeado de frases da Bíblia, sobretudo dos salmos. A Bíblia de Jerusalém, na
concordância ao lado do texto do cântico de Maria, enumera dezenove textos da
Bíblia que são evocados ou mencionados neste cântico. Parece até uma colcha de
retalhos, feita com frases e palavras tiradas da Bíblia. Prova de que Maria
conhecia a Bíblia! De tanto meditar e assimilar a Palavra de Deus em sua vida,
quando ela mesma reza, empresta as palavras da Bíblia para poder dirigir-se a
Deus. O cântico também mostra que Maria tinha clara consciência da situação
social e política em que se encontrava o seu povo. Ela conhece as pretensões
dos soberbos (Lc 1,51), a ganância dos ricos (Lc 1,53) e a opressão dos
poderosos sobre os pequenos (Lc 1,52). Ela se faz porta-voz da esperança do
povo (Lc 1,54-55). Unir o conhecimento crítico da realidade com a leitura
orante da Bíblia era a chave que abriu os olhos do coração de Maria para poder
escutar os apelos de Deus, tanto na vida do seu povo e como na sua própria
vida. Na maneira de usar as palavras da Bíblia, Maria verbaliza sua fé de que
as profecias do Antigo Testamento estão se realizando. Deus cumpriu a sua
promessa. O cântico é louvor a gratidão a Deus por ele ter realizado tudo que
tinha prometido: Socorre Israel, seu
servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais,
em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre (Lc 1,54-55). Esta
atitude orante de Maria é um conselho muito importante para nós carmelitas que
devemos meditar dia e noite na Lei do
Senhor. Como ter hoje a mesma atitude frente à Palavra de Deus que
transparece no Cântico de Maria?
16. Lucas 2,1-7 Maria deu à luz na estrebaria dos
animais
O filho de Deus foi nascer
entre os mais excluídos
Um décimo sexto ponto é o nascimento de
Jesus em Belém. Em vista da cobrança dos tributos e impostos, o imperador
Augusto, lá de Roma, a mais de 2.000 quilômetros de distância de Nazaré, tinha
ordenado um recenseamento em todo o império. Todos deviam registrar-se, cada qual na sua cidade natal. José era da família
e descendência de Davi. Por isso, ele e sua esposa Maria tiveram que viajar
mais de 130 quilômetros de Nazaré até Belém, cidade Natal de José. Enquanto estavam em Belém, se completaram os
dias para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou, e
o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria. As
hospedarias daquela época eram prédios de dois andares. O andar de cima, a
casa, era para as pessoas. O andar térreo era para os animais. Seria o estacionamento para os "carros" da época que eram os
animais: jumentos, jegues, burros, asnos, cavalos. Não havia lugar para eles na
casa, no andar de cima. Maria deu à luz no estacionamento da hospedaria, no
meio dos animais. A manjedoura dos animais serviu de berço para o menino Jesus.
É o máximo de exclusão para um ser humano!
17. Lucas 2,8-20 A visita dos
pastores ao menino Jesus
Os pobres são os primeiros
convidados
Um décimo sétimo ponto é a visita dos
pastores. Naquela região havia pastores,
que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor
apareceu aos pastores; a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram
com muito medo. Mas o anjo disse aos pastores: "Não tenham medo! Eu
anuncio para vocês a Boa Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo:
hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o
Senhor. Isto lhes servirá de sinal: vocês encontrarão um recém-nascido, envolto
em faixas e deitado na manjedoura". Pastores eram pessoas rudes, sem
muita aceitação social. Muitos deles nem casa tinham. Passavam a noite no campo
com os animais. Eles são os primeiros a receber a boa notícia do nascimento de
Jesus entre os animais no estacionamento da hospedaria. Eles são os primeiros a
visitar Maria e oferecer-lhe a sua ajuda. Os pastores souberam da notícia pelos
anjos. Hoje também há muitos anjos e anjas que nos apontam o nascimento de Deus
na vida das pessoas. E até hoje eles cantam e nos convidam: "Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens
por ele amados". O evangelho de Lucas diz que "Maria conservava cuidadosamente
todos esses acontecimentos e os meditava em seu coração". Era a maneira de Maria ruminar
os fatos e descobrir dentro deles os apelos de Deus. Com esta frase, o
evangelista Lucas também indica discretamente a fonte, de onde ele mesmo conseguiu
tantas informações sobre a infância de Jesus.
18. Lucas 2,21-40 Uma espada de dor atravessa o coração de Maria
Quem
aceita ser a serva do Senhor sabe que vai sofrer
Um décimo oitavo ponto é a visita ao
templo para cumprir os preceitos da Lei de Moisés. Duas pessoas idosas, Simeão
e Ana, encontram Maria e José com o menino recém nascido nos braços no meio de
outros casais que tinham vindo ao templo para cumprir o mesmo preceito da Lei
de Deus. De Simeão a Bíblia diz: "Ele
era justo e piedoso. Esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava
com ele". De Ana, uma profetisa de oitenta e quatro anos de idade, a
Bíblia diz que "ela nunca deixava o
Templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e orações". O olhar de
fé destes dois velhos consegue reconhecer no menino recém nascido o Salvador do
mundo. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe do menino: "Eis que este menino vai ser causa de
queda e elevação de muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Quanto
a você, uma espada há de atravessar-lhe a alma. Assim serão revelados os
pensamentos de muitos corações". O privilégio de ser a Serva do Senhor traz consigo muita
alegria e também muito sofrimento. O profeta Isaías já tinha anunciado e
descrito as dores do Servo de Deus: "Ele
era desprezado, ninguém gostava de tratar com ele. Homem das dores, acostumado
a sofrer. A gente desviava o rosto para não vê-lo, deixava-o de lado e não
fazia caso dele. Mas eram nossas as dores que ele carregava, nossos os
sofrimentos que ele suportava! E nós o considerávamos como um leproso, ferido
por Deus, humilhado por Ele. Na realidade, ele estava sendo castigado por
nossos crimes, e esmagado por nossas faltas. O castigo que nos traz a paz caiu
sobre ele e nas suas chagas encontramos nossa cura" (Is 53,3-5). Sim,
quem aceita ser servo ou serva de Deus e dos irmãos não terá vida fácil. Mesmo
assim, apesar de tudo, vale a pena optar pelo serviço e não pela dominação.
19. Lucas 2,41-50 Maria não entendeu as palavras e gestos de Jesus
Olhando no espelho encontramos
consolo e orientação
Um décimo nono ponto é o
relato de como Maria, durante a romaria a Jerusalém, perdeu o menino Jesus e o
reencontrou no Templo depois de três dias de busca. Ele estava sentado no meio dos doutores, escutando e fazendo perguntas.
Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com a inteligência de suas
respostas. Ao vê-lo, seus pais
ficaram emocionados. Sua mãe lhe disse: "Meu filho, por que você fez isso
conosco? Olhe que seu pai e eu estávamos angustiados, à sua procura."
Jesus respondeu: "Por que me procuravam? Não sabiam que eu devo estar na
casa do meu Pai?" Mas eles não compreenderam o que o menino acabava de
lhes dizer. Este diálogo entre Maria e Jesus é muito significativo para
nós. Traz um consolo e uma orientação. Maria não tinha entendido o motivo que
levou Jesus a ficar no Templo sem avisar os pais. E agora não entende a
resposta de Jesus. Ela não entende os fatos
nem as palavras de Jesus. Olhando o que
aconteceu com Maria no Templo, estamos olhando no espelho, vendo o mesmo que acontece
conosco. Às vezes, lemos a Bíblia e não entendemos o significado das palavras.
Outras vezes, não entendemos o sentido dos fatos que acontecem conosco na vida.
É um consolo saber que Maria teve o mesmo problema. E a gente logo pergunta: Como
foi que ela fez para entender as palavras e gestos de Jesus? Pois sabendo como
ela fez, teremos uma orientação para descobrir e entender melhor a Palavra de
Deus na Bíblia e na vida. Vejamos:
20. Lucas 2,51 Maria conserva todas as coisas no seu coração
Meditar e ruminar os fatos da vida no nosso coração
Um vigésimo ponto é o retorno de Jesus para Nazaré, onde viveu dos
12 até aos 30 anos de idade. Dezoito anos! A Bíblia descreve este longo período
da vida de Jesus com uma única frase: Jesus desceu
então com seus pais para Nazaré, e permaneceu obediente a eles. E sua mãe
conservava no coração todas essas coisas. É conservando os fatos no coração que Maria procurava penetrar no sentido das palavras e dos
gestos de Jesus. Lembrar! Re-cordar!
Fazer passar tudo de novo pelo coração! Conforme o livro do
Eclesiástico, o coração é de confiança. Ele diz: "Siga o
conselho do seu próprio coração,
porque mais do que este ninguém será fiel a você. O coração do homem
frequentemente o avisa melhor do que sete sentinelas colocadas no alto da
torre. Além disso tudo, peça ao Altíssimo que dirija seu comportamento conforme
a verdade" (Eclo 37,13-15). Assim, fazia Maria para descobrir a Palavra de Deus nos fatos
da vida. Assim ela deve ter ensinado a Jesus durante aqueles longos dezoito anos
em que ele, "obediente",
viveu com ela em Nazaré. Esta é a orientação que Maria nos dá e que acompanha o
consolo que dela recebemos.
21. Lucas 2,52 Maria ajuda Jesus a crescer, e Deus
cresce nela
Fazer Jesus crescer em nós
Um vigésimo primeiro ponto é o crescimento de Jesus naqueles
trinta anos em Nazaré. Diz a Bíblia: Jesus crescia em
sabedoria, em tamanho e em graça, diante de Deus e dos homens. Esta frase deixa entrever
algo do longo processo da encarnação da Palavra de Deus no meio de nós.
Descreve os três aspectos do crescimento
humano "em sabedoria, em tamanho e em
graça”. Crescer em sabedoria é assimilar os
conhecimentos da experiência humana diária, acumulada ao longo dos séculos nas
tradições e costumes do povo. Isto, Jesus o aprendeu convivendo com o povo em
Nazaré. Crescer em tamanho é nascer pequeno, crescer aos poucos e tornar-se
adulto. É o processo de todo ser humano, com suas alegrias e tristezas, amores
e raivas, descobertas e frustrações. Isto, Jesus o aprendeu convivendo com a
família em casa, com Maria e José, com os avós, os parentes, os tios e tias,
sobrinhos e sobrinhas. Crescer em graça é descobrir a presença de Deus
na vida, a sua ação em tudo que acontece, o seu chamado ao longo dos anos da
vida, a vocação, a semente de Deus na raiz do próprio ser. Isto, Jesus o aprendeu
nas Sagradas Escrituras, na comunidade de fé, nas celebrações, na família, no
silêncio, na contemplação da natureza, nas suas longas orações ao Pai, na luta
de cada dia, nas contradições da vida e em tantas outras oportunidades. Muito importante foi a
contribuição de Maria para este lento amadurecimento da Boa Nova de Deus em
Jesus. Que Maria possa ajudar-nos também a nós a crescer em sabedoria, tamanho
e graça, da mesma maneira como ela ajudou Jesus a crescer!
22. Lucas 11,27-28 Um duplo elogio bem merecido
Ouvir a Palavra de Deus e
colocá-la em prática
Um vigésimo segundo ponto é
o duplo elogio que Maria recebe. O primeiro elogio é de uma mulher do povo, e o
outro vem do próprio Jesus. A mulher elogiou a mãe de Jesus: "Feliz o ventre que te carregou e os
seios que te amamentaram". Jesus acrescentou o outro elogio dizendo: "Feliz quem ouve a Palavra de Deus e a
coloca em prática". Maria ouvia a Palavra de Deus e a colocava em
prática: "Faça-se em mim segundo a
tua palavra". Para Jesus, ouvir e praticar a Palavra é a fonte da
felicidade. Era esta a felicidade que ele presenciava na vida de Maria, sua mãe,
durante aqueles trinta anos em Nazaré: "Feliz é quem ouve a Palavra de
Deus e a coloca em prática". No seu evangelho, Lucas apresenta Maria
como modelo para a vida das comunidades. Através daquilo que ele informa sobre
a mãe de Jesus, Lucas nos ensina como acolher a Palavra de Deus, como encarná-la,
vivê-la, aprofundá-la, ruminá-la, fazê-la crescer, deixar-se moldar por ela,
mesmo quando não a entendemos ou quando ela nos faz sofrer. Esta é a chave que
Lucas nos oferece para ler e entender tudo que ele escreve sobre Maria nos
primeiros dois capítulos do seu evangelho (Lc 1 e 2).
No Evangelho de João a mãe de Jesus aparece duas
vezes: nas bodas de Caná (Jo 2,1-5) e ao pé da Cruz (Jo 19,25-27). Para João, a
Mãe de Jesus é um símbolo do AT. Ela aguarda a chegada do NT e contribui para
que o Novo chegue. Como elo entre o que havia antes e o que virá depois, a Mãe
de Jesus nos ajuda a fazer a transição do antigo para o novo e,
assim, ela gera em nós a vida nova em Cristo.
23. João 2,1-13 Maria avisa Jesus: "Eles não tem mais vinho!"
Estar atento a Deus e aos
problemas dos irmãos
Um vigésimo terceiro ponto sobre Maria
é a sua presença e atuação naquela festa de casamento em Caná da Galiléia. O
evangelho de João é diferente dos outros evangelhos. Mateus, Marcos e Lucas
tiram fotografia. João tira fotografia e raio-X ao mesmo tempo. A fotografia
mostra os fatos. O raio-x revela na chapa aquilo que a olho nu não se vê, mas
que só a fé consegue enxergar. Ou seja, João acentua a dimensão escondida de fé
que existe dentro dos fatos e das pessoas e ajuda a gente a penetrar mais
profundamente no mistério da pessoa e da mensagem de Jesus. Para João, Maria
representa o Antigo Testamento à espera da chegada do Novo Testamento. Maria contribui
para que o Novo chegue. Ela é o elo entre o que havia antes e o que virá
depois. Em Caná, ela percebe e reconhece os limites do Antigo Testamento: “Eles não tem mais vinho!” A economia da
salvação do AT tinha esgotado todos os seus recursos e já não era capaz de
realizar o grande sonho, alimentado pelos profetas, a saber: o sonho da festa do
casamento entre Deus e seu povo (cf. Os 11,21; Is 54,4-8). Sem vinho a festa do
casamento corria perigo de fracassar. Maria recorre a Jesus, pois era em Jesus
que estava chegando a possibilidade para superar os limites da antiga aliança e
realizar, finalmente, a grande promessa da união entre Deus e seu povo. É o que
Maria faz até hoje para todos nós.
24. João 19,25-27 Maria em silêncio ao pé da cruz
O discípulo amado recebe a
mãe de Jesus em sua casa
Um vigésimo quarto ponto é a
atitude de Maria ao pé da Cruz, em silêncio total, silêncio mais eloquente que
mil palavras. Jesus viu sua mãe e, ao
lado dela, o discípulo que ele amava. Então disse à mãe: "Mulher, eis aí o
seu filho". Depois disse ao discípulo: "Eis aí a sua mãe". E
dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa. No evangelho de
João, a mãe de Jesus representa o Antigo Testamento, o povo de Deus que vinha
caminhando desde os tempos de Abraão. O discípulo amado representa o Novo
Testamento, a nova comunidade que nasceu e cresceu ao redor de Jesus. A pedido
de Jesus, o Filho recebe a Mãe em sua casa. O Novo Testamento
recebe o Antigo Testamento. Por isso, até hoje, temos o Antigo Testamento na
nossa Bíblia. Antigo e Novo, os dois devem caminhar juntos. É como fé e vida: fazem
uma unidade. O Novo não se entende sem o Antigo. Seria um prédio sem fundamento,
uma pessoa sem memória. E o Antigo sem o Novo ficaria incompleto. Seria uma
árvore sem fruto. Dizendo: "Mulher
eis aí teu filho!" e
"Filho, eis aí tua mãe!", Jesus realizou a transição do
Antigo para o Novo. Cumpriu a sua missão e podia morrer: "Tudo está realizado!" E inclinando a cabeça, entregou o
espírito (cf Jo 19,30).
O livro dos Atos traz uma única informação sobre a Mãe
de Jesus: ela está junto com os apóstolos, aguardando a vinda do Espírito
Santo. Aquilo que dissemos a respeito do Evangelho de Lucas vale também para os
Atos.
25. Atos 1,14 Junto com Maria rezar pela vinda do Espírito Santo
Aguardar em
atitude orante a chegada de Pentecostes
Um vigésimo quinto ponto é a
presença da Mãe de Jesus junto aos apóstolos lá no cenáculo à espera da vinda
do Espírito Santo. Todos eles tinham os
mesmos sentimentos e eram assíduos na oração, junto com algumas mulheres, entre
as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus. Aquele grupo
reunido ao redor de Maria, é a comunidade original, da qual vai nascer a igreja
no dia de Pentecostes. Lucas diz que todos eles tinham os mesmos sentimentos. O que une uma família não é
todos terem o mesmo pensamento, mas
sim todos terem o mesmo sentimento ao
redor da mãe que une a todos. Depois daquela primeira vinda do Espírito Santo
no dia de Pentecostes, houve muitos outros Pentecostes, até hoje. Os Atos dos
Apóstolos mencionam vários outros momentos, em que o Espírito Santo faz sentir
a sua presença (cf. At 4,31; 13,2-3). E ele faz sentir a sua presença até hoje
em acontecimentos grandes e pequenos: Concílio Vaticano II, encontros dos
bispos, encontro das comunidades, reuniões do povo nos círculos bíblicos,
testemunho de tantas pessoas em tantos lugares de tantas maneiras diferentes. O
dom do Espírito santo não se compra nem se vende (cf. At 8,18-24). A única
maneira de receber o dom do Espírito Santo é pela oração. Jesus disse: "Se vocês que são maus, sabem
dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos
que o pedirem!" (Lc 11,13). Sob esta condição: ter os mesmos sentimentos, ser assíduos na oração, junto com Maria, mãe
de Jesus. Sem
comunidade em oração ao redor da Mãe Maria não haverá Pentecostes!
Gálatas e Apocalipse falam da Mãe de Jesus. Nenhum
dos dois menciona o nome dela. A carta aos Gálatas traz um registro sóbrio dizendo
que Jesus "nasceu de uma mulher, submetido à lei" (Gl 4,4). O
Apocalipse fala da mulher em dores de parto, revestida do sol e da lua (Apc
12,1-2).
26. Gálatas 4,4 Deus enviou o seu filho. Ele nasceu de uma mulher
Quem
se humilha será exaltado
Um vigésimo sexto ponto sobre Nossa
Senhora é a afirmação do apóstolo Paulo na carta aos Gálatas: "Quando chegou a plenitude dos tempos,
Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher". Dizer que o filho
de Deus nasceu de uma mulher é o mesmo que dizer que ele, mesmo sendo filho de
Deus, é "igual a nós em tudo, menos
no pecado" (Hb 4,15). Um cântico das comunidades dos primeiros
cristãos acentua a mesma condição humana de Jesus: "Mesmo tendo a condição divina, ele não se apegou à sua igualdade com
Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e
tornando-se semelhante aos homens. Assim, apresentando-se como simples homem,
humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz!
(Flp 2,6-8). Ao ser exaltado por Deus, Jesus levou consigo todos nós
adotando-nos como irmãos e irmãs, filhos e filhas do mesmo Pai. Dos textos do
Novo Testamento que mencionam a mãe de Jesus, este da carta de Paulo aos Gálatas
é de todos o mais antigo. Foi escrito em torno do ano 52. Os outros textos são
posteriores. Paulo ainda não conhece o nome de mãe de Jesus. Isto significa
que, inicialmente, não havia devoção mariana. A devoção cresceu aos poucos. Na
medida em que o povo foi percebendo a importância de Jesus para a sua vida, foi
crescendo também a simpatia, o amor e a devoção pela mãe que o gerou: Maria, a
mãe de Jesus.
27. Apocalipse 12,1-17 A mulher vitoriosa com a lua debaixo dos pés
Maria, imagem dos que lutam em defesa da vida
Um vigésimo sétimo ponto é a
grande visão do Apocalipse, na qual aparece uma mulher em dores de parto,
pronta para dar à luz. Diante dela está um dragão imenso que quer devorar o
filho logo que nascer. A mulher representa Maria, símbolo da humanidade que
luta para fazer nascer a vida contra o dragão da maldade e da morte que quer
destruí-la. Apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida com o sol, tendo a
lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. Estava
grávida e gritava, entre as dores do parto, atormentada para dar à luz.
Apareceu, então, outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo. Tinha sete
cabeças e dez chifres. Sobre as cabeças sete diademas. Com a cauda ele varria a
terça parte das estrelas do céu, jogando-as sobre a terra. O Dragão colocou-se
diante da Mulher que estava para dar à luz, pronto para lhe devorar o Filho,
logo que ele nascesse. Nasceu o Filho da Mulher. Era menino homem. Nasceu para
governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o Filho foi levado para junto
de Deus e de seu trono. A Mulher fugiu para o deserto. Deus lhe tinha preparado
aí um lugar onde fosse alimentada por mil, duzentos e sessenta dias. A
vida, apesar de frágil, vence o poder da morte com a ajuda de Deus. A visão da
Mulher e do Dragão oferece um resumo da história da humanidade, desde a criação
até a época da redação do Apocalipse, quando as comunidades estavam sendo
perseguidas pela política do império romano. No momento da Criação, Deus tinha
pronunciado a sentença contra a serpente e anunciado a vitória da descendência
da Mulher (Gn 3,15), símbolo da humanidade que luta em defesa da vida, símbolo
de Maria, a mãe de Jesus. Esta vitória acabou de realizar-se pelo nascimento,
vida, morte e ressurreição de Jesus. Encarando a história desta maneira, o povo
das comunidades perseguidas pelo império romano encontrava força e coragem
para continuar na resistência e na luta em defesa da vida, sem desanimar.
Até aqui as informações do
Novo Testamento sobre a Mãe de Jesus. Posteriormente, nos séculos seguintes,
quando o povo começou a perceber melhor a importância de Maria, foi crescendo a
devoção à Mãe de Jesus, e a tradição da Igreja foi completando as informações
que faltavam. Nenhum outro santo ou
santa é tão conhecido, venerado e amado como Maria, a Mãe de Jesus. Aqui poderíamos
dizer o que João disse a respeito de Jesus: "Jesus
fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que não
caberiam no mundo os livros que seriam escritos" (João 21,25). Nem
caberiam no mundo os livros que relatam os nomes, as festas, as devoções, as
práticas, as homenagens que a Mãe de Jesus recebe do povo cristão até hoje. É
sinal da nossa enorme gratidão por ser ela a mãe de Jesus que nos revelou o
amor de Deus.
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