João Paulo I foi o primeiro papa pós-conciliar a
falar da maternidade de Deus,
despertando alguma atenção entre os profissionais do Sagrado. A partir daquela
extemporânea e efêmera afirmação, foram ditas muitas palavras sobre o papel da
mulher na Igreja. Pouco, porém, foi feito para dar forma, ao menos esboçada, ao
novo "teologúmeno" da"Misericórdia".
A análise é do
historiador e filósofo italiano Aldo Bodrato, em
artigo publicada na revista Esodo, n. 1 de
2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
"Há dois
modos para que um fotógrafo represente os homens que lidam com os eventos da
sua história. Há um tipo de fotografia que comunica completamente o que o
fotógrafo captura. É uma imagem que fala. Diz coisas fortes e claras; é muito
legível, mas é também fruto de uma investigação finita. É a versão dos fatos do
fotógrafo. E há uma fotografia não finita, em que quem olha tem a possibilidade
de começar um diálogo próprio. É um convite para fazer pessoalmente a viagem que
assim começou" (Paolo Pellegrin, em A
occhi aperti, mostra fotográfica organizada por Mario Calabresi,
Roma: Ed. Contrasto, 2013, p. 174).
A mesma coisa
vale para o teólogo que quiser oferecer aos seus ouvintes alguma representação
do rosto de Deus. Há uma teologia cuja palavra sobre Deus se constrói com uma
sólida argumentação lógica, a fim de captar a identidade específica, de
defini-la, de uma vez por todas, substância e atributos. É uma teologia que dá
autoridade de mestre a quem a propõe e segurança a quem a assume.
Mas há também
uma teologia que, em relação a Deus, tenta apontar os olhos interrogantes para
discernir, no caminho da vida, a luz da Sua revelação. É uma teologia que tem o
objetivo de dirigir o olhar dos homens para uma transcendência que, na própria
irrepresentabilidade, nunca se deixa objetivar em uma imagem finita, em um nome
identificador, mas se faz presença capaz de gerar relação.
Espero que essa
seja a ótica em que será lida esta temerária pesquisa sobre o
"teologúmeno" da "Misericórdia",
o verdadeiro coração do amor de Deus, experimentado e vivido como expressão de
liberdade, muito mais do que de necessidade, dependência e temor,
* * *
"Não se
pode lhe pedir o que ele não pode dar", escreveu Vito Mancuso no
jornal La Repubblica a propósito do livro-entrevista de Andrea Tornielli com
o Papa Francisco sobre a convocação
do Jubileu ("O
nome de Deus é misericórdia", Planeta, 2015). O
renomado teólogo, dando voz ao pensamento de muitos intelectuais, crentes e não
crentes, conservadores ou progressistas, pretendia sustentar que não se pode
esperar de um papa pastor uma profunda e eficaz ação de renovação da doutrina da
Igreja. Ele subestimava, porém, a centralidade da prática da justiça e da
misericórdia na formação do imaginário teológico do cristianismo.
De fato, é
bastante claro ao Papa Francisco e
aos seus porta-vozes que a convocação do Jubileu está
voltada a fazer com que a Igreja e os homens redescubram "o verdadeiro
rosto de Deus". Que "não implica apenas uma reflexão sobre as
práticas pastorais, mas também o compromisso de reabrir, em termos não
abstratos mas existenciais, a questão de Deus, sobre quem é Deus, sobre o Seu
rosto, em um mundo que já age 'como se Deus não existisse' (ou, se age em Seu
nome, o faz para legitimar as próprias tendências destrutivas e
autodestrutivas, a própria vontade homicida e suicida" (La Civiltà Cattolica,
março de 2016).
O Jubileu, kairós para o homem e para Deus
Desde junho de
2013, o papa disse: "Os homens não reconhecem mais Deus, o
Misericordioso", e não O reconhecem mais porque muitos guardiões da
ortodoxia o "burquizaram" [de burca]. Fecharam-No dentro de um manto
preto de preceitos e proibições, que tornam impossível encontrar n'Ele o
verdadeiro promotor e guardião da natureza relacional da criação. As religiões,
que entraram em concorrência entre si e se assustaram com a crescente
secularização dos costumes, tornaram-se cada vez mais agressivas e propensas a
atribuir à própria autoridade confessional a própria autoridade do próprio
Deus. Sequestraram a palavra criadora e libertadora de Deus, transformando-a em
distintas teocracias com muitas ideologias e aparatos burocráticos, leis,
normas e regras, cortes judiciais e códigos penitenciais.
Não é de se
admirar que, assim transmitida e recebida, tal imagem de Deus acaba induzindo o homo religiosus a
se tornar, por sua vez, normatizador, juiz e sancionador do agir alheio. Com o risco
de elevar a rivalidade, a contenda a verdadeira matriz e motriz da história, e
de tornar quase inevitável que a percepção do vínculo que existe entre a vida
própria e a alheia ("Vita tua est vita mea") abra caminho para a
convicção de que o amor por si precede e "primeireia" sobre o amor
pelos outros. Assim, a unidade criadora do amor, todas as vezes em que a
realização do outro entra em concorrência com a minha, se divide em dois amores
conflitantes, legitimando o ditado "Mors tua vita mea".
Dito isto, é
evidente que o Jubileu é
proposto como um tempo privilegiado, um kairós,
caracterizados pelo convite, dirigida aos Pastores da Igreja, ao "povo de
Deus", aos povos da terra, para que se tornem protagonistas do exercício
da misericórdia. E dirigido a Deus para que a todos ilumine e a todos revele a
maternidade-paternidade do Seu amor. Sem a participação ativa das criaturas na
plenitude do Seu amor, de fato, é bem difícil que o "árido-vazio" do
caos nulificante, sobre o qual Deus começou a agir com a Palavra, se torne um
cosmos, um universo, de acordo com a profecia do Gênesis (1,
31), retomada e ilustrada recentemente pelo Papa Francisco na
encíclica Laudato si'.
A maternidade-paternidade de Deus
João Paulo I foi o primeiro papa pós-conciliar a
falar da maternidade de Deus, despertando alguma atenção entre os profissionais
do Sagrado. A partir daquela extemporânea e efêmera afirmação, foram ditas
muitas palavras sobre o papel da mulher na Igreja. Pouco, porém, foi feito para
dar forma, ao menos esboçada, a esse novo "teologúmeno".
Alguns teólogos
e muitas teólogas, detendo-se sobre passagens bíblicas em que se apela à
"misericórdia" de Deus, já lembraram que "misericórdia", em
hebraico, se diz que "rachamim",
de "rehem/útero".
Com isso, também chamaram a exegese e a teologia a refletir com atenção sobre o
valor semântico da terminologia usada pelas diversas línguas da nossa tradição
para falar de Deus.
De fato, a
análise das palavras e das estruturas da língua e da sua história não é pura
questão linguística. O homem e a sua língua, de fato, crescem juntos, e, com
eles, cresce a compreensão e a ação humana no mundo, e cresce o seu
relacionamento com Deus.
Quando o autor e
os comentaristas do primeiro capítulo de Gênesis e
de João nos convidam a
pensar que Deus, com a Palavra, primeiro criou todo tipo de ser e, depois, o
homem à Sua imagem, confiando-lhe tudo, eles dizem que Deus, com a palavra,
convida o homem a dizer a si mesmo em relação ao que o cerca. Eles dizem que o
homem sente e crê que tem a tarefa de fazer com que tudo se torne aquele
conjunto "muito bom e belo" que Deus gostaria de sonhar no sábado do
seu repouso. Eles dizem que, desde o início, Deus se dá às suas criaturas como
Palavra fundadora de relação. Ele se dá para que o outro em relação a Si, na
multiplicidade histórica das suas diversas línguas, diga a si mesmo, o mundo e
Deus.
É por isso que,
no processo generativo da Bíblia, muitas
vezes citada como "Palavra de Deus", Deus se diz e é dito na língua
das suas criaturas e naquela dos homens. E é por isso que a teologia cristã
deve se defrontar com o hebraico bíblico, que, com a sua leve bagagem de
palavras (5.750), fruto de milênios de oralidade, deu voz pré-histórica e
escrita histórica àquela experiência de Deus a que a nossa se refere.
Tudo para se
deparar com o que foi transmitido ou se perdeu, se purificou ou se deformou
dessa palavra nas passagens de língua para língua, de cultura para cultura, de
vivência histórica para vivência histórica, conservado ou tirado de cena,
tornado obsceno por uma censura clerical, inimiga de toda autêntica
espiritualidade.
Voltando ao tema
da "misericórdia/rachamim", deveria agora ficar claro para nós que
falar de paternidade e maternidade de Deus não é questão de cortesia
linguística, muito menos atribuição ao divino de uma forma qualquer de
sexualidade, específica ou polimórfica.
É questão
teológica crucial, até porque, quando a YHWH, o "Eu sou aquele que
sou/aquele que está presente" (Êxodo 3, 14) é atribuído o nome de "El Shaddai/Deus
onipotente", sem contrabalançá-lo com "El rachamim/Deus
misericordioso", as consequências, desde sempre, estão diante dos olhos de
todos.
Por outro lado,
quem sabe que a filosofia, a teologia e até mesmo a ciência não podem abrir mão
de uma linguagem, mais ou menos simbolicamente antropomórfica, para falar de
cada ser, incluindo o Deus dos monoteísmos, sabe que é fundamental integrar,
com as mais comuns tipificações do feminino, as tipificações usadas para
definir o masculino, que ainda hoje permeiam as culturas, herdeiras das antigas
sociedades patriarcais.
E sabe que,
desde as suas origens pré-históricas, a língua bíblica, para falar de Deus,
valoriza, junto com a imagem da autoridade do pai, fundada sobre a força, a
imagem igualmente de autoridade da mãe, ancorada nos valores da afetividade.
Isso a fim de enfatizar que tais qualidades podem ser atribuídas a Deus somente
se não renunciarmos à imagem de uma unidade primária daquilo que está na origem
da vida.
Unidades de Mãe
e Pai, que, como casal generativo de alguém diferente deles, são símbolo
daquela divina relacionalidade que Nicolau de Cusa define
como "Coincidentia oppositorum", e que um antigo midrash qualifica
como "encontro entre misericórdia e justiça": "Se Gênesis 1
começa com com Elohim (justiça),
Gênesis 2 corrige em YHWH (misericórdia). Isso porque a justiça sozinha não
pode manter a criação, e a ela deve ser precedida a misericórdia" (Enzo Bianchi,
em L'esercizio della giustizia e la Bibbia, Milão,
1985; Aldo Bodrato, L'utero di Dio, fondamento del
diritto, Esodo, n. 4 de
2008).
E se Deus fosse um Cospe-fogo de vísceras de mãe...
O Livro de Jonas certamente
não é o mais antigo e de maior autoridade da Bíblia, pela
sua composição tardia, pela sua natureza midráshica e narrativa, deliberadamente
a-histórica, pela complexidade irônica da sua configuração narrativa e a
natureza anti-institucional da sua mensagem.
Mas é um livro
essencial para quem se interroga sobre a relação entre a severidade pedida a
Deus, no desenvolvimento do Seu papel paterno de legislador e garante da
justiça, e o amor por todo ser vivo, que O identifica com a matriz, a mãe
amorosa que gerou todas as coisas e delas se faz guardiã.
Não posso, aqui,
me dedicar a uma exegese analítica dessa maravilhosa fábula, problemática e
teologicamente intrigante, realmente, escrita para nós por um Borges do
século V da antiguidade. Todos conhecemos a singular aventura do velho profeta
justicialista, encontrado por Deus no seu refúgio e enviado para anunciar a Nínive o
iminente castigo. Todos sabemos que ele tenta escapar da nova missão fugindo, é
engolido por um grande peixe, obrigado a obedecer e, depois, pacientemente,
reintroduzido no mistério da divina misericórdia.
E se não temos
memória do Jonas bíblico, desde a infância, conservamos no coração que o Jonas de Collodi, que,
com as "Aventuras de
Pinóquio", reatualiza, para uma sociedade
fundamentalmente secularizada, o seu romance de formação.
Vou me limitar,
portanto, a um exame aproximativo dos termos utilizados pelo autor para indicar
como Deus, alavancando a raiz maternas do próprio agir educativo, consegue
impedir que a sua paixão paterna pela justiça se transforme em ira e realiza,
com a busca do "summus Ius",
a "summa Iniuria".
Jonas, portanto, vomitado da "baleia" nos
arredores de Nínive, anuncia
a vindoura destruição da cidade, que inesperadamente começa a fazer penitência,
na esperança de que "Deus volte atrás, fique com pena, apague o ardor de
sua ira, e a gente consiga escapar" (3, 9).
Sabemos que Deus
se arrepende, Nínive se
salva, e Jonas se enfurece: "Foi por isso que eu corri, pois eu sabia que
tu és um Deus clemente e misericordioso, lento para a ira e cheio de amor, e
que voltas atrás nas ameaças feitas" (4, 2).
O resto segue
até o convite a reconhecer a compaixão de Deus pela "grande cidade, onde
moram mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem distinguir a direita da
esquerda, além de tantos animais" (4, 11).
Uma conclusão em
que a misericórdia de Deus vai muito além da justiça sugerida a Deus por Abraão no
caso deSodoma (Gênesis 18,
20-23). Abraão, movido pela exigência de não tratar do mesmo modo justos e
pecadores, não salva a cidade. Deus poupa Nínive, repleta
de pecadores arrependidos, de crianças e de animais.
Entre úteros muito ternos e narinas flamejantes
Entendemos que Jonas, quando
repreende Deus por não ter destruído Nínive por
ser "misericordioso/rachamim" demais, O acusa de ferir até a morte o
seu prestígio de juiz e legislador, por excesso de sentimentalismo mulheril.
E é natural que,
ouvindo-o imediatamente acrescentar, "lento para a ira/de narinas
distantes", perguntemo-nos o que tem a ver "as narinas
distantes" com a ira e a misericórdia. Faz-nos entender o próprio autor do
livro, quando coloca na boca do rei dos ninivitas a expressão: "Talvez
Deus não irá frear o ardor da sua ira", que significa: "moderar o
ardor/o fogo do seu nariz".
O Livro de Jonas fala
de narinas de Deus, assim como narradores e poetas falam da manifestação física
da ira, descrevendo as frentes fumegantes dos cavalos de guerra e dos touros.
Isso porque os mitos, assim como as fábulas, fazem das narinas, que cospem
fogo, a manifestação visível e tangível da ira, a expressão material do
desprezo e do iminente castigo, que um homem de verdade, com muitos atributos,
não pode manter na reserva, mas deve ostentar, colocar na linha de frente para
aterrorizar o inimigo.
Ora, a
referência simbólica ao útero materno e ao fogo que inflama as narinas/nariz,
para falar da misericórdia e do poder judicial de Deus, não é típico do livro
tardio de Jonas. O seu autor, uma vez que toma o nome do seu personagem de II Reis (14,
15), retoma e relança com inédita radicalidade a linguagem e a mensagem de
textos proféticos e sapienciais mais antigos.
O profeta Naum, a quem o
livro de Jonas parece querer responder, abre a invectiva lançada contra Nínive, no
momento da sua histórica destruição, apresentando-nos o rosto de um YHWH
ciumento e vingador, "terrível na ira como Bahal", o senhor cananeu
dos animais (1, 2). Por mais "longânime/de longas narinas", o Senhor
de Naum não perdoa as ofensas dos inimigos e, com o seu poder, "seca mares
e rios" (1, 3-4).
Amos, além
disso, já tinha utilizado o antiquíssimo arquétipo teológico da combinação de
misericórdia amorosa e potência furiosa de Deus. Ele apresenta a profecia,
posta por Deus na sua boca, como o rugido do leão em busca da presa (3, 4) e
atribui a implacável violência dos povos irmãos em guerra ao fato de ter
sufocado "a própria compaixão/os próprios úteros" (1, 11).
O manso Oseias
mantém o arquétipo, mas inverte os seus resultados: " Como poderia eu
abandoná-lo, Efraim? (…) O meu coração salta no meu peito, as minhas entranhas/rechamim se
comovem dentro de mim. Não farei de fogo o meu nariz" (Oseias 11,
8-9).
"Farei de
você um escravo de seus inimigos (…) pois o fogo da minha ira/das minhas
narinas se acendeu e arderá contra vocês": anuncia Jeremias ao povo de Jerusalém (15,
14), antes da sua queda. Mas, diante do luto de Raquelque chora
os seus filhos: "Será que Efraim não é o meu filho predileto? (…) Por
isso, minhas entranhas se comovem, e eu cedo à compaixão/rechamim" (Jeremias 31,
20).
Assim, o papel
materno de Deus encontra uma forma de acampar nos cantos do Segundo e Terceiro Isaías:
"Pode a mãe se esquecer do seu nenê que aleita, pode ela deixar de ter
amor pelo filho de suas entranhas?" (49, 15). "Como a mãe consola o
seu filho, assim eu vou consolar vocês" (66, 13).
Poderíamos
continuar com outros profetas, salmos e textos sapienciais, livros históricos.
Mas é bom encerrar com Êxodo 34, 6, retomado por Números 14,
18-19. A passagem em que o Senhor se autodefine, revelando-Se de costas ao seu
primeiro profeta: "YHWH, YHWH! Deus de misericórdia/El rahum e
piedade, lento para a ira/de narinas longas e cheio de amor/de muita
ternura" (34, 6).
Despedida
Como conclusão
desta pesquisa sobre a presença contemporânea na Bíblia do
lado paterno e materno de Deus, expressados em uma língua que remonta à
oralidade pré-histórica, se poderia observar que a história da pastoral e da
teologia do cristianismo não se esqueceu da divina misericórdia.
Mais
simplesmente, removeu-a do Deus Pai para atribuí-la a Maria, transformando esta
última de esposa prometida aJosé a Nossa Senhora,
de mãe amorosa de Jesus crucificado na terra a símbolo da misericórdia celeste,
embora submissa ao papel de Juiz último do Cristo ressuscitado.
Também se
poderia especificar, com João Paulo II e Bento XVI, que
o monoteísmo bíblico se fundamenta na impossibilidade de se fazer imagens de
Deus: imagem de homem, imagem de mulher, de todo ser vivo e de toda outra
criatura, incluindo astros celestes.
Especificação
que, sem dúvida, é oportuna, mas que ignora o fato de que a construção
teológica e pastoral cristã, tão propensa à exaltação das únicas virtudes
paternas de Deus, se inspirou justamente no antropomorfismo machista do
imaginário eclesiástico.
E eu não me
refiro ao imaginário das artes e das letras. Refiro-me às imagens fortemente
conceitualizadas e sistematizadas em doutrinas, normas e preceitos, em sistemas
teológicos complexos e totalizantes, em dogmas e dogmáticas de extraordinário
peso e substância.
Refiro-me a
imagens antropomórficas de um Deus que, na história dos homens, de carne, ossos
e capacidades decisionais e de comunicação social, só pode Se revelar, falar de
Si, expressar a própria vontade, definir o que é bom e que é mau, anunciar o
evangelho e celebrar a comunhão entre os irmãos e as irmãs, por meio de
representantes do sexo masculino.
E, na versão
católica do cristianismo, somente por obra de homens celibatários, induzidos a
evitar toda relação vivida com mulher e a impedir que toda outra vocação se
faça presença, real e não apenas retórica, do amor paterno e materno do "Emanuel",
o Deus que está no meio de nós. Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
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