Frei Henk Husktra, O. Carm
Desenvolvimento da comunicação
e da cultura
Visão geral
A comunicação sempre acontece através de um meio, meio e comunicação
estão sempre ligados. A revolução na comunicação significa também revolução na cultura: nos
costumes, na fé, etc.
Cultura oral
Comunicação Oral = comunicação interpessoal, com os sujeitos presentes
um ao outro, podem reagir um com o outro diretamente. É a comunicação das
pequenas comunidades, garantia para a continuidade da vida, centro da comunidade.
Nesta nasceu e se desenvolveu a cultura cristã (passando da cultura oral -
judia - para a cultura escrita - grega). É a comunicação através da presença
física de emissor e receptor.
Cultura Literária
Comunicação Literária = não tem
necessidade de presença física, não é uma comunicação face a face. Criação do
alfabeto, primeira revolução cultural.
A mensagem fixa nos sinais visíveis do alfabeto permitiu conservar esta
mensagem ao longo dos tempos e também distribuir esta mensagem. Começou com a
escrita à mão. Os manuscritos são determinantes daquilo que se transmite, por
isso a comunicação escrita é considerada mais importante do que a comunicação
oral.
Logo que se começou a usar a escrita começou a haver uma reflexão mais
elaborada: se reflete mais quando se escreve do que quando se fala, porque o
que se escreve é conservado e distribuído.
Os manuscritos passam a ser mais importantes do que a comunicação
interpessoal, direta, porque podia ser controlada e perdurava no tempo.
A cultura escrita teve mais influência do que a cultura oral.
Imprensa:
A situação mudou radicalmente com a imprensa. A máquina reforçou a
linguagem escrita e a cultura literária. Deu-se a produção em massa de livros,
com a possibilidade de fornecer textos idênticos. Era o inicio da cultura
literária, a criação da biblioteca.
O primeiro livro impresso foi a Bíblia, produzido em massa e colocado à
disposição de muitas pessoas. A maquina impressora possibilitou a distribuição
em massa da Bíblia, e também a possibilidade de ler, reler e apropriar-se do
texto.
A imprensa foi à primeira forma de comunicação de massa. Criou-se um
modo novo de sentir, de pensar, de expressar-se, de comunicar, de crer. O
alfabeto muda os relacionamentos interpessoais, a religião, a ética, etc.,
produz uma cultura nova. Criou a cultura literária.
Uma revolução dos MCS significa também uma revolução na cultura, em
todos os relacionamentos humanos. A imprensa criou a cultura literária e esta
significou uma revolução na fé e na Igreja.
O crescimento da Igreja protestante coincidiu com a imprensa. A
imprensa possibilitou as diferentes correntes de pensamento e sua difusão, deu
lugar à revolução do pensamento. Provocou mudanças na Igreja, na sociedade, na
fé. Era o fim do monopólio da fé e da unidade da igreja. Foi o fim do monopólio
da Igreja Católica sobre a educação e sobre a verdade. A Igreja teve medo
destes meios e os combateu a imprensa, sublinhou sempre mais a uniformidade da
fé e a racionalidade da fé católica.
Roberto Belarmino colocou a imprensa a favor da Igreja, favoreceu a
imprensa na Igreja e promoveu a doutrina e a própria Igreja. Foi o inicio de
uma nova forma de educação e de formação, nas escolas, nos colégios. Causou uma
revolução na comunicação, na fé, na Igreja, na ética e na sociedade em geral.
Deu-se a transição entre a cultura dos manuscritos à cultura impressa.
Esta foi à segunda revolução na comunicação.
Cultura audiovisual
Terceira. Revolução na comunicação =
transição entre a cultura de imprensa para a cultura tecnológica.
Audiovisuais : comunicação de pessoas com os olhos, os ouvidos e a
boca. Usa dois binários: áudio (ouvidos) e
visual (olhos).
È a combinação da linguagem, dos olhos, dos ouvidos e da boca com os
meios eletrônicos e a tecnologia. Esta foi a terceira revolução na comunicação
- informação por meio da tecnologia: TV, computador, Internet, etc.
A Internet è a combinação, a conexão dos vários computadores dispersos
em todo o mundo via linha telefônica, cabos e satélites.
Linguagem na qual se pode ver,
ouvir e falar.
Novo matrimonio entre palavras e imagens, sob a presidência dos meios
eletrônicos.
A cultura literária é uma cultura de cérebro, è lógica, racional,
reflexiva, cognitiva, é mais abstrata, è mais polêmica. A cultura audiovisual è mais afetiva,
emotiva, mais fantasiosa, é a linguagem do coração. A cultura literária é a
linguagem do cérebro. A comunicação literária é mais conceptual, a comunicação audiovisual è mais perceptiva.
Existe enorme diferença entre cultura literária e cultura audiovisual.
A linguagem audiovisual e uma nova forma de comunicação. O povo é enamorado
deste tipo de comunicação.
Devemos refletir sobre o uso destes meios:
- O que significa os meios audiovisuais para a fé, para a Igreja e para
a Ordem?
- Qual deve ser a contribuição da fé, da Igreja e da Ordem para os Mass
Media?
A transição da cultura literária para a audiovisual é uma mudança
profunda e com muitos efeitos e
tendências, uma verdadeira revolução.
È uma transição da cultura da palavra à cultura da imagem. A palavra
escrita era o centro da nossa comunicação e agora vivemos em uma época onde o
elemento dominante é a imagem. Não significa que a palavra já não seja importante, porém a ênfase é sobre a imagem,
combinada com a palavra. Nas estradas, nas cidades, nos MCS a imagem domina
sobre a palavra, vivemos em uma cultura da imagem, mundo altamente simbólico:
temos o mundo natural, o mundo da sociedade e o mundo simbólico. A Igreja vive
também neste mundo.
Na cultura literária o elemento mais importante era a racionalidade, os
silogismos, levava a tirar conclusões. Na cultura audiovisual o elemento mais
importante é a narrativa, contar a vida como drama e não mais com silogismos. É
uma mudança extremamente importante. O processo da razão era domínio de uma
elite social, o qual requer uma formação, enquanto a cultura da narrativa faz
parte de qualquer ambiente. Os meios audiovisuais criaram esta transição do
processo racional para o mundo da narrativa. Mudança da verdade para a
credibilidade. Na cultura literária a verdade era o elemento mais importante,
na AV. o mais importante é a credibilidade.
A verdade requer correspondência entre os fatos e a credibilidade fala
mais de quem conta estes fatos. A pessoa é verdadeira se é aceita se é
acreditada, se não é aceita, se não é acreditada, não è verdadeira. Na cultura
AV. a verdade depende da credibilidade, na cultura literária a credibilidade
depende da verdade. A verdade depende da coerência de vida. A pessoa è
importante pela coerência de vida e não pelos conceitos que formula.
Este é um ponto de suma importância para a Igreja.
O que é mais importante para a catequese, quem dá catequese ou o que
diz na catequese?
A verdade do conteúdo ou a credibilidade da pessoa que o apresenta? A
doutrina ou o testemunho? A mesma coisa acontece na pregação.
É a tendência da racionalidade rumo à irracionalidade. A cultura literária è intelectual, abstrata,
a AV. é mais um fato de coração, o que conta não é tanto o elemento
intelectual.
Este momento da história è crucial para determinar o equilíbrio entre
estes elementos.
Na TV são tantos os programas que se baseiam nas emoções humanas: ódio,
amor, expressões de aspecto emotivo.
È a tendência revolucionária de passagem do dogma ao drama, da doutrina
para à vida, da palavra à imagem, do conceito à narrativa, da racionalidade à
emotividade, da verdade à credibilidade. Devemos explorar estes pontos e ver
como criar o equilíbrio. Há. o perigo de valorizar demais um elemento em
detrimento do outro.
Neste campo existe os pessimistas e otimistas: há quem diz que estamos
nos divertindo rumo à morte, que a diversão é suicídio, que a TV não é boa, que
é preciso eliminá-la.
O MCS são uma criação humana, utilizados por humanos, tem traços
humanos positivos e negativos, é ambíguo, depende do uso que deles fazemos. Em
vez de perder tempo em condenar o que não é bom, devemos promover o que bom,
mas não podemos nos iludir que podemos mudar todo o mundo do Mass Media.
Estes podem ser uma ajuda para contarmos nossa história, para nossa
cultura de fé, para celebrar, fonte de espiritualidade, de interioridade,
expressão ativa da vida, como experiência espiritual, como sabedoria de vida.
Devemos mudar nossa mentalidade, andar em direção das possibilidades positivas
para nosso ministério espiritual e pastoral, na formação, para celebrar, etc.
São fontes de espiritualidade e novas formas de tecnologia que nos podem ajudar
a compreender nossa época, exercer nosso papel de líderes na Igreja.
O Papa disse que “O Mass Media
são os areópagos da nossa época”. Devemos olhar e escutar o MM, estes nos
mostram a vida de hoje, contam as historias de ânsias e esperanças e o destino
da nossa gente. Se formos receptivos com relação a eles, compreenderemos sua
mensagem e compreenderemos também qual pode ser a contribuição que podemos dar
à nossa época. Como S. Paulo poderemos ser representantes do Deus Desconhecido
ao MM. Devemos aprender do MM e depois dar a estes nossa contribuição.
A Espiritualidade dos filmes
Os audiovisuais têm hoje um papel predominante sobre a linguagem
escrita, sobre a impressa.
O desafio para nós carmelitas hoje è expressar nossa espiritualidade
por meio dos audiovisuais.
Existe muitos estudos sobre a espiritualidade hoje e muito interesse
sobre este assunto.
A linguagem dos filmes.
A comunicação por meio de filmes, é um modo de contar a vida, de contar
a própria história.
A vida está à procura de um narrador. A vida deve ser contada. Se
contamos nossa história podemos começar a viver de um modo mais humano. A vida
sem ser contada não é vida verdadeira.
Na nossa época, mais que nunca, a história está no centro de nossas
vidas, ajudada pelos meios audiovisuais. Está procurando um narrador. Os filmes
e a TV são aqueles que narram a história de hoje. Tantos programas de TV se
dedicam a contar a história. Um “super star”
conta sua história para que o povo possa reconhecer-se nela. E isto
ajuda a encontrar a própria identidade, a própria história. Um dos motivos porque o povo assiste TV é
justamente este. Não é só um fato de cérebro, mas é um fato de coração, falam
das emoções humanas de base: sobre a vida e sobre a morte; sobre o ódio e sobre
o amor, sucesso e falência, etc. O poder dos meios audiovisuais é justamente a
capacidade de contar a história, apresentar o drama da vida. A vida humana se
expressa em todas as suas direções. O povo é fascinado por este tipo de
programas, assiste com prazer estas entrevistas. Na tradição católica
aprendemos a amar as coisas celestes e a desprezar as coisas da terra. Podemos
tornar fascinantes também as coisas terrenas, sentir prazer nas coisas
terrenas, sem cultivar, naturalmente, uma cultura egoísta. Se é possível
divertir sem esperar as coisas do céu. A cultura audiovisual trouxe
precisamente a cultura do prazer, sem esperar pelo céu. Os meios audiovisuais
não influem somente nas emoções de base, mas são agradáveis também do ponte de
vista estético. A linguagem audiovisual possui muito mais possibilidades do que
a imprensa de dar uma forma à mensagem. Tem a possibilidade da música, dos
sons, cores, movimento, palavra falada,
palavra escrita: o binário áudio e o binário visual, imagens que se
movem, combinações que permitem expressões detalhadas e ricas do pensamento.
Como descobrir a
espiritualidade de um filme?
Questões Fundamentais para a formação sobre os filmes:
1. Que relação há entre filme e espiritualidade?
2. Como a espiritualidade é expressa na linguagem dos filmes?
3. Como podemos despertar a sensibilidade para a espiritualidade dos
filmes?
4. Como preparar-nos para coordenar encontros, cursos e seminários
sobre filme e espiritualidade?
Linguagem audiovisual e
espiritualidade
A linguagem audiovisual é um matrimônio entre imagem e palavra, sob a
presidência dos meios eletrônicos. É uma
combinação do que vemos e ouvimos: imagens, cor, movimento, sons, musica,
palavras, canções, postos juntos para contar uma história, para dar uma
mensagem.
Perguntas Fundamentais:
1. O que è espiritualidade?
2. Como a espiritualidade pode ser expressa na linguagem dos filmes e
TV?
3. Como podemos tornar-nos mais sensíveis à espiritualidade dos filmes?
4. Como podemos coordenar encontros e seminários sobre a
espiritualidade dos filmes?
O Instituto Tito Brandsma, de Nimega, Holanda, pode ser um modelo de
pesquisa sobre a espiritualidade dos filmes.
Palavras Chaves na
espiritualidade dos filmes:
1. Spiritus = respiro.
Sem respiro não existe vida.
Aspiração = motivação, força que motiva, que inspira.
Descobrir o spiritus, a motivação do protagonista do filme.
2. Experiência.
Todos nós temos experiências: experiências quotidianas, pequenas
experiências, mas também grandes experiências, de dimensões mais profundas.
Como podemos definir nossa vida a partir destas experiências? Como
podemos experimentar o mistério da vida através destas experiências? Como fazer a experiência do santo, do sacro,
do mistério, dos Santos, de Jesus Cristo, e do próprio Deus.
Temos tantas experiências e precisamos criar uma certa unidade em nossa
vida. A criação da unidade è necessária para o nosso espírito em um tempo de
fragmentação, de incoerências, de pluralismo.
A experiência è o ponto central na espiritualidade. Podemos explorar
esta dimensão nas histórias dos filmes, descobrindo como os protagonistas
tratam e integram suas experiências.
Descobrir quais são as experiências quotidianas do protagonista do
filme e comparar com as nossas.
3. Contexto sociocultural. Ninguém vive no vácuo, no vazio, todos nós
vivemos numa certa época, em um certo lugar. Temos um contexto sócio - cultural - religioso.
Podemos indagar em que contexto vive o protagonista e este contexto nos
fornecerá muitas informações sobre o protagonista.
O contexto constrói a pessoa e a pessoa reage de acordo com o contexto.
Este è um ponto chave na espiritualidade. O protagonista, no filme, critica o
contexto em que vive com a posição que toma. Esta è a espiritualidade do filme.
4. Processo. A espiritualidade implica um processo mais ou menos
explicito. A vida humana è um processo, processo de mudança, de
desenvolvimento, de crescimento. Um processo consciente faz parte da
espiritualidade. Podemos perguntar como os protagonistas do filme dão forma a
este processo, com as decisões que tomam. É um processo consciente. Podemos
perguntar qual è o processo explicito do protagonista e não podemos menosprezar
este ponto.
Estudos revelam que o telespectador muitas vezes se identifica com o
protagonista do filme, mesmo se é um caráter malvado. Isto é importante para a
espiritualidade.
5. Perspectiva ou ponto de vista. Nós sempre temos um ponto de vista,
uma tomada de posição, da qual vemos a realidade. Pode ser um ponto de vista
global, religioso, de fé. È uma visão que forma sobre a realidade, sobre a
vida, sobre o mundo, sobre a sociedade, também sobre a Igreja. Hoje temos
tantas formas de espiritualidade precisamente por causa destes pontos de vista.
A palavra Espiritualidade hoje tem um significado muito amplo:
Espiritualidade da Nova Era, da Mulher, etc., e é usada de acordo com os
diferentes pontos de vista.
Pode haver um dialogo entre a espiritualidade cristã e a
espiritualidade secular?
Nós carmelitas podemos descobrir a espiritualidade secular dos
filmes? O que significa isto? È possível
um dialogo entre a minha espiritualidade e a espiritualidade do Mas Media? Pode
ser uma experiência de enriquecimento? Podemos contribuir para o desenvolver
isto? São questões sobre as quais devemos refletir.
6. Transformação. A
espiritualidade implica uma mudança, uma transformação na vida, no sentido de
integração, unidade, realização, humanismo, cristianismo.
Podemos notar que os personagens no final do filme não são iguais a
antes. Que processo sofreram, que tipo de transformação tiveram?
7. Modelos Místicos. Todos os fenômenos da vida são conexos, têm uma origem comum. Misticismo é um
fenômeno que se encontra em todas as religiões e culturas. As formas de
expressão são diversas mas a chave é igual em qualquer lugar. Escritores dizem
que muitas pessoas em nossa época tem experiências místicas. É possível que o
protagonista de um filme tenha experiência mística? Devemos ser abertos a esta
possibilidade.
Devemos usar estas palavras chaves para construir um modelo,
“spiritus”, de experiência. Com estas podemos explorar e definir a
espiritualidade. Podemos usar este modelo para explorar o fenômeno espiritual
nos vários filmes.
Quando falamos sobre filme e
espiritualidade, não falamos só dos filmes ou só de nós, devemos comparar
nossas experiências com a do filme. Em um encontro ou seminário a coisa mais
importante não é o filme, mas a reflexão ou debate que se faz sobre o filme. O
filme è um ponto importante, mas é somente um ponto, outro ponto é nossa
reflexão comum sobre a espiritualidade que se quer descobrir no filme, que se
deve construir juntos.
1. Espiritualidade é o cultivo do espírito, do ponto de vista cristão, carmelita.
2. Filme é a linguagem audiovisual, com seus dramas e histórias, com as
emoções, afetos, fantasias, todas as emoções humanas básicas: amor, ódio,
ternura, etc. contadas de forma concentrada, reduzida, . Existe momentos
cruciais do protagonista que são expressos no filme, momentos de transformação,
por isso é uma linguagem excelente para a espiritualidade.
5. Relação entre a historia do filme e o telespectador. O telespectador
pode entrar em dialogo com a historia do filme. Partilhando com outros suas
emoções, torna-se uma espiritualidade dialógica. A linguagem do filme pode
estimular muita gente a falar, criando possibilidades amplas para exprimir os
fenômenos espirituais e enriquecer-nos.
Com ajuda dos filmes, podemos tomar consciência do fenômeno central da
espiritualidade em nossas vidas com seus dramas. Pode-se tomar consciência que
os vários processos de purificação, os dramas, a noite escura, podem mudar
nossas vidas, é um desafio para o qual não encontramos todas as respostas.
É necessário explorar as possibilidades dos filmes para a
espiritualidade. O que nós carmelitas podemos fazer a respeito desse fenômeno
da espiritualidade?
Filmes e espiritualidade
Depois um pouco de discussão se pode integrar os vários significados,
devemos ter confiança no público, que tem a capacidade de compreender juntos,
na sua partilha, o que significa o filme
para eles sem violar o sentido da fé.
È importante também à direção do animador, que tenha a capacidade de
centralizar alguns pontos.
O dialogo feito a partir do filme é mais importante do que o próprio
filme.
1. O filme pode oferecer um maior conhecimento cristão
2. Externar um processo de partilha.
3. Dar uma orientação à nossa experiência, nossa visão, nossa
expectativa.
4. Desenvolver o significado espiritual.
5. O uso do filme na espiritualidade oferece enorme possibilidades para
o ministério pastoral em uma cultura audiovisual.
Nem todos os filmes tem a mesma
importância para a espiritualidade.
Os filmes são fontes de uma experiência forte, a historia do filme
conta uma reorganização da vida, com seus momentos de felicidade, crises, de
rupturas, etc.
Na coordenação de estudos, encontros e seminários sobre filme e
espiritualidade é importante ter bem presente os critérios para a seleção dos
filmes.
O grupo deve tornar-se uma comunidade de interpretação, desenvolve um
senso de espiritualidade à luz do Evangelho, criando uma nova forma de
ministério pastoral, nos grupos de jovens, nas paróquias, nas casas de formação
religiosa.
É um campo muito importante que deve ser explorado, apresenta muitas
possibilidades para conhecer melhor a cultura na qual vivemos.
Podemos criar na Ordem uma política de comunicação em um mundo em
transformação.
Relacionamento entre regista e
consumidor - técnica do mercado
Pensamos que estamos comprando aquilo de que temos necessidade, mas na
realidade è que compramos aquilo que a propaganda quer que eu compre.
O relacionamento entre regista e telespectador é o mesmo - o regista
Devemos fazer com que o publico seja mais autônomo com relação à TV
Devemos perguntar: - que uso faz o publico faz da mensagem? Deve-se construir o significado.
Devemos fazer com o MM como se faz nas CEBs, onde as pessoas se reúnem
para refletir a Bíblia, que è um livro que se lê sem exaurir o significado.
Pode-se formar comunidades que
sejam capazes de interpretar o filme.
Publicidade
Vejamos por exemplo uma publicidade de tinta segundos que apresentam
uma mensagem fascinante, convencem as pessoas só em 30 segundos.
Embora empregue muito tempo para preparar, a estética tem uma função
muito importante: preparar o telespectador para receber a mensagem. Cria
interatividade entre quem transmite a mensagem e quem a recebe e os usuários
podem determinar o uso destes, podem ser ativos ou inativos.
A publicidade usa dois tipos de
meios:
- audiovisual: prepara o
telespectador à mensagem
- parte verbal: que é a verdadeira mensagem.
È uma mensagem agradável, porque é acompanhada de cor, música, sons, movimento, è uma história dramatizada, de fácil
compreensão,
Pode ser analisada a partir de
3 critérios de avaliação:
- Econômico : custa muito
- Ético : aspecto moral da vida.
Os meios audiovisuais são abertos às dimensões humanas e
espirituais. È importante explorar e descobrir a dimensão religiosa,
moral e espiritual dos mesmos.
- A estética é utilizada para criar espaço no telespectador para
receber a mensagem.
Às vezes em uma publicidade de 25” , só nos últimos 5” se revela a mensagem. 20” para criar expectativa,
preparar para a recepção da mensagem, criar tensão, abrir o telespectador ao acolhimento. A mensagem
vem só no fim. È uma mensagem atraente, com belas imagens. Usa da estética para
atrair o telespectador.
Para nós, Igreja, é importante refletir sobre esta utilização dos
audiovisuais na publicidade.
Usamos muito a imprensa, mas a expressão audiovisual, que são os meios
principais de hoje, ainda não. O povo hoje é audiovisual. Nos arrependeremos se
não os usarmos. Devemos perguntar-nos como transmitir o nosso carisma através
destes meios. Passamos da cultura
impressa à cultura audiovisual. Por muito tempo estas meios foram vistos com
suspeita, mas hoje sabemos que eles são interativos. Além do mais, o
telespectador pode escolher o que assistir. Pensou-se que estes eram contra a
vida religiosa, mas os tempos são mudados e estes meios mudaram nossa vida.
Nós que somos da cultura literária temos dificuldades em compreender a
cultura tecnológica. Mas as novas gerações está domesticada nesta cultura, mais
envolvida nela, comeu e bebeu da mesma. Mas também nos devemos aprender a
apropriar-nos desta cultura.
Como expressar nossa tradição com os meios audiovisuais?
Apresentação de filmes
Foret Gamp:
Filme popular. Ponto central: A
vida humana tem um destino. Porque estamos sobre a terra? Qual é o nosso
destino?
Toca as diversas sensibilidades de milhões de pessoas. As questões de
destino da Providencia são simbolizados no início e no fim do filme por uma
pluma branca que desce e sobe.
Um jovem, um pouco retardado mentalmente, com um Q.I. de 75%, conta sua
vida. Em uma série de flashs, cenas, imagens, mostram como as pessoas reagem
com relação a ele, o consideram um tolo, um bobo. Se de uma parte é considerado
bobo, por outra é alguém que faz esforços sobre-humanos, é considerado um
herói, honrado por diversos presidentes dos USA. Ama muito Jane, sua esposa. È
uma pessoa muito simples e é orientado pelos sábios provérbios d sua mãe.
Jane è uma jovem inquieta, sempre insegura, olha sempre para o alto,
quer transformar tudo em céu, longe da realidade cruel. É difícil para os dois
viverem juntos. Quando se esforçam por conviverem, Jane o abandono
imprevistamente e então ele começa uma maratona pelos USA, corre por 3 anos, 2
meses, 14 dias e 6 horas. Depois, Forest
vai à casa de Jane. Ela tem um filho, Forest Gamp Júnior, e está muito mal de saúde. Ele a leva para
sua casa, cuida dela até à morte.
No fim do filme, Forest fala com Jane no túmulo. Depois leva seu filho
à escola, como sua mãe fazia com ele, e aquela pluma sobe dos seus pés para o
alto. Forest evoca associações e compreende o que é essencial na vida humana.
Com sua amabilidade, Forest nos apresenta um mundo de amizade, de amor,
de honestidade, de caridade. Tudo isso é ressaltado nas suas atitudes.
Portanto, o filme é uma lição de realidades eternas, é um mito sobre as origens
e o destino da raça humana. Tem um direcionamento moral, espiritual e também
humorista.
Porque este filme? Porque feito nos USA em tempos de racionalismo e
eficiência técnica?
Para os Grupos:
1. Refletir sobre: como o filme trabalha a imagem, a música, o drama e
identificar cenas, música, frases que mais tocam sua sensibilidade.
2. Quais valores espirituais
pode-se encontrar e experimentar no filme?
Os últimos passos de um Homem
O filme gira em torno do tema Vida & Morte.
Feito em 1995, nos USA. Uma freira americana escreveu um livro sobre
seu trabalho com 2 condenados à morte e este foi transformado em filme. È um
filme sobre a pena de morte.
O protagonista, com outro companheiro, matou uma moça e um rapaz e foi
condenado à morte. O papel central é ocupado pela freira, Ir Helena. O filme
mostra o lado desumano da pena de morte.
Para os grupos:
1. Que experiência você fez sobre a direção espiritual da Ir Helena:
imagens, palavras, expressões...
2. Fazer relação entre a direção da freira e a conversão do assassino.
Devemos ser prudentes ao utilizar a arte na espiritualidade. Saber
fazer a diferença entre: o que o filme mostra em si e aquilo que percebemos com
nossa sensibilidade. Aquilo que percebemos está no filme ou está em nós? Às
vezes vemos no filme nossas projeções mentais. Não interpretar no filme aquilo
que o autor não quis dizer, estar atentos às nossas projeções. As experiências
subjetivas referentes ao filme depende da historia pessoal.
O filme pode ser interpretado
em dois níveis:
- O que o filme mostra em si
- O que o telespectador percebe a partir da sua vivência, a partir de
sua experiência.
Depois integrar os dois aspectos.
Como fazer um grupo de pessoas tornar-se uma comunidade de
interpretação, que descubram juntos o que o filme quer dizer? Saber descobrir
sinais de vida expressos nos filmes.
Meios de Comunicação e
Evangelização
Pierre Babin
Como usar os MCS para aumentar nosso impacto na sociedade, para
comunicar nossa mensagem?
Como superar nossos preconceitos?
Um conceito – “Os meios de comunicação ajudam a tornar a mensagem
aceitável”
São ajudas. – Este conceito não
é correto. É uma concepção
instrumental. Devemos passar a uma
concepção cultural. Se mudar o nosso modo de comunicar, mudará a sociedade.
Taizé não usa meios, todo o conjunto celebrativo constitui os meios.
Nós consideramos o que Cristo disse como a mensagem, em vez, a mensagem
é o próprio Cristo, seu relacionamento com as pessoas.
Se evangeliza quando se une ao povo que se quer evangelizar, não
transmitindo doutrinas, mas criando laços.
A Redemptoris Missio diz que “não basta usar os meios, é necessário integrar a mensagem na nova
cultura”. Não só conhecer o aspecto técnico dos MCS, mas conhecer e integrar-se
na nova cultura.
Nesta nova cultura o conteúdo é a pessoa que evangeliza. Eu leio a
Bíblia, ela me converte, eu me torno seu conteúdo.
A chave desta nova cultura é a vibração
= modulação.
Os cinco aspectos desta nova
cultura:
Modulação – ( impacto )
linguagem fundamental:
Para evangelizar é necessário despertar a interioridade. Para entrar nesta cultura devo ser receptivo,
é uma linguagem que exerce um impacto, que não é intelectual. Não precisa
pensar, só receber o impacto no sistema nervoso (ex: uma visita do Papa) .
Se entramos nesta cultura
compreenderemos como as novas gerações vivem esta modulação.
Há 5 séculos vivemos na cultura intelectual, hoje devemos adotar a
pastoral da modulação.
Qual é o papel da pregação?
- Devemos estar atentos para que nossa modulação desperte a
interioridade.
Os ouvintes – ocupam o primeiro
lugar.
O ouvinte torna-se o elemento mais importante quando se torna parte do
comunicador.
Partilha – é o método (
admirável comércio entre quem emite e quem recebe a mensagem)
A Evangelização é uma conversação na praça do mundo para transmitir uma
mensagem.
O centro não é Deus como Verdade, mas Deus como um bem. A evangelização
mais do que troca de opiniões é troca de bens.
É como no comércio, a primeira coisa a se fazer é estimular
desejos. A evangelização é oferecer uma
experiência. O que toca mais em uma visita do Papa é sua presença, oferece uma
experiência.
O método não é dar uma quantidade de doutrina, mas levar a um
relacionamento, fazer experiências juntos, viver juntos.
Em vez de apresentar a figura de Cristo, levar a fazer experiência de
Cristo, despertar o eu como pessoa humana, ligado a Cristo, entrar em contato
consigo mesmo, é uma intuição.
O ambiente ( terreno)
Criar ambiente de silêncio ( música, canto) para despertar o desejo de Deus. Deve ser pastoral
do terreno, em vez de ser pastoral de palavras. Um pouco de música, luzes, uma
frase da Bíblia, diz mais do que muitas palavras. Tem necessidade de um pouco
de sombras, um pouco de luz, silêncio, para despertar o sentimento interior.
Modificar o tom de voz, preparar o ambiente, o terreno, despertar o silêncio.
Na cultura literária a figura ( palavra) é mais importante do que o
terreno, na cultura audiovisual o terreno é mais importante.
Turbulência – (ondulações) leva
à interioridade
Muitas vezes as pessoas têm necessidade de espiritualidade e não as
tem. Ser testemunha é levar o outro a escutar a voz interior. Se não
despertarmos o senso do mistério, de ser si mesmo, não evangelizamos. Uma
mistura de mistério e necessidade.
O cristão do futuro ou será mistério ou não será cristão.
Quem trabalha com os jovens deve fazer crítica de modo positivo, viver
com atitude positiva diante da nova cultura. O perigo é querer seguir a moda para ser como os jovens, fazer tudo o
que eles fazem.
Adotar uma nova cultura não significa desprezar a anterior, mas dar
mais atenção a uma nova mentalidade, a uma
nova cultura e tentar relacionar as duas.
*Síntese do Curso sobre Comunicação, promovido pela Ordem Carmelita em
Sassone, Roma, 1998.
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