I-
DADOS BIOGRÁFICOS
- 1566, 2 de abril: nasce em Florença.
- 1574-1578: educanda no mosteiro de S.
João dos Cavalheiros.
Faz a primeira comunhão (1576)
Emite o voto privado de virgindade
(1576)
- 1578, 30 de novembro: primeira
manifestação extática na vila de Putignano
- 1580-1581: de novo educanda no
mosteiro de S. João dos Cavalheiros
- 1581-1582: é acolhida no mosteiro de
S. Jerônimo. Depois volta à casa
- 1582, agosto: período de prova no
mosteiro de S. Maria dos Anjos.
- 1582, 1 de dezembro: entrada
definitiva no mosteiro carmelitano.
- 1582, 8 de dezembro: início do
postulantado
- 1582, 30 de janeiro: vestição.
- 1584, março: doença misteriosa.
- 1584, 27 de maio: profissão
(antecipada)
- 1584, maio-julho: primeiras
experiências místicas (40 dias).
- 1584, 16 de junho: curada
improvisamente por intercessão da B. Maria Agnesi
- 1585, março - maio: fenômenos
extraordinários intermitentes
- 1585, junho: segundo grande ciclo de
êxtases (recebe 7 vezes, em várias formas, o Espírito Santo)
- 1585-1590: período de grandes provas,
chamado pela Santa “a lagoa dos leões”
Saída do noviciado
Chamada a colaborar na renovação da
Igreja
O dom místico sobre a Paixão
Nomeada vice-mestra das noviças (1589)
Fim das provas e dons e comunicações
divinas
- 1592: longa êxtase sobre a Paixão
Nomeada sacristã (1592)
Excesso de amor: convite com som de
sinos.
- 1595-1607: o “nudo patimento”
- 1607, 25 de maio: morre.
Homenagens
póstumas
- 1626: é beatificada pelo papa Urbano
VIII.
- 1669: é canonizada pelo papa Clemente
X.
II
- OS ESCRITOS
A Santa não escreve nada. O seu
confessor lhe ordenou que referisse a algumas religiosas o que lhe acontecia
espiritualmente. Alguns destes relatos estão escritos enquanto a Santa estava
em êxtase. A Santa depois os corrigia. Foram formados cinco volumes:
- O livro dos Quarenta Dias
- O livro dos Colóquios
- O livro das Revelações e Inteligências
- O livro das Provações
- O livro da Renovação da Igreja
Existem também 27 cartas aos familiares
e um opúsculo intitulado “Ensinamentos e Avisos”.
III.
- EXPERIÊNCIA E DOUTRINA ESPIRITUAL: A EXTÁTICA FLORENTINA
I
- Forma e fundamento dos êxtases
Analisando os escritos da Santa, é
necessário saber distinguir bem entre a forma, muitas vezes improvisada, e o
conteúdo das mensagens. Desejando analisar a fundo os êxtases da santa, pode-se
concluir que estes são consequência de uma vida de renúncia e de oração por
amor. Em sua origem, porém, se encontra uma enfermidade misteriosa que reduz
suas forças ao mínimo. Ainda que haja uma intervenção divina na vida da santa,
na base de tais fenômenos vamos encontrar sua debilidade, tributo pago à
presença divina, pela alma fervorosa, cheia de amor incontido.
São estes os resultados de pesquisas de
estudiosos (Larkin; Ancilli) que têm exami-nado tais êxtases em confronto com
fenômenos de histerismo. Para um destes estudiosos “os documentos manuscritos
[...] não apenas nos asseguram de forma completa a ori-gem sobrenatural do
êxtase, mas oferecem elementos para uma explicação, ainda que parcial, dos
mesmos fenômenos sob o enfoque psicológico [...]a psicologia do amor, unida à
ação divina, oferece-nos tal explicação sobre o êxtase da santa”.
Podemos questionar o mecanismo sobre o
qual ocorre e se desenvolve o fenômeno do êxtase. A alma recebe uma graça
extraordinária de luz e de amor sobrenatural. A esta particular graça se
preparou com uma vida de santidade e de mortificações. Assim, a alma, “presa ao
amor” (1,218) perde o uso dos seus sentidos. A razão disto é que toda a sua
atividade se passa no seu “cume” ou seja, na parte superior da pessoa. Conforme
o ensinamento de S. Tomás, quando a alma concentra toda a sua atividade em uma
das suas faculdades (intelecto ou vontade, por ex.), tem momentaneamente
suspensos o exercício das demais. Isto explica porque, quem está sob o fenômeno
do êxtase, vendo, não vê e tendo ouvidos não ouve;
No início do êxtase sente-se um
misterioso impulso ou, como afirma a santa, uma atração em mim mesma. A esta
atração segue-se um convite interior súbito e persuasivo. A alma então se eleva
à contemplação dos divinos mistérios.
Durante o êxtase observam-se fenômenos
particulares. Sobre este Ancilli afirma: “Os fenômenos dos movimentos e das
palavras não oferecem dificuldade de compreensão, face ao princípio do amor
acima enunciado (isto é, tudo se pode explicar pela presença de um amor
ilimitado). A plenitude do Amor na extática era tão imediata e transbordante
que a fazia expressar-se em gestos e palavras. Mas, como de outra parte estava
mergulhada em sua visão, os movimentos e a as mesmas palavras escapavam à sua
consciência. Eram como simples reflexos involuntários, mecânicos, em natural
sin¬cronia e espontânea resposta aos movimentos da alma, transbordante de amor
e de dor.
II
- Doutrina
a) Visão teocêntrica da vida espiritual
A visão da vida espiritual vem
apresentada como uma dúplice cena: uma que se desenvolve na eternidade e outra
que se passa no tempo. A primeira introduz nos abismos da divindade, onde se
encontra a explicação da segunda, a qual representa o mistério do Verbo
encarnado e o caminho do homem rumo ao céu.
A explicação vem dada com base no amor
que anima e une as duas situações. Deus é essencialmente amor, repete inúmeras
vezes a Santa. A criação teve início como uma forma de excessivo amor e
transbordante plenitude. Com o pecado, livremente cometido, a criatura se torna
“incapaz de receber em si o dom de Deus” (III,144). Entretanto, só em parte, o
homem perde esta capacidade, porque surge na Trindade “um novo Conselho, ou
seja, nova forma de unidade e de amor” para redimir o homem mediante a
Encarnação do Verbo. Um último “conselho amoroso” decide “conferir sublimes
dons e graças” à criatura fiel e a “cada um segundo as próprias obras” (III,
146). Madalena desenvolve, de modo inigualável, estes temas, baseando-se de
preferência sobre o segundo conselho, a obra da redenção.
b)
- O Verbo encarnado
Ainda que seguindo a linha de outros
místicos, Madalena afirma repetidamente (II,692: III, 59) que o Verbo teria se
encarnado mesmo se o homem não tivesse pecado.
Entretanto, apresenta-se revestido de nossa carne mortal para nos
redimir de nossa culpa.
O motivo único de sua vinda foi o seu
grande amor, que o levou até à paixão na cruz, fazendo-o quase “esquecer-se da
própria sabedoria” (III, 122,48). O Verbo nos remiu mediante a sua humanidade:
“Tabernáculo de Deus” (II,95), do Espírito Santo possuído como “coisa sua” (II,
140). Aquele que não passa por esta santa humanidade não pode chegar à
salvação. (II, 149). Ele é a “ponte” (II,’372), a “escada” (II, 328), o “barco
que conduz ao porto” (IV, 623). O Verbo humanado, colocado entre “a ira de Deus
e a iniquidade do homem” (IV, 620). Torna-se perfeito instrumento de redenção
(IV, 249), que iniciada na dor foi consumada na cruz.
Nenhum tema volta com tanta frequência,
na doutrina de Madalena, como a paixão cruenta e interior (mental) de Jesus,
simbolizada pelo mesmo sangue, em face do qual a grande extática nutria devoção
profunda. A “redenção” do homem mediante o sangue, leva a humanidade a um plano
de vida superior àquele da justiça original, semelhante ao dos próprios anjos
(III,281). O amor de Deus para com o homem, antes e depois da encarnação “é tão
diferente como a luz o é das trevas” (II,689). A alma elevada novamente a tanta
grandeza, passa a assemelhar-se a Jesus “livro da vida” (II,689). A sua
se¬melhança com Deus é proporcional à semelhança com Cristo (IV, 657).
c)
- A Bem-aventurada Virgem Maria
“Fortemente cristocêntrica, a piedade e
a doutrina da santa é também igualmente mariana. Da Bem-aventurada Virgem Maria
afirma a imaculada conceição (II 689), a san¬tidade singular “a mais santa,
seja na vida presente como na eternidade” (IV, 476); a maternidade espiritual
(II,79); a mediação de cada graça (III,59)”.
d)
- O amor, chave e guia de tudo
O retorno do homem a Deus é concebido
como a luta entre dois amores: o amor próprio e o amor divino (IV, 660-704),
atraído pela humildade. A seguir, a caridade é ou¬tra virtude sobre a qual
insiste. A soberba é a destruição e desunião entre Deus o ho-mem, entre o homem
e o homem (II, 495). É de notável eficácia psicológica a descrição da soberba e
dos outros vícios (II, 452ss); a humildade restabelece a união como mãe do amor
e abertura à graça. Pode-se colocar obstáculo à liberdade - grandeza e
estreiteza do homem (III, 285) - quando se deixa dominar pela soberba..
O retorno à pátria se pode fazer por
dois caminhos: um largo e um estreito ou pequena senda. No primeiro caminham os
seculares, no segundo os religiosos (II, 167). Numerosas são as suas descrições
sobre a vida religiosa, com suas exigências e práticas específicas (muito fala
sobre as renúncias ascéticas e quase nunca sobre a oração); as suas possíveis
deficiências, etc.
A doutrina, mais teórica do que prática
nas Êxtases, é exclusivamente prática, nos Ensinamentos. Não há nada de
específico sobre o êxtase, senão o ardor e a paixão grande com que vem
expressado. Se mediante as virtudes cardeais (de que vem dadas breves
descrições de sabor tomístico, por ex. III,228), a alma é conduzida a Deus (IV,
378) é porém exercitando aquelas teologais que direta e intimamente a Ele se une
(II,270). Toda presa pelo amor, Madalena pouco fala da fé; quase nunca da
esperança. O amor do qual nos oferece algumas classificações em base à sua
intensidade e aos efeitos que produz (II 438; 647; III, 1777) é a chave de todo
o edifício espiritual: guia de cada momento de nossa história divina-humana:
“criados por Deus por amor e com amor, é pela vida de amor que devemos retornar
a Ele” (IV, 336). Somente este é critério para assinalar o progresso da alma na
via do seu retorno (III,194).
É significativo o fato de que a doutrina
sobre os sacramentos, em geral muito pobre, não o é a respeito da Eucaristia, o
sacramento do amor. O verdadeiro amor a Deus exige o amor ao próximo: “não
existe um sem o outro” (IV,690).
O aspecto apostólico do amor, sublinhado
com particular cuidado, torna Madalena aberta também doutrinalmente, às
preocupações dos tempos, sendo a este respeito, muito significativo, seja o V
ms. sobre a Reforma da Igreja, seja em relação aos motivos dogmáticos tratados
(graça, livre arbítrio, purgatório, etc.), seja enfim, a suas devoções (à
humanidade de Cristo, ao anjo da guarda, às almas santas) tipicamente italianas
e contra-reformistas. Mas a principal função do amor é aquela de unir a alma a
Deus (II, 150, 310,etc).
A união com Deus é uma necessidade do
homem em vista de sua própria felicidade (II,250, 468) e é uma exigência do
amor divino, o que “não deseja nada que não seja igual a si mesmo” (III,127). A
união exige profunda purificação que assimila, libertando, mediante a prática
das virtudes, sobretudo da humildade-amor, que conduz ao “aniquilamento”. A
alma deve “nada desejar, nada possuir, nada sentir para chegar então a
compreender cada coisa” (II, 331). A intervenção de Deus, requerida pela
humildade, é proporcional ao amor e é dolorosa porque purificadora e
iluminadora. A alma deve recebê-la com humildade e abandono (IV, 455; II, 886,
etc.). A aparente renúncia à ação, de que faz aceno nos manuscritos, não é
estática apatia, mas consiste em simples desprendimento do sujeito “deixar Deus
agir e lançar-se inteiramente nele, de tal forma que Deus opere nela e ela em
Deus e assim, de certa forma, agindo o faz sem todavia saber que faz” (III,
169). Para chegar à transformação, em que tudo é paz no fundo da alma, apesar
das lutas na superfície e na qual há um conhecimento particular de Deus gerado
pelo amor , deve-se transcender qualquer forma criada, e ainda a mesma
humanidade de Cristo (II, 252). A vida espiritual é, então, como um círculo,
animado pelo amor, que encontra em Deus o seu ponto de partida e de chegada.
III
- Influxo e atualidade
a) Elementos contra-reformistas e
anti-jansenistas
A espiritualidade de Madalena deve ser
enquadrada, para ser plenamente com-preendida, no ambiente histórico da Reforma
Católica que teve um forte influxo no Concílio de Trento.
Nos conteúdos da doutrina da Santa
encontramos relevo dos elementos contra-re-formistas e anti-jansenistas.
Realmente, também se encontra presente a característica principal da
contra-reforma italiana: o colocar um maior
relevo na parte que anima o de-senvolvimento no caminho da perfeição,
até chegar ao próprio aniquilamento, o que só é possível com o amor de Deus. É
o que a santa mesma canta sobre o amor divino, por ela provado também no
próprio corpo com os estigmas dolorosos e invisíveis. Tais carac-terísticas,
isto é o hino ao amor divino e os estigmas invisíveis e também dolorosos, são
próprios da espiritualidade italiana da época (século XV). Como outro exemplo
temos S. Felipe Neri.
Grande importância foi dada à meditação
da Paixão e dos sofrimentos interiores do Cristo, que produz na alma o
“compartilhar do Amor”. Sobre isto podemos encontrar exemplos nos diálogos
entre a Santa e o Cristo Crucificado.
Outro elemento típico da escola italiana
da época é a devoção ao Anjo da Guarda e aos Santos e, enfim o matrimônio
espiritual simbolizado no anel do Esposo: os estigmas dolorosos e invisíveis,
os frequentes e prolongados êxtases durante os quais a alma fala a Cristo e aos
Santos. Todos estes elementos encontramos também na obra de Madalena.
Em vista da sintonia com a
espiritualidade da época as obras da Santa, conhecidas fora do Mosteiro, lidas
por muitos, contribuíram eficazmente para incrementar o ca-minho espiritual de
muitos.
b)
- Influxo da doutrina de Madalena
O influxo exercitado pela Santa,
especialmente sobre a espiritualidade italiana do tempo, foi também notável:
basta observar as repetidas e numerosas edições de suas obras ao final de 1611.
Os seus Êxtases impressionavam profundamente e se nela se po-dia admirar a
visão teocêntrica da vida espiritual que introduz nos abismos eternos da divina
misericórdia e do amor. O representante mais famoso deste influxo talvez seja
S. Afonso de Ligori, que em seus diversos escritos ascéticos recorre, de modo
abundante, à doutrina da Santa:
Em 1800, com a divulgação das notícias
bibliográficas e edições das obras, estudos e biografias, parece que ocorreu
uma crise, decididamente superada atualmente. Hoje os estudiosos valorizam
grandemente os aspectos cristocêntricos da sua doutrina especialmente sua doutrina sobre a “recriação” do homem no
sangue de Jesus.
IV
- LEITURA DE TEXTOS
Trato
e união com Deus
Mantende a vossa mente ocupada em Deus.
Esta ocupação em Deus me pa-rece ser a bem-aventurança da alma na terra.
Realmente é impossível pensar atualmente
em Deus... mas estar sempre unida com Deus, tendo sempre a Ele em vista, isto e possível; porque se quando
trabalhais para ele, quando vos fatigais, fatigai-vos para ele, para agradar a
ele e dar a ele gloria e para honrar a ele, isto é estar sempre unida a Deus.
Diz que com o conhecimento de Deus
faremos com ele uma estreita amizade e ele nos trata como seus íntimos: então
nós e ele faremos como fazem os amigos íntimos. Em primeiro lugar os amigos se
contemplam um ao outro com grande amor... assim faz Deus que nos olha
continuamente com grande amor: e nós olhamos a ele... Os amigos costumam
contar-se mutuamente os seus segredos; assim Deus manifesta a eles todos os
seus segredos e eles manifestam a Ele os seus por não confiar em outros senão
nele.
Nós (monjas) somos chamadas a cousas
maiores, somos chamadas a uma vida maior, a qual não é de Marta nem de Maria
separadas, porque no amor estão contidas uma e outra juntas.
Amar tudo e levar a amar, observando
principalmente quanto isto agrada a Deus e quanto importa atender as obras
internas e tratar interiormente com Deus... Os santos padres (da Ordem)... tiveram
mais atenção para a perfeição interior
do que para a penitência e cousas
externas... Eu vejo a meu Deus!... Ele tem duas línguas: uma das quais é o
louvor de Deus e a outra é a caridade e as duas clamam ao mesmo tempo. O que
estou a ouvir, meu Senhor? A uma me obriga a minha profissão e a outra tu me a
mandas estritamente.
Como Maria foi um meio entre Deus e o
homem, nos sejamos meio entre este Deus e o homem pelo zelo e desejo contínuo
de ajudar as almas e conduzi-las a Deus... Estar separadas do mundo, mortas
viver em Deus, nada querer a não ser este Deus, em ansioso e contínuo desejo
da salvação das almas... A alma unida a
Deus fica toda amarrada por dentro e por fora o que a faz aparecer com semblante
sereno sem jamais perturbar-se por qualquer contingência.
Em tudo o que tendes a fazer, seja
interna ou externamente, lembrai-vos de vos voltar para Deus com olhares vivos
e amorosos. Com tais olhares amorosos implorai o socorro das suas graças.
As obras exteriores devem ser feitas
prontamente e com cuidado, sem perda de
vida interior... A oração é o espírito da religião, mas nunca ela deve servir
de pretexto para qualquer dispensa, porque todos os exercícios da religião e da
obediência, feitos na presença de Deus, são outras tantas orações... A paz interior
é um efeito da oração mental e é uma recompensa da união com Deus... A
verdadeira prudência dum religioso ou duma religiosa depende da íntima união
que tem com Deus. E todos os nossos esforços e zelos devem originar-se do
Sangue de Jesus Cristo... Se não gostais de doce silêncio é impossível
deleitar-vos nas coisas de Deus. (Ensinamentos)
V
- LITURGIA
Um olhar sobre os textos litúrgicos, com
os quais se celebram a Santa, nos confirmam o apreço que mereceu por parte da
Igreja.
a)
Missa
Na oração a Santa vem exaltada por ser
privilegiada por Deus com os inefáveis dons da sua intimidade, especialmente
com os místicos colóquios durante os êxtases. A oração continua propondo a
todos a sua figura, especialmente aos irmãos e irmãs da sua Ordem, como modelo
de contemplação das realidades eternas, para as quais os Carmelitas são
chamados a viver, como característica particular de sua vocação na Igreja.
A Santa, com o dom do Espírito, compara
a ação de Marta com a contemplação de Maria: Maria sem Marta se tornaria ócio
e, a atividade de Marta sem Maria seria pura confusão. (cf Probatione II,
Firenze 1965, 201)
A primeira leitura da Missa vem tomada
do Cântico dos Cânticos (5, 6c. 8,6-7) e deseja ser um aceno às graças de
caráter místico das quais a santa foi cheia.
O Salmo responsorial (Sl 17) indica o
caminho cheio de dificuldades percorrido pela mesma Santa, com a ajuda de Deus.
O refrão é constituído pelas palavras que ela pronunciou no momento da morte e que revelam uma síntese
de seu conhecimento de Deus.
No Prefácio que é próprio, temos o
louvor a Deus que cumulou a santa dos dons do Espírito, aos quais ela respondeu
com suas obras, com a chama do amor ao
Verbo Encarnado e á Igreja, sua Esposa, para a qual rezou insistentemente a fim
de que resplandecesse em sua santidade, desejando uma providencial reforma nos
pastores e nos fieis.
A antífona da comunhão (Gal 2, 19.20)
retoma o tema da configuração em Cristo, sendo o mesmo destaque apresentado na
oração depois da comunhão (tomada do comum das Virgens)
b) Liturgia das Horas
Nos hinos, a Seráfica do Carmelo vem
celebrada com honra na Toscana, sua Pátria, fúlgido esplendor da Igreja e de
sua Ordem.
Como primeira lição do ofício das
leituras temos um texto do Cântico dos Cânticos. Se não se deseja repetir 1
Cor, 2, 1-16, pode-se usar Col 1, 9b-26, no qual se celebra a excelente
dignidade de Cristo do qual Madalena se tornou digníssima esposa. Como segunda
leitura foi adotada aquela, já escolhida para o breviário romano, na qual a
santa fala também do Espírito Santo.
Nas preces de Laudes faz-se memória dos
mistérios principais da nossa religião, dos quais a Santa foi devotíssima: o
nascimento de Jesus, os valores de seu sangue, o dom do Espírito Santo; a
Igreja nascida do peito de Cristo na cruz.
Nas preces de Vésperas, pede-se pelas
intenções que eram habituais na santa: para que a Igreja seja assistida pelo
Espírito, para que os Sacerdotes, ministros do Sangue de Cristo sejam
autênticos testemunhos do Evangelho; pela Ordem do Carmo, para que viva na
verdadeira fraternidade; por todos aqueles que participam da mesa de Cristo,
para que cresçam na verdadeira caridade.
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