Os pais de Santa Teresinha
foram Luís e Zélia Martin, que se
casaram em 1858. Ambos haviam aspirado entrar para a vida religiosa. De
caráter contemplativo, mais silencioso Não eram pessoas muito alegres. Luís
tinha um temperamento dado à melancolia. Zélia afirmará que sua infância foi
“triste como uma mortalha”. Após o casamento, permaneceram convivendo como se
fossem monges. Um confessor convenceu Zélia a ter filhos e, assim preparar
almas para o céu. Luís e Zélia vivem profundamente a espiritualidade católica
de sua época, que lhes faz ver a vida terrestre e a história como um momento
penoso a atravessar, antes de alcançar o
céu. Eles não acreditam na felicidade; e a prosperidade em que viviam, parece-lhes
um mau sinal. Eis pois, como era o casal Martin: ele, um sonhador austero e
melancólico. Ela, uma pessoa angustiada.
Quando Teresa nasceu, no dia 2
de janeiro de 1873, Maria, a primogênita das meninas Martin, tem doze
anos. Paulina, a segunda filha. A
terceira, Lêonia. Celina tem quatro anos mais do que Teresa.
Teresa, quando nasce, é uma
criança frágil. Desde o nascimento, exige cuidados, pois é vítima de crises de
enterites. Confia-se então Teresa a uma ama-de-leite, chamada Rosa Taillé e que
todos chamam “Rosinha”; a ama, que tem quatro filhos, mora em Semallé, a 8 km
de Alençon, onde vivia a família de Teresa. Eis, pois, Teresa fora da casa
paterna, com apenas seis meses de vida, nas mãos de uma ama-de-leite; e sem
demora, ela recupera as forças, engorda, dá mostras de uma saúde maravilhosa.
Volta para casa em abril de 1874.
Em agosto de 1876, Teresa tem
três anos e meio, o médico anuncia à Sra. Martin que ela tem um câncer
incurável que a levaria à morte. Sabendo estar condenada, a Sra. Martin faz
suas recomendações; a Isidoro, seu irmão, e sua esposa, ela confia as filhas. O
Sr. Martin fecha-se no próprio sofrimento. No dia 26 de agosto, dão-lhe a
extrema-unção, cerimônia que impressiona profundamente Teresa. Zélia falece no
dia 27 de agosto, à meia-noite. A Sra. Martin quisera que, depois de sua morte,
o marido e as filhas fossem morar em Lisieux, onde o irmão Isidoro é
farmacêutico. Receia que o marido não seja capaz de cuidar das cinco filhas.
Doze dias depois da morte da Sra. Martin, o pai cumpriu o desejo da falecida:
descobrir em Lisieux uma casa com jardim.
A 15 de novembro de 1877,
depois duma última visita ao cemitério de Alençon, Luís Martin e as filhas
partem para Lisieux. Esta cidade está situada no coração da Normandia. A
residência, uma casa encantadora dominada por um mirante, conhecida como “Os
Buissonnets”. Teresa morará mais de dez anos nesse ambiente aprazível.
Para a caçula convergem as
ternuras das irmãs mais velhas, que se fizeram suas “mãezinhas”; e,
especialmente, as do pai, seu “rei querido”, que demonstra um “amor
verdadeiramente maternal”.
No início de janeiro de 1878,
Leônia e Celina são entregues às beneditinas da cidade. Paulina desdobra-se,
então, para a pequena Teresa, em professora firme e afetuosa. A aluna se mostra
muito aplicada em aprender a escrever sozinha antes dos 7 anos.
Em outubro de 1881, quando
está com oito anos e meio, Teresa ingressa como semi-interna na abadia das
beneditinas. Porém, a menina mimada e solitária dos Buissonnnets não consegue
integrar-se ao grupo. Apesar dos bons resultados escolares, e, sobretudo, do
afeto das religiosas, Teresa designará esses cinco anos de internato como “os
mais tristes anos da sua vida”.
Nessa época, seu grande sonho
era ir um dia, com Paulina, “para um deserto remoto”. De fato, Paulina, que
está com 21 anos, dirige o olhar para o “deserto” do Carmelo. Sua partida é
rapidamente decidida. Teresa fica sabendo, com surpresa, durante o verão de
1882. O golpe é brutal. Paulina explica-lhe o que é o Carmelo e Teresa pensa
que o Carmelo é o “deserto” onde Deus quer que ela vá se esconder. Ela o diz a
Paulina e, algum tempo depois, à própria priora do Carmelo.
A reação de Teresa não poderia
ser pior. Adoece, procurando provocar atenções maternais da sua tia Guérin e da
irmã, Maria, a quem chama incessantemente: “Mamãe, mamãe”, forçando-a a
permanecer junto dela.
No dia 23 de março de 1883, o
Sr. Martin leva Maria e Leônia a Paris para as cerimônias da Semana Santa. Já
aflita, entregue a seu tio e sua tia, Teresa não consegue superar esta breve
separação. Algumas horas mais tarde, a menina é tomada por tremores nervosos
aos quais sucedem crises de medo e alucinações. Chama-se com urgência o Sr.
Martin e suas filhas. Maria instala-se à cabeceira da menina, na casa dos Guérin,
pois ela não pode ser transportada.
O desejo de abraçar Pauline,
mais uma vez, por ocasião da tomada de hábito, provoca uma melhora, em 6 de
abril. No dia seguinte, há recaída, nos Buissonnets. Manifestações desoladoras
multiplicam-se. A “estranha doença” desnorteia o Dr. Notta, que, por um
momento, fala de “dança de São Guido”, mas exclui formalmente a histeria.
Após cinco semanas de
angústias, a fé da família Martin consegue finalmente a cura da doença diante
da qual a ciência fora impotente. No domingo, 13 de maio de 1883, dia de
Pentecostes, a menina sente-se repentinamente curada pelo “encantador sorriso
da Santíssima Virgem”.
Em maio de 1885, durante o
retiro preparatório à comunhão solene, um sermão frenético dum padre que
pregava sobre o medo do inferno fez despertar nela o que denominou “a doença
terrível dos escrúpulos”, doença esta que só findaria no Natal de 1886.
No Natal de 1886, Teresa é
ainda uma criança, que retorna da missa do galo toda apressada para procurar
seus presentes. Mas Luís Martin está farto dessas atitudes infantis. Teresa
dá-se conta de que, cedo ou tarde, precisará renunciar à infância, abrir mão de
todas as criancices. Chama este Natal de “Noite de luz”, “Noite da minha
conversão”, quando deixa de lado os “ defeitos da infância”. Insistirá muito na
importância desta noite de Natal: “Desde esta noite abençoada, eu não fui
vencida em nenhum combate, pelo contrário, caminhei de vitória em vitória”. O
que ela recebe é um Dom de força e de coragem.
No dia de Pentecostes de 1887,
seis meses depois de sua conversão, Teresa comunica ao pai que quer entrar para
o Carmelo. Mas tem apenas 14 anos! O pai
abençoa sua vocação e a conduz ao bispo de Bayeux. O vigário da paróquia de
Saint-Jacques, superior canônico do Carmelo, nem sequer aceitava falar de
tamanha loucura. E é a este padre que Mons. Hugonin remete a questão de Teresa.
O Sr. Luís, que tanto gostava
de peregrinações, resolveu levar Teresa a Roma e sobretudo permitiu à filha
falar de sua vocação ao Papa para conseguir autorização para ingressar no
Carmelo aos 14 anos. Na audiência do Papa, a 20 de novembro de 1887, Teresa fez
o seu pedido. Leão XIII deixa nas mãos dos Superiores a decisão. Na realidade,
quem tinha a chave de sua entrada para o Carmelo era Mons. Hugonin. Ele dissera
que lhe daria a resposta por escrito. Começa para Teresa uma longa espera. A
resposta chegou a 28 de dezembro: o bispo escreve à priora do Carmelo de
Lisieux confiando-lhe a decisão. Madre Maria de Gonzaga comunica esta resposta
a Teresa no dia 1º de janeiro, véspera dos seus quinze anos.
As portas do Carmelo
abrir-se-iam para Teresa na Segunda-feira, 9 de abril de 1888. No dia 10 de
janeiro de 1889 recebe o hábito de
carmelita. Ela acabara de completar dezesseis anos. Depois de um ano, a jovem religiosa poderá
emitir os votos perpétuos. Em janeiro de 1890, alcançaria os exatos 17 anos
exigidos pelas Constituições para o compromisso definitivo. Os superiores
julgam mais prudente adiar: uma prolongação lhe é imposta.
A cerimônia de 10 de janeiro
foi, para o Senhor Martin, “seu triunfo, sua última festa neste mundo”. O drama
do pai começa no dia 12 de fevereiro: ele, doente, vê “coisas horríveis,
carnificinas, batalhas”. Teresa é atingida bem no coração e não ignroa que em
Lisieux muitos a consideram responsável pela doença do pai, abalado pela
partida sucessiva de suas filhas para o convento. Os meses se sucedem. A
esperança de uma melhora para o sr. Martin enfraquece.
Na manhã do dia 24 de setembro
de 1890 Teresa recebe o véu negro. Não há mais comunicação possível com seu
pai, internado desde fevereiro de 1889. Porém,
anos depois, uma surpresa: no dia 12 de maio de 1892, o tio Isidoro
chega ao Carmelo trazendo o Sr. Luís Martin. Fora buscá-lo no manicômio de
Caen. Em momento de lucidez, queria ver as filhas. Quanto a Teresinha, teve
apenas forças para rezar: “Muito obrigada, ó Deus, pelo bom pai que nos destes.
Pudemos ver nele uma imagem do amor que tens por todos os homens”. Celina
continuava com Leônia a cuidar do pai na casa dos Guérins.
Quando Paulina, Irmã Inês, foi
eleita priora, resolveu nomear a ex-priora Madre Maria de Gonzaga como Mestra
das Noviças. Teresinha foi nomeada sua ajudante. Além de ser ajudante de
mestra, foi encarregada de pinturas, da confecção de imagens e das festas
conventuais. Nessa ocasião estreou compondo versos e poesias.
No verão de 1893, Leônia, após
um retiro na visitação de Caen, voltou com o firme propósito de fazer uma nova
tentativa para a vida religiosa.
No dia 14 de setembro de 1894
entra para o Carmelo de Lisieux mais uma Martin, Celina. Desde o tempo de
Teresa de Ávila nunca um Carmelo acolhera quatro irmãs da mesma família.
Teresinha não sabia como agradecer a Deus.
As dores de garganta de
Teresinha já causavam sérias apreensões. Os remédios não surtiam nenhum efeito.
Não obstante, ela não diminuía as suas atividades. Antes, seus trabalhos
aumentaram com a entrada de mais quatro postulantes, entre elas, Celina.
Em fins de 1894, Teresinha
começou a se questionar. Há seis anos entrara para o Carmelo e jamais abrira
mão do desejo de se tornar santa. A leitura da vida dos grandes santos deixou-a
meio confusa. Todos esses santos distinguiram-se por uma vida de grandes
mortificações, praticaram em alto grau toda as virtudes e Deus dotou-os dos
mais extraordinários dons e carismas. Perto deles, ela se julga um “obscuro
grão de areia”. Mas não desanima. Não se sente apta a “subir a rude escada da
perfeição”, mas há que se santificar por outro caminho. Lembrou-se então de que
ouvira, num retiro, o Pe. Prou falar de um caminho pequeno e reto,
completamente novo para se chegar ao amor total. Teresinha descobre esta
“Pequena Via”, que se tornará a essência de sua espiritualidade. Já que não
consegue, através de férreas disciplinas e sacrifícios, alcançar a santidade,
Jesus mesmo será sua santidade. Ele irá conduzi-la nos braços até a Montanha do
Amor. O seu pequeno caminho será o do abandono, da entrega confiante nas mãos
do Pai.
Teresinha
descobre a alegria de ser pequena. Se ela não ensinou nada de novo, ensinou um
novo modo de fazer-se pequeno. Significa reconhecer que somos pequenos diante
de Deus; significa acreditar que Deus se agrada de quem se faz pequeno na
humildade.
Numa noite de inverno de 1895,
as irmãs Martin conversavam na sala aquecida. A mais nova, Teresinha, com seu
jeito desembaraçado, contava às irmãs lembranças do passado, nos Buissonnets.
Maria volta-se para Paulina, a priora, e sugeriu-lhe para pedir a Teresinha
para escrever suas lembranças da infância. A conversa terminou com uma ordem de
Paulina para que escrevesse suas memórias. Teresinha obedeceu e em pouco tempo
encheu o primeiro caderno. Celina foi sua primeira leitora. Estava começando a
escrever a “História de uma Alma”.
Um dia, após a missa da
Santíssima Trindade, Teresa quis oferecer-se como vítima de holocausto ao Amor
Misericordioso. Pediu e obteve permissão da Priora. Quis que Celina também o
fizesse. Foi diante da imagem de Nossa Senhora das Vitórias que fez sua
consagração, ela e a irmã.
Um dia Teresa foi chamada pela
Priora. Paulina disse-lhe logo do que se tratava. Um futuro sacerdote e
missionário pedia orações ao Carmelo. Chamava-se Maurice Bellière, de 22 anos.
Teresinha aceitou ser sua “irmã” espiritual, fazendo pequenos sacrifícios por
ele. Mais tarde foi-lhe confiado outro sacerdote e missionário: Adolfo
Roulland, que depois de ordenado seria enviado para as missões na China. Sem
sair do Carmelo, ela foi irmã de caminhada dos sacerdotes e missionários.
Acreditava que podia estar sempre “unida às obras de um missionário pelos laços
da oração, do sofrimento e do amor”.
Era a Semana Santa de 1896. Na
noite de Quinta-feira Santa, 3 de abril, Teresinha estava no coro fazendo
adoração. Fica aí até meia-noite. Depois vai repousar. Mal se deita, sente uma
golfada, como vômito, que lhe sobe até os lábios. Como a lâmpada já estava
apagada, ela não quis verificar. Só no dia seguinte pôde constatar. O vômito
era sangue. Não teve medo. Era um anúncio do Bem Amado de seu coração. No dia
seguinte, conta o ocorrido à Priora, completando: “Estou passando bem, e
suplico-lhe que não me conceda nada de especial”. A Priora, sem se dar conta do
estado real de Teresinha, concorda. Durante o dia Teresinha se entrega aos
trabalhos na forma de sempre.
Na noite seguinte, o mal se
repete. Teresinha é socorrida e atendida pelo Dr. Néele. O diagnóstico do
médico e os remédios não surtiram o mínimo efeito de alício para Teresinha. Ela
só podia sonhar de em breve estar junto do Bem Amado!
O sexto aniversário de sua
profissão religiosa Teresa preferiu passá-lo na solidão. Nesse dia um raio de
luz iluminou-a, e ela pôde escrever: “Ó meu Bem Amado, no sexto aniversário de
nossa união, perdoa se te digo disparates. Peço que concedas a minha alma o que
ela espera”.
Teresa fez questão de não se
dispensar de nada. Ninguém a ouvia tossir durante a noite. Costurava, pintava,
escrevia versos e cartas enquanto havia luz em seu quarto. Quando estava só é
que tudo mudava. As energias lhe fugiam. Passava as noites com febre e frio;
tossia sangue. É simplesmente incompreensível que durante todo o tempo do
inverno ninguém tivesse notado a gravidade de sua doença. Ela queria morrer em
atividade. Enquanto isso a doença progredia. Permaneceu fiel em não pedir
nenhuma isenção.
Só depois que o estado de
Teresinha se complicou é que Madre Gonzaga resolveu desvelar-se mais do que uma
mãe. Desde abril Paulina não saía de perto da irmã enferma, para anotar tudo o
que ela podia dizer. O período de maio a
30 de setembro de 1897, dia de sua morte, foi uma longa agonia. Desenganada
pelos médicos, Teresa esperava morrer. Mas, apenas viu adiar-se sempre mais a
sua agonia.
No dia 3 de junho, por
sugestão de Madre Gonzaga, começa a escrever suas memórias. Suas relações com a Priora haviam melhorado
muito. A partir deste dia as irmãs de Teresinha crivam-na de mil perguntas como
se quisessem arrancar-lhe todos os segredos e mistérios de seu coração. As três
irmãs estavam absolutamente convencidas que Teresa era uma santa. Por isso
queriam recolher cada uma de suas palavras para transmiti-las depois à
posteridade.
Em julho vê pela última vez
seus familiares. Neste mesmo mês já não consegue retomar a pena para escrever.
Pede a unção dos enfermos. Com fervor diz: “Eu creio! Eu amo para crer mais
firmemente!” Até agosto as hemoptises repetem-se. No dia 8 de julho tem de ser
levada para a enfermaria onde inicia uma longa agonia de doze semanas. Leva consigo a imagem de Nossa Senhora das
Vitórias. Em tudo depende dos outros. Os sofrimentos físicos vêm todos juntos:
febre, suores, falta de ar, insônia.
As religiosas, em particular
suas três irmãs, velam-na noite e dia. Compreende-se que ela repetisse: “oh!
como se deve rezar pelos agonizantes!” Os dois meses derradeiros passam-se
inteiramente nas trevas. No dia 29 de setembro, questiona: “Como é que vou
fazer para morrer? Eu nunca vou saber morrer”.
Dia 30, na manhã de sua morte,
diz: “Eu não me arrependo de me ter abandonado ao Amor”. Às horas finais, as
mãos ficam geladas, o rosto se congestiona. De quando em quando, Teresa solta
breves gemidos de sofrimento. Às sete da noite, ela fita o Cristo crucificado e
diz: “Eu vos amo”, inclina a cabeça e expira.
O corpo ficou exposto no coro,
atrás das grades, de sexta a domingo, para a visitação dos parentes e amigos.
Todos queriam vê-la e tocá-la com terços e medalhas, como se já quisessem
pedir-lhe graças e favores.
No dia 4 de outubro, dia de
São Francisco de Assis, foi sepultada no cemitério de Lisieux a Irmã Teresa do
Menino Jesus da Santa Face, falecida aos 24 anos. Quem dirige o cortejo fúnebre
é sua irmã Leônia; de coração despedaçado. Havia muito pouca gente no pequeno
cemitério. Depois do enterro o Carmelo voltou à rotina.
Quando Teresinha já estava na
enfermaria, ouviu uma Irmã dizer: “Eu não sei porque falar tanto de Irmã
Teresinha; ela não faz nada de nota; ninguém a vê praticar a virtude, nem
sequer se pode dizer que ela seja uma boa religiosa”.
Paulina assumira o compromisso
de publicar os escritos da irmã. Por isso pôs logo mãos à obra. Em pouco tempo
transformou-os num volume de 474 páginas. Assim, um ano depois, em 1898,
aparece a “História de uma Alma”, com uma tiragem de dois mil exemplares. Em
1899 foi preciso fazer uma nova edição. Em 1900 tinham sido vendidos seis mil
exemplares. Nos anos seguintes saem as traduções para o inglês, alemão,
italiano, espanhol, português, japonês e russo.
Chegam ao Carmelo de Lisieux
milhares de cartas e pedidos de lembranças e relíquias. As romarias e visitas
ao túmulo foram-se somando. Chegaram notícias de graças alcançadas, de
conversões, etc. As próprias irmãs não sonhavam tamanho sucesso. O certo é que
de uma fagulha fez-se um incêndio.
Em 1906 o Pe. Prévost
encarrega-se de dar os primeiros passos na causa da beatificação e canonização
de Teresinha. O processo foi mais rápido do que se podia esperar. O Papa Pio X,
antecipando-se, chamou Teresinha “a maior santa dos tempos modernos”.
Em 1921 o papa Bento XV
promulgou o decreto de heroicidade de suas virtudes. Depois, seu sucessor, Pio
XI, fez dela a “estrela de seu pontificado”. No dia de sua beatificação, 23 de
abril de 1923, sua vida foi considerada uma “Palavra de Deus” para o nosso
século. Finalmente, no dia 17 de maio de 1925, o papa Pio XI, contrariando as
leis canônicas, diante de cinqüenta mil pessoas dentro da Basílica de São Pedro
e diante de mais de quinhentas mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro, em
Roma, canoniza Teresinha. A cerimônia contou com a presença de 33 cardeais e
250 bispos do mundo inteiro. Dois anos depois o mesmo Pio XI proclama Santa
Teresinha “padroeira principal das missões”, pondo-a em pé de igualdade com o
grande missionário São Francisco Xavier.
Quando visitou a França, o
papa João Paulo II quis visitar também Lisieux. Na ocasião, ele falou diante de
uma multidão de mais de cem mil pessoas: De Teresinha pode-se dizer com
convicção que o Espírito de Deus permitiu ao seu coração revelar diretamente
aos homens do nosso tempo o mistério fundamental, a realidade fundamental do
Evangelho: o fato de termos recebido realmente ‘um espírito de filhos adotivos
que nos faz exclamar: Abba! Pai!’’.
O papa Pio XII, em 1944,
declarou-a padroeira da França em pé de igualdade com Santa Joana d’Arc.
No dia das Missões de 1997,
ano do centenário de sua morte, Teresinha foi proclamada Doutora da Igreja pelo
papa João Paulo II, na Basílica de São Pedro em Roma.
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