Dom Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo de
Ubereaba-MG.
Estas
duas palavras estão em crise de identidade. Passam por um processo de
esvaziamento e perda de sentido. Fé é adesão firme em Deus, que é fiel. É um
fato que supera toda nossa compreensão humana, mas não afeta a liberdade ao
tomar decisão. Pelo contrário, livremente a pessoa age com atitude de
fidelidade.
Fidelidade
é a prática de quem é fiel ao que faz e tem compromisso sério no cumprimento do
que assume e é confiável, é constante. Há um texto bíblico que diz que “o justo
viverá por sua fidelidade” (Hab 2, 4). A infidelidade é descumprimento de um
compromisso de fidelidade e ruptura com consequências desastrosas.
Fé
e fidelidade são dons de Deus, mas também frutos de decisão consciente e
responsável. Ambas fazem parte da estrutura natural das pessoas, mas precisam
ser trabalhadas com sinceridade para que sejam um bem para a sociedade. A falta
de fidelidade, em determinadas circunstâncias da vida, pode ser também ameaça à
fé.
Não
podemos agir apenas por fantasia, sem profundidade, despidos de
responsabilidade. A fé e a fidelidade do outro depende do testemunho que lhe
for proporcionado. Não ter uma fé como fundo de garantia, sem fidelidade, mas
como firmeza na adesão aos princípios que contam e que nos levam à realização
de vida com dignidade.
Toda
pessoa deve estar a serviço do Reino de Deus. É um caminho de construção, que
supõe desapego, desprendimento e atenção ao que é mais importante para o bem
comum. Em vez de ser servido, a fé e a fidelidade, como condição de vida digna,
fazem de nós servidores da comunidade com determinação e coragem.
Estamos
numa mentalidade que busca compensação para tudo que se faz numa mentalidade
totalmente calculista e muito marcada pelo materialismo, onde o ter passa a ser
mais importante do que o ser. Para ser diferente, devemos ter dedicação total
no servir, mas com o coração aberto e sem interesses puramente vazios. Não é
saudável a ambição de poder, de aparecer e de compensação.
Fonte:
http://www.cnbb.com.br
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