Festa de todos os santos Carmelitas

Festa de todos os santos Carmelitas

Frei Petrônio de Miranda, 0.Carm.

Convento do Carmo, São Paulo, SP. 14 de novembro-2011.

Festa de todos os santos e santas Carmelitas.

Santos Carmelitas:

Milagreiros? Fanáticos? Homens e mulheres extraordinários?

Não, meu caro. Eles seguiram a espiritualidade do profeta Elias.

Viveram o ordinário da vida com dignidade e amor a vida.

Foram sinais do Evangelho e presença do ressuscitado.

Anunciaram a esperança e deram a vida pela justiça, a ética e a paz.

Testemunharam o Deus vivo e verdadeiro em meio à morte.

Marcaram a história do seu tempo e fizeram história na igreja.

Ultrapassaram os muros conventuais e inovaram a vida religiosa.

Doaram a vida e derramaram o sangue para abrir novas trilhas.  

Santos Carmelitas:

Mulheres visionárias e homens com os pés nas nuvens?

Não, meu caro. Eles meditaram dia e noite na lei do Senhor.

Viveram a experiência do Deus amoroso que perdoa e acolhe.

Tiveram a ousadia de anunciar a espiritualidade profética.

Transformaram o convento em berço familiar. 

Foram capazes de sentir Deus e viver Deus na história.

Anunciaram o amor que não é amado no próximo mais próximo.

Na espiritualidade carmelitana tiveram a certeza que tudo na vida passa.

No silêncio do Carmelo ouviram o grito do pobre.

Santos Carmelitas:

Conservadores e defensores do Monte Carmelo?

Não, meu caro. Eles assumiram a personalidade própria.

Souberam interpretar os fatos e acontecimentos em cada país.  

Construíram um novo Carmelo em cada época.

Denunciaram as noites escuras na Segunda-Guerra Mundial.

Testemunharam o Evangelho na Revolução Francesa.

Defenderam o povo no Brasil Colônia.

Abraçaram a cruz doando a própria vida na Espanha.

E foram marcados com o Escapulário e o sangue na África.

Santos e Carmelitas:

Devocionistas do Escapulário, do hábito e de Nossa Senhora?

Não meu caro. Eles cantaram que Deus derruba os poderosos do trono.

Através da leitura orante aprenderam a ter um pé na Bíblia e outro no chão.

Foram capazes de reconhecer as limitações e encontrar Deus na solidão.

Souberam amar a igreja e a sua história através do anúncio e da denúncia.

Testemunharam o Deus da brisa suave e do clamor dos oprimidos.

Souberam silenciar para ouvir os apelos de Deus em cada realidade. 

E foram profetas e profetisas na consumação diária da Eucaristia.