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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Hiroshima e Nagasaki: Eles não tem 11 de setembro.

*Frei Petrônio de Miranada. O.Carm.
Convento do Carmo, São Paulo, SP. 14 de setembro-2011.
Voltemos no tempo... Estamos no do dia 06 de agosto de 1945. Ao que tudo indica, a Segunda Guerra Mundial caminha para o fim. Teria algum fato novo para continuar ensangüentando as páginas dos jornais além dos horrores dos campos de concentrações nazistas? Dos milhares de civis mortos? Das crianças, negros, judeus, intelectuais, padres, freiras, pastores, líderes políticos e mulheres indefesas sendo violentadas e assassinadas barbaramente? Não, provavelmente não. Chega de sangue!
Que nada, precisamente às 08h15min da manhã, Hiroshima seria palco do maior atentando já visto em massa. A ação americana agiu com rapidez sem tempo para os japoneses pensarem ou se emocionarem. O saldo não deixou dúvidas da sua eficaz: 140 mil mortos em Hiroshima e 80 mil em Nagasaki. Prédios e casas levitaram. Segundo relatos de alguns sobreviventes, pessoas e animais evaporaram em questão de segundos; os telhados e os tijolos derreteram-se. Por sua vez, uma onda de calor de 5,5 milhões graus Celsius e ventos de até 385 km/h destruíram sem piedade, a cidade foi transformada em cinza. Os Prédios sumiram com a vegetação, transformando a cidade num deserto. Quase tudo fora desintegrado. Num raio de 2 km, a partir do centro da explosão, a destruição foi total.
Caminhemos no tempo... Estamos no dia 11 de setembro de 2001. A cidade não é japonesa, mas a maior potência do mundo, os Estados Unidos da América. A demonstração do poder econômico e político são visíveis em suas construções, seja no World Trade Center, na estátua da liberdade, no Pentágono ou na Casa Branca, a residência presidencial. Tudo parecia intocável e protegido contra os povos “inimigos da democracia”. Não sabia esta nação que se aproximava às 9hs, às 9h01min, 9h3m e, de repente, os céus de Nova Iorque ficaram cinzentos, a fumaça anunciou não a tímida bomba atômica, mas o impacto das duas aeronaves comerciais com um total de 157 passageiros a bordo. Resultado: 2.983 mortos.
Afinal, qual a relação das duas bárbareas? O que tem em comum? A resposta pode ser diversa, porém, o sentimento continua o mesmo: A dor, às lagrimas, a revolta e o terror da morte levando familiares e amigos.
Se por um lado as cidades japonesas ficaram esquecidas da grande mídia, por outro, parece que até Deus foi o grande protagonista e protetor, não das famílias que ainda choram a dor atômica, mas das celebrações dos 10 anos do ataque terrorista, seja nas palavras do Ex-prefeito, Rudolph W. Giuliani, do atual, Michael Bloomberg ou do Presidente, Barack Obama. Com tal sentimento podemos nos perguntar se foi Deus que se esqueceu de Hiroshima e Nagasaki ou se foi o marketing midiático que não encontra rentabilidade através das grandes marcas da imprensa, a exemplo do jornal New York Times, da revista People ou da Rede de TV CNN, a BBC, da Folha de São Paulo, O Globo, O Estadão e outros grandes veículos de comunicação.
Quisera a história presenciar Barack Obama, e sua esposa, Michelle, colocar flores no monumento das vítimas nuclear. Quisera o tempo parar e olhar nas grandes redes de TVs as imagens de terror e escuridão da desumanidade dos Estados Unidos em Hiroshima e Nagasaki. Quisera a história presenciar a Band News, Globo News e Record News, transmitindo ao vivo o sentimento de revolta do povo do Japão contra a política de opressão dos Estados Unidos. Sim, Às vítimas daquela nação não tiveram direito a nomes em monumentos de mármore ou cenário angelical. Quiseram todos nós, homens e mulheres, abrir os nossos olhos e não sermos manipulados pela mídia e pelo poder econômico para podermos olhar o outro lado da história, não dos ricos, mas dos pobres, não dos cenários holyodianos, mas das casas no submundo das favelas e dos morros, não dos vencedores, mas dos vencidos e esquecidos.   
*Padre Carmelita da Ordem do Carmo, São Paulo. Estudante de Jornalismo da Fapcom- Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação/ SP.

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