Frei Carlos Mesters, Carmelita.
Um aspecto importante da educação que Jesus dava ao povo era o seu jeito de ensinar por meio de Parábolas. Parábola é comparação. Jesus compara as coisas de Deus, que não são tão evidentes, com as coisas da vida que o povo conhece e experimenta na sua luta pela sobrevivência. O agricultor que escuta a parábola da semente, diz: “Semente no terreno, eu sei o que é! Mas Jesus diz que isso tem a ver com o reino de Deus. O que será que Ele quis dizer com isto?” E ai você pode imaginar as longas conversas do povo em torno das parábolas que Jesus contava.
A parábola provoca. Em algumas parábolas tem coisas da vida que não costumam acontecer na vida. Por exemplo, onde se viu um pastor de cem ovelhas abandonar as noventa e nove delas para encontrar aquela única que se perdeu? (Lc 15, 4). Onde se viu um pai acolher com festa o filho devasso sem nenhuma palavra de crítica? (Lc 15, 20-24). Onde se viu um samaritano ser melhor que o levita e o sacerdote? (Lc 10, 29-37). Jesus provoca!
A parábola é uma forma participativa de ensinar, de educar. Não dá tudo trocado em miúdo. Não faz saber mas, faz descobrir. Ela leva a pessoa a refletir sobre a sua própria experiência de vida e compará-la e compará-la com Deus. Faz com que esta experiência nos leve a descobrir que Deus está presente no cotidiano, no dia a dia. Esta era a novidade da Boa Nova trazida por Jesus, diferente dos doutores que ensinavam que Deus só se manifestava na observância da lei. Jesus diz: “O Reino está presente no meio de vocês!” (Lc 17, 21). A parábola muda os olhos, faz da pessoa uma observadora da realidade.
Certa vez, um bispo perguntou na comunidade: “Jesus falou que devemos ser como sal. Para que serve o sal? Discutiram, e no fim, encontraram mais de dez finalidades para o sal! Aí foram aplicar tudo isto à própria comunidade e descobriram que ser sal é difícil e exigente! A parábola funcionou e ajudou-os a dar um passo. Iniciaram a travessia! Jesus tinha uma capacidade muito grande de comparar as coisas de Deus com as coisas mais simples da vida. Isto supõe duas coisas que marcam a pedagogia de Jesus: está bem por dentro das coisas da vida do povo, e estar bem por dentro das coisas de Deus, do reino de Deus.
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