A Exortação
Apostólica Gaudete et Exsultate trata também sobre o tema da
"alegria", do "senso de humor", que - diz Francisco - é uma
graça a ser pedida todos os dias.
Sergio Centofanti - Cidade do Vaticano
"O
santo é capaz de viver com alegria e senso de humor", afirma o Papa em uma
passagem da Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate.
Francisco
lembra que o cristão, "sem perder o realismo, ilumina os outros com um
espírito positivo e rico de esperança", porque a fé é "alegria no
Espírito Santo" (Romanos 14,17).
O mau humor não é um sinal de santidade
Normalmente
- observa - a alegria cristã é acompanhada por um senso de humor bem evidente,
como por exemplo, em São Thomas More, São Vicente de Paulo ou em São Filipe
Néri. O mau-humor não é um sinal de santidade: "Exclui a tristeza do eu
coração" (Eclesiastes 11,10).
O Senhor
nos dá tantas coisas, “para que possamos delas desfrutar” (1 Tm 6,17), e às
vezes a tristeza está ligada à ingratidão, estando de tal forma fechado em si
mesmo, que se torna incapaz de reconhecer os dons de Deus".
A oração do bom humor de São Thomas More
Francisco
recomenda, em particular, recitar a oração atribuída a São Thomas More:
"Dai-me, Senhor a saúde do corpo e, com ela, o bom senso pra conservá-la o
melhor possível. Dai-me, Senhor, uma boa digestão e também algo para digerir.
Dai-me uma alma santa, Senhor, que mantenha diante dos meus olhos tudo o que é
bom e puro. Dai-me uma alma afastada do tédio e da tristeza, que não conheça os
resmungos, as caras fechadas, nem os suspiros melancólicos…E não permitais que
essa coisa que se chama o “eu”, e que sempre tende a dilatar-se, me preocupe
demasiado. Dai-me, Senhor, o sentido do bom humor. Dai-me a graça de
compreender uma piada, uma brincadeira, para conseguir um pouco de felicidade e
para dá-la de presente aos outros. Amém!”
Sair de nossa "concha" para
descobrir a alegria
Se
deixarmos que o Senhor faça com que saiamos de nossa concha e nos transforme a
vida - escreve o Papa - então nós poderemos alcançar o que São Paulo exclamou:
"Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!" (Filipenses 4,4!
).
Existem
tempos difíceis, tempos de cruz - disse ele - mas nada pode destruir a alegria
sobrenatural que “se adapta e se transforma, e sempre permanece, pelo menos,
como um raio de luz que vem da certeza pessoal de ser infinitamente amado,
acima de tudo”.
É “uma
segurança interior, serenidade cheia de esperança que oferece uma satisfação
espiritual incompreensível segundo os critérios do mundo".
Deus nos quer positivos, não complicados
Francisco
recorda uma de suas citações favoritas do Eclesiástico, o amor paterno de Deus
que nos convida: "Filho, [...] faze algum bem a ti mesmo [...]. Não te
prive de um dia feliz”. (Eclo 14,11.14)
O Senhor
"quer que sejamos positivos, agradecidos e não muito complicados: “No dia
da felicidade, sê alegre; Deus criou o homem reto, mas é ele que procura os
extravios." (Ecles 7,14.29).
Em todas
as situações, é necessário manter um espírito flexível e fazer como São Paulo:
"Aprendi a contentar-me com o que tenho." (Filipenses 4,11). É o que
viveu São Francisco de Assis, capaz de comover-se de gratidão diante de um
pedaço de pão duro, ou louvando a Deus, feliz, apenas pela brisa que acariciava
seu rosto.
Uma alegria que vem da fraternidade
O Papa
não fala da "alegria consumista e individualista, tão presente em algumas
das experiências culturais de hoje. De fato, o consumismo, torna pesado o
coração; pode oferecer prazeres ocasionais e passageiros, mas não
alegria".
Em vez
disso, refere-se "àquela alegria que é vivida em comunhão, que é
compartilha e participada, porque" "é maior felicidade dar que
receber!"
(Atos
20,35) e " Deus ama quem dá com alegria "(2 Coríntios 9,7).
O amor
fraterno multiplica nossa capacidade de alegria, pois nos torna capazes de nos
alegrarmos com o bem dos outros".
Pedir a graça do senso de humor
"O
senso de humor é uma graça que eu peço todos os dias" - revelou ele em
novembro de 2016, durante uma entrevista à TV2000 e à Rádio InBlu - porque
"o senso de humor levanta você, faz você ver o provisório da vida e
encarar as coisas com um espírito de alma redimida. É um comportamento humano,
mas é o mais próximo à graça de Deus".
"Eu
- disse o Papa - conheci um padre, um grande padre, um grande pastor, para
citar um, que tinha um grande senso de humor, mas ele fazia muito bem aos
outros também com isso, porque relativizava as coisas: “O Absoluto é Deus, mas
isso se ajeita ... não se preocupe ...!”.
Mas sem
dizer isso, ele fazia as pessoas sentirem isto, com um senso de humor. E dele
se dizia: “Mas este sabe rir dos outros, de si mesmo, e também da própria
sombra".
Bento XVI e os anjos que voam porque tem alma
leve
Finalmente,
lembramos também de Bento XVI quando, em uma entrevista concedida em 5 de
agosto de 2006 a três emissoras alemãs de TV e à Rádio Vaticano, falou sobre a
importância do humor, de "saber ver o aspecto divertido da vida e sua
dimensão alegre", e não considerar as coisas “tão tragicamente".
Ele
considerava isto também um aspecto muito importante para o seu ministério.
Bento
XVI, na ocasião, havia citado o escritor Gilbert K. Chesterton que, com uma
pequena história, explicava que os anjos podem voar, porque tem a alma leve.
“Porque
não levam tudo tão a sério”, acrescentou Bento XVI, que assim concluiu: “E nós,
talvez, poderíamos também voar um pouco mais, se não déssemos assim tanta
importância”. Fonte: http://www.vaticannews.va
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