Na
Casa "Divino Mestre" de Ariccia, Papa Francisco e seus colaboradores
participam dos Exercícios Espirituais de autoria do sacerdote português José
Tolentino de Mendonça e intitulados “Aprendizes do estupor”.
Cidade
do Vaticano –
Durante toda esta semana, o Papa
Francisco se encontra em Ariccia, nas proximidades de Roma, para os
Exercícios Espirituais de Quaresma. Até o próximo domingo (25/02/2018), estão
suspensas todas as audiências públicas do Santo Padre, inclusive a Audiência
Geral de quarta-feira, e as homilias na Casa Santa Marta.
Na manhã de segunda-feira, após as
orações, o Pontífice e os colaboradores prosseguiram o retiro iniciado no
domingo. Este ano, pela primeira vez, o pregador vem de Portugal.
A segunda meditação proposta pelo Pe.
José Tolentino de Mendonça ao Papa e aos seus colaboradores foi dedicada
ao tema “A ciência da sede”.
O tema foi inspirado na última frase
pronunciada por Jesus no livro do Apocalipse (Ap 22, 17), “Quem tem sede,
venha”.
O sacerdote português alternou citações
bíblicas a obras de teólogos, escritores, poetas e dramaturgos como Milan
Kundera, Padre Henri de Lubac, Emily Dickinson, Eugène Ionesco, Saint-Exupéry.
No trecho do Apocalipse, as palavras
usadas são “quem tem sede”, “quem quiser” – expressões que se referem a nós,
afirmou Pe. Tolentino. “Estamos tão próximos da fonte e vamos para tão longe,
perdidos em desertos, em busca da torrente que nos mate a sede e ignorando
assim ‘o dom que Deus tem para nos dar’.”
A
dor da nossa sede
Não é fácil reconhecer que sentimos sede,
prosseguiu o sacerdote, “porque a sede é uma dor que se descobre pouco a pouco
dentro de nós”, por trás das nossas habituais narrações defensivas ou
idealizadas.
Há uma violência no mundo e em nós mesmos
que vem da sede, do medo da sede, do pânico de não ter as condições de
sobrevivência garantidas. “Nós nos revoltamos uns contra os outros. A dor da
nossa sede é a dor da vulnerabilidade extrema, quando os nossos limites nos
comprimem.”
O sacerdote português citou o consumismo
dos centros comerciais, mas ressaltou que não devemos nos esquecer que existe
também um consumismo na vida espiritual. As sociedades que impõem o consumo
como critério de felicidade transformam o desejo numa armadilha.
O objeto do nosso desejo é uma entidade
ausente, um objeto inesgotável. O Senhor, porém, não cessa de nos dizer: «Quem
tem sede, venha; quem quiser, tome de graça da água da vida».
O
caminho da nossa sede
Para o Pe. Tolentino, existem muitos modos
de enganar as necessidades que nos dão vida e adotar uma atitude de evasão
espiritual sem jamais, porém, se conscientizar de que estamos em fuga.
Também aqui, como em outros âmbitos da
vida, afimou, a verdadeira conversão não consistirá em belas teorias, mas em
decisões que resultem de uma efetiva conscientização das nossas necessidades.
Nem
que fosse um único copo de água
O trecho do Apocalipse volta ao final da
medtiação. «Quem tiver sede, venha …» Certamente não bebemos para matar a sede.
Jesus sabe que um simples copo de água que damos ou recebemos não é algo banal.
É um gesto que dialoga com dimensões profundas da existência, porque vai ao
encontro daquela sede que está presente em todo ser humano, e é sede de
relação, de aceitação e de amor.
“Carregamos conosco tantas sedes. A sede é
um patrimônio biográfico que somos chamados a reconhecer e do qual somos
gratos. Depositemos em Deus a nossa sede.” Fonte: http://www.vaticannews.va
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