Orani João, Cardeal Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do
Rio de Janeiro, RJ
No
próximo dia 20 de janeiro teremos a graça de celebrar o padroeiro de Nossa
Arquidiocese, São Sebastião. O Santo é padroeiro da Cidade e do Estado do Rio
de Janeiro. São Sebastião é um dos santos mais famosos entre o povo brasileiro.
Por causa de sua poderosa intercessão e incontáveis milagres obtidos, ele se
tornou padroeiro de muitas cidades, e outras tantas cidades e bairros por todo
o Brasil receberam o nome de São Sebastião. Nossa Arquidiocese se prepara para
esta grande festa, com a Trezena de São Sebastião, que neste ano o contempla
como “padroeiro das famílias cariocas”, além de nos ensinar a ser solidários
com os necessitados, com o incremento das arrecadações da caridade social em
todas as paróquias.
A
fortaleza para superar os diferentes tipos de dificuldades e situações foi um
traço que marcou a vida de São Sebastião, e ele nos anima a ter o mesmo
espírito de confiança total em Deus e audácia cristã para fazer da vida uma
caminhada segura rumo à felicidade.
São
Sebastião (256-288) nasceu na França e logo foi com os pais para Milão, na
Itália. Nas terras italianas cresceu na fé cristã, e ficou famoso como valente
soldado e depois capitão da guarda do imperador Romano. Os cristãos eram
perseguidos na época e muitos foram presos e martirizados, porém, só aos poucos
as pessoas souberam que São Sebastião era cristão e, enquanto isso, ele
conseguiu ajudar muitas pessoas presas por seguirem o Cristianismo, diminuindo
as penas, dando alimento e animando a perseverarem na fé em Cristo, mesmo que
isso implicasse o martírio.
Na
época em que o imperador empreendia a expulsão de todos os cristãos do seu
exército, Sebastião foi denunciado por um soldado. Diocleciano sentiu-se
traído, e ficou perplexo ao ouvir do próprio Sebastião seu testemunho de que
era cristão. Tentou, em vão, fazer com que ele renunciasse ao cristianismo, mas
Sebastião com firmeza se defendeu, apresentando os motivos que o animava a
seguir a fé cristã, e a socorrer os aflitos e perseguidos.
O Imperador,
enraivecido ante os sólidos argumentos daquele cristão autêntico e decidido,
deu ordem aos seus soldados para que o matassem a flechadas. Tal ordem foi
imediatamente cumprida: num descampado, os soldados despiram-no, amarraram-no a
um tronco de árvore e atiraram nele uma chuva de flechas. Depois o abandonaram
para que sangrasse até a morte.
Irene,
mulher do mártir Castulo, foi com algumas amigas ao lugar da execução, para
tirar o corpo de Sebastião e dar-lhe sepultura. Com assombro, comprovaram que o
mesmo ainda estava vivo. Desamarraram-no, e Irene o escondeu em sua casa,
cuidando de suas feridas. Passado um tempo, já restabelecido, São Sebastião
quis continuar seu processo de evangelização e, em vez de se esconder, com
valentia apresentou-se de novo ao imperador, censurando-o pelas injustiças
cometidas contra os cristãos, acusados de inimigos do Estado.
Diocleciano
ignorou os pedidos de Sebastião para que deixasse de perseguir os cristãos, e
ordenou que ele fosse espancado até a morte, com pauladas e golpes de bolas de
chumbo. E, para impedir que o corpo fosse venerado pelos cristãos, jogaram-no
no esgoto público de Roma. Uma piedosa mulher, Santa Luciana, resgatou o corpo
do santo e o sepultou nas catacumbas. Isso aconteceu no ano de 287. Mais tarde,
no ano de 680, suas relíquias foram solenemente transportadas para uma basílica
construída pelo Imperador Constantino, onde se encontram até hoje.
São
Sebastião é um exemplo de coragem ante os obstáculos da vida e fidelidade mesmo
diante das contrariedades e perseguições. É interessante notar o seu empenho em
fazer o bem ocultamente, aproveitando todas as circunstâncias para semear
alegria, consolo e ânimo para as pessoas próximas, mesmo sabendo que quando
fosse descoberto poderia ter complicações. São Sebastião também pode ser
reconhecido por sua prontidão em fazer a Vontade de Deus e enorme espírito de
serviço, pois após recobrar a saúde ele se volta para os outros e quer
continuar fazendo o bem, sem achar que já fez muito na vida e que agora precisa
repousar.
Ao
olhar para São Sebastião, que sofreu e morreu, lembramos que ele seguiu o
caminho de Cristo que sofreu, morreu e venceu a morte. No acontecimento
Salvífico da Sexta-feira Santa no Calvário, traduz-se profundamente o amor de
Deus pela humanidade. Ali se dá a realização do sonho de Deus por cada um dos
Seus filhos. Dando-Se por amor, Ele traz o céu à terra e nos resgata de nossas
misérias. É em torno de nossas misérias que o amor de Deus age e se realiza.
São
Sebastião tornou-se defensor da Igreja como soldado, como capitão e ainda como
apóstolo daqueles que eram presos. Também foi apóstolo dos mártires, os que
confessavam Jesus em todas as situações, renunciando à própria vida. O coração
de São Sebastião tinha esse desejo: ser cristão até o fim de seus dias. E
quando denunciado como cristão, lá estava ele diante do imperador. Mas nosso
santo deixou claro, com muita sabedoria, auxiliado pelo Espírito Santo, que
mesmo sendo um bom soldado era um cristão convicto.
São
Sebastião é exemplo de homem que foi coerente com a fé católica. Por
consequência, tendo a coragem de dizer que a Vida é inalienável, desde a
concepção até o seu termo natural, e que os símbolos de nossa fé não podem se
curvar diante dos Imperadores de plantão.
Socorrei-nos,
glorioso Mártir São Sebastião, para que saibamos ser anunciadores da
misericórdia e da verdade. Que saibamos viver o santo Evangelho de cada dia.
Fonte: http://www.cnbb.org.br
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