William de Souza Martins (USP)
Ao
advertir que as categorias usadas pelos agentes históricos do passado lançam
luz sobre as suas respectivas visões de mundo, Peter Burke fornece como exemplo
a imagem muitas vezes recorrente do “mundo como um organismo”. A metáfora da sociedade como um “corpo
místico” constitui uma das vias mais acabadas de um modo de pensar a
coletividade baseado nas diferentes funções exercidas pelos órgãos do corpo
humano. Assim ocorre, desde seu aparecimento no século XII nos escritos de João
de Salisbury: a res publica possui pés, os camponeses; mãos, os cavaleiros que
brandem suas armas e uma cabeça, representada pelo príncipe. Não obstante a
posição privilegiada desse último, a sociedade apresenta também uma alma, os
sacerdotes, cuja sabedoria mostrava ao monarca os caminhos da verdade. Nesse
esquema, é possível vislumbrar, portanto, ecos da imagem trifuncional da
sociedade, baseada na divisão entre os que oram, os que combatem e os que
trabalham, embora Salisbury introduza na representação do corpo social outras compartimentações,
tais como o coração, em que figuram os conselheiros do rei; o ouvido e a
língua, os instrumentos da jurisdição régia e o ventre, que representa as
gentes de finança. Quando aplicada para
a caracterização da sociedade laica, a imagem do corpo místico atravessou a
Baixa Idade Média, reaparecendo no pensamento jurídico moderno inglês que, ao
reforçar a tradicional concepção corporativa da sociedade, punha limites ao
poder régio. Atendendo a propósitos semelhantes,
a metáfora é também empregada no pensamento político quinhentista português,
aparecendo por exemplo no segundo livro do Espelho do Perfeito Príncipe Cristão
de Francisco de Monçon, cuja caracterização do corpo místico da República
repete pontualmente os topoi anteriormente estabelecidos por João de Salisbury,
com a excessão da alma, o que indica a secularização crescente do pensamento e
a perda relativa de importância da Igreja, em comparação com a Idade
Média. Em última análise, a incrível vitalidade
da imagem em questão é patente quando se verifica sua presença no Príncipe
perfeito de Francisco Antônio Moraes de Campos, editado em 1790, que torna a
atribuir ao rei o lugar de cabeça do corpo místico da República, cujas funções
de comando, não obstante, não substituem as atribuições específicas do restante
do corpo.
A
Igreja medieval não permaneceu insensível ao uso sociológico da metáfora do
corpo místico. Como resposta à secularização em curso na Baixa Idade Média,
manifestada principalmente pela autonomização dos corpos políticos privados,
urgia que a corporação eclesiástica reafirmasse sua preponderância por meio de
uma imagem universalizante. Assim, no início do século XIV, o papa Bonifácio
VIII aplicaria a referida metáfora para representar a sociedade cristã ou
Igreja no sentido mais amplo, à cabeça da qual assomava o próprio Cristo. A
reação manifestada pelo clero ao uso laico da metáfora do corpo místico também
pressupôs uma mudança mais lenta ocorrida no pensamento teológico. Se na Alta
Idade Média, a imagem do corpo místico aplicava-se ao sacramento eucarístico,
por causa de movimentos heréticos a Igreja insistiu cada vez mais na presença
real do Cristo na hóstia, culminando com a aprovação do dogma da
transubstanciação, em 1215. A partir de então, nos escritos eclesiásticos, a
metáfora do corpo místico teria um sentido cada vez menos sacramental,
referindo-se preferencialmente ao mundo social.
Mais
recentemente, a reflexão teológica retomou a abordagem sociológica da metáfora
do corpo místico, atitude influenciada talvez indiretamente pelo movimento de
centralização das estruturas eclesiásticas ocorrido a partir do século XIX e,
de modo mais direto, pela publicação em 1943 da encíclica Mystici Corporis.
Conforme apontou precisamente Georges Duby, a referida imagem traz subjacente
uma “moral de enquadramento”, que sacraliza a multiplicidade e a desigualdade
de funções exercidas pelos agentes sociais ou eclesiásticos, de modo que
sobreviva a união mística do todo. Ao lado disso, o uso da metáfora implica na
interdependência entre as diferentes partes de um agregado cívico, na medida
que “os súditos se acham incorporados no rei e este nos súditos” ; de modo
similar, estende a mesma propriedade para a sociedade cristã: a graça de Cristo
se espraia aos fiéis para uni-los entre si e com sua cabeça. Não obstante, os
usos da imagem corpo místico variaram consideravelmente, conforme era aplicada
para representar o governo de uma república perfeita ou o governo de Deus sobre
os homens. Assim, enquanto que no pensamento jurídico inglês ou português, a
imagem do corpo místico apontava para uma concepção limitada do poder do
soberano, a reflexão teológica reforça, como seria de esperar, a capitalidade
de Cristo, que opera em dois planos: externo ou de governo, representado “com a
ajuda dos homens que ensinam, administram ou governam em seu nome”, ou seja, a
corporação eclesiástica; interno ou de santificação, por meio da graça que atua
individualmente em cada homem.
No
uso específico que a metáfora do corpo místico assume nas três obras analisadas
a seguir, da lavra de religiosos observantes das regras de Nossa Senhora do
Carmo, de Santo Agostinho, e de São Francisco, todas elas publicadas no século
XVIII, torna-se evidente uma característica: a apropriação da imagem operada
pelos respectivos frades assinala a pulverização jurisdicional característica
do Antigo Regime. Assim, na metáfora orgânica que cada uma das ordens propunha
como auto-representação de si, está subjacente o fato de que a jurisdição dos
órgãos periféricos “era sua própria (e não delegada) e inatacável pela
coroa”. Era como se no interior do corpo
místico da República operasse uma pluralidade de corpos místicos, com
jurisdições e hierarquias próprias. No caso aqui enfocado, tratava-se da
jurisdição espiritual que cada uma das referidas Religiões exercia em relação
às suas correspondentes Ordens Terceiras, constituídas por irmãos leigos. Desse
modo, justificava-se a isenção das Ordens Terceiras da jurisdição do ordinário,
no plano diocesano, e da do pároco, ao nível paroquial, representantes mais
diretos da Coroa. Ainda neste caso, portanto, a metáfora do corpo místico
atuava como imposição de limites ao poder do soberano.
Buscando
seguir uma linha cronológica, a primeira obra a considerar é o Tesouro
carmelitano de fr. José de Jesus Maria, dada à impressão ainda na primeiro
decênio dos Setecentos. No capítulo X,
ao tratar das amplas obras meritórias de que participavam os irmãos terceiros
carmelitas, o autor representa tal participação por meio da seguinte imagem:
Não
há dúvida que é o mesmo ser admitido qualquer Católico ao sagrado Hábito da
nossa Venerável Ordem Terceira, que ficar sendo membro deste místico corpo da
nossa Religião Carmelitana (...) e se os membros no corpo humano se ajudam uns
aos outros em ordem a viver, assim também no corpo místico da Religião se
ajudam, para que todos se venham a salvar, comunicando uns aos outros o
merecimento das boas obras que fazem.
Assim,
diferentemente das simples irmandades leigas, os irmãos das Ordens Terceiras
estavam inseridos em uma coletividade religiosa que lhes franqueava diversas
vantagens espirituais. Sem detalhar por enquanto o modo pelo qual recebiam tais
privilégios, importa reter que, à semelhança do organismo humano, o “místico
corpo” carmelita apresentava-se hierarquizado, nele ocupando lugar proeminente
a própria mãe de Cristo. Seguram-lhe uma série de profetas e santos, até chegar
aos religiosos e religiosas da Observância, ou carmelitas calçados, e aos
carmelitas Descalços, que se pautavam pela reforma de Santa Teresa. O autor não faz explícita menção à posição
ocupada pelos irmãos terceiros que, deduz-se, deviam figurar depois dos
religiosos.
O
autor, não obstante, parece não se satisfazer com essa metáfora, e tentou
aprimorá-la recorrendo à outra imagem, a da “árvore mística”:
É
Árvore porque se esta se compõe de raiz, tronco, cortiça, ramos, folhas, flores
e frutos, as quais cousas, ainda que sejam de diversa condição e natureza, da
raiz procedem, e dela tiram a vida e a vigor, assim também esta nossa Terceira
Ordem se compõe, como Árvore, de muitas e diversas pessoas nobres e mecânicas,
homens, mulheres, ricos e pobres, Eclesiásticos e seculares (...) assim, como
os membros procedem da cabeça, assim como os raios procedem do Sol, e assim
como os rios procedem da fonte, assim espiritualmente procedem de Maria
Santíssima todos os Carmelitas regulares e seculares (...) São os carmelitas
todos, assim Religiosos como Terceiros, os filhos desta Mãe, os ramos deste
tronco, os membros desta cabeça, os raios deste Sol, e os rios desta fonte.
Se
no primeiro trecho da citação acima a “árvore mística” abrange apenas os
membros das Ordens Terceiras, nos dois últimos há claramente a inclusão dos
frades e freiras, haurindo todos eles os benefícios espirituais emanados da Virgem.
Se o texto afirma a preponderância desta sobre toda a “árvore mística”, por
outro lado não empreende uma hierarquia espiritual entre os membros religiosos
e os seculares, que surgem genericamente identificados aos “ramos” e “rios”. Há
alusões apenas à hierarquia interna dos irmãos terceiros, cuja origem se
encontra nas ocupações do século “pessoas nobres e mecânicas” mas não a
divisões baseadas no modo religioso de vida e nas obras espirituais.
No
escrito acima, o autor lança mão de imagens retiradas da natureza, cujos
significados mais profundos adquirem uma feição moral, conforme ensinou Sérgio
Buarque de Holanda. Se teólogos
contemporâneos como o dominicano Emílio Sauras, seguindo os passos de S. Tomás
de Aquino, criticaram tal abundância de imagens como “naturalismo vulgar”, é
preciso ver entretanto que a Teologia patrística incluía como técnica
hermenêutica o essencialismo. De acordo com tal doutrina, Deus escrevera
através de dois livros, a Bíblia e as criaturas, que constituíam as vias para o
conhecimento de sua Verdade. Conforme expressou S. Boaventura, cujas concepções
aparecem refletidas na obra do carmelita José de Jesus Maria, “todos os seres
criados simbolizam Deus. Pois Deus é a origem de todas as coisas, e todo efeito
é símbolo de sua causa.”
No
texto que será analisado em seguida, tais imagens estão ausentes; no entanto,
uma vez mais, a metáfora do corpo místico ocupa uma posição central no
discurso. Na primeira metade do século XVIII, o frei agostiniano José de Santo
Antônio propôs à irmandade de Nossa Senhora da Graça, em Lisboa, que fosse
elevada à categoria de Ordem Terceira sob a jurisdição de sua Religião,
tornando-se o referido sacerdote o primeiro comissário da Ordem. Obtendo
consentimento do grupo de devotos, o frade constituiu-se em “Padre espiritual”
dos irmãos terceiros, delegado imediato da autoridade do provincial dos
religiosos de Santo Agostinho. De
simples irmandade, aqueles fiéis atingiram uma nova condição:
Não
se extingue logo a Irmandade antiga de Nossa Senhora da Graça, melhora-se sim
pelo ascenso à Terceira Ordem Augustiniana. Não se extingue porque os que eram
até aqui Irmãos no serviço e obséquios da Virgem Maria, subindo a ser Terceiros
de uma Religião (...) nesta dita logram sobre o título de Irmãos o de filhos, e
assim ficam unidos à Senhora com vínculo mais estreito [tendo] por Mãe a Virgem
Maria da Graça, e por Pai o grande Patriarca Santo Agostinho, Luz da Igreja e
Mestre universal de toda a Cristandade, o afeto que lhes merece há de obrigar
aos bons Católicos a agregar-se a este Corpo Místico...
Combinando
a metáfora orgânica à da família, o autor assinala que o grupo de devotos
doravante participa de um corpo hierarquizado, de uma família à cabeça da qual
figura um místico casal. Esse discurso
assinala a mudança do estatuto do referido grupo de devotos: de irmandade a
gozar de relativa autonomia no campo religioso a Ordem Terceira ligada jurídica
e espiritualmente aos religiosos de santo Agostinho.
Havia
uma importante contrapartida espiritual que, para os leigos, parecia compensar
largamente certa perda de autonomia na gestão do sagrado: o ingresso no “Corpo
Místico” de uma Religião transmitia-lhes quase todas as graças e benefícios
espirituais durante muitos séculos acumulados pelos religiosos. O franciscano
Manoel de Maria Santíssima, guardião do convento português de Varatojo, ao
tentar representar as relações de complementaridade entre as diferentes partes
que compunham o corpo de sua Religião, exprimiu com clareza a idéia da
transmissão do patrimônio espiritual:
Ora,
sendo certo que as três Ordens Seráficas, Primeira de Religiosos, Segunda de
Religiosas, terceira da Penitência para Seculares, formam um corpo místico na
participação das boas obras, e merecimentos, e são todas ramos de um mesmo
tronco e de uma mesma árvore, de cuja virtude participam todos os seus ramos e
folhas, que tesouro de bens se não encerra aqui para os irmãos Terceiros de que
tão facilmente se podem aproveitar?
No
interior do “Corpo Místico” franciscano, os bens espirituais não se transmitiam
apenas em sentido vertical , ou seja, dos religiosos até os irmãos terceiros:
no âmbito deste último grupo, ocorria também a difusão das graças espirituais
através da extensa rede de Ordens Terceiras existente na Cristandade. Assim,
segundo o autor, apenas as graças conquistadas numa das partes do corpo
Seráfico já seria o bastante para atrair a participação dos simples fiéis:
Só
em doze Ordens (Terceiras) sujeitas à direção de Varatojo se dizem cada ano
mais de mil Missas pelos irmãos vivos e defuntos com serem Ordens pobres. Que
será na Ordem da Cidade [Lisboa] que tinha o ano de 1701 vinte mil Irmãos? Que
será na Ordem de Madri em Espanha, que entre Noviços e professos tinha o ano de
1690 68 mil Irmãos?
Os
três escritos da autoria dos religiosos acima referidos enfatizam uma acepção
muito particular da metáfora do “Corpo Místico”: este não designa o conjunto
formado pelo clero e fiéis, a Igreja em sentido amplo. Pelo contrário,
refere-se a um agregado formado por religiosos que observavam votos de
castidade e de obediência; e por seculares que viviam de seus ofícios mundanos,
situados todos sob a égide dos fundadores das respectivas Ordens e, acima de
tudo, de Maria Santíssima. Assim, no cume de cada edifício representado pelas
diferentes Ordens Religiosas, a pessoa de Maria substitui a de seu próprio
filho, guardando uma importante distinção em relação ao conjunto da Igreja,
para quem o alicerce ou o cimo as duas posições são equivalentes é ocupado pela figura de Cristo.
Nota:
Esse trabalho reflete algumas indagações
presentes na pesquisa Membros do corpo místico: Ordens Terceiras da cidade do
Rio de Janeiro, que se desenvolve junto à Universidade de São Paulo sob a
orientação da prof.ª dr.ª Maria Beatriz Nizza da Silva, e que conta com o
amparo financeiro da FAPESP.
O mundo como um teatro. Lisboa, Difel, 1992,
p. 44.
Georges Duby. As três ordens ou o imaginário
do feudalismo. Lisboa, Estampa, 1982, p. 288-93.
Segundo Ernst H. Kantorowicz, “o corpo
político, místico ou público da Inglaterra não se definia somente pelo rei ou
cabeça, mas sim pelo rei juntamente com o conselho e o Parlamento”. Vide Los
dos cuerpos del rey. Un estudio de teología política medieval. Madrid, Alianza,
1985, p. 217.
Ana Isabel Buescu. Imagens do príncipe.
Discurso normativo e representação (1525-1549). Lisboa, Cosmos, 1996, p.
193-211.
Vide Ângela Barreto Xavier e Antônio Manuel
Hespanha “A representação da sociedade e do poder” In A. M. Hespanha (coord.) O
Antigo Regime (1620-1807). Lisboa, Estampa, 1993, p. 123 (História de Portugal,
dir. José Mattoso, v. 4).
Ernst H. Kantorowicz, Los dos cuerpos...,
cit., p. 188-200.
Vide fr. Emílio Sauras, OP. El cuerpo mistico
de Cristo. Madrid, Biblioteca de Autores Cristianos, 1952, p. 1-27.
Antônio Manuel Hespanha “Para uma teoria da
história institucional do Antigo Regime” In A. M. Hespanha (org.). Poder e
instituições na Europa do Antigo Regime. Lisboa, Calouste Gulbenkian, 1984, p.
59.
Tesouro Carmelitano manifesto e oferecido aos
Irmãos e Irmãs da Venerável Ordem Terceira da Rainha dos Anjos, Mãe de Deus,
Senhora do Carmo, pelo..., Comissário da mesma Terceira Ordem no Convento do
Carmo de Lisboa. Lisboa, na Oficina de Miguel Menescal da Costa, Impressor do
Santo Ofício, 1760. Nos fichários da BNRJ, consta uma edição de 1705, que não
foi possível consultar, impressa na mesma oficina.
Ibid., p. 247-9. A expressão “árvore mística”
está na p. 243.
Visão do paraíso. Os motivos edênicos no
descobrimento e colonização do brasil. 2.ª ed. rev. e amp. São Paulo, Nacional,
1969, cap. VIII, p. 236: “os cenários naturais, em terra onde tudo era
insólito, pareciam importar, não tanto por aquilo que aparentavam, mas
sobretudo pelo que pareciam anunciar ou dissimular”. Conforme expôs João Adolfo
Hansen em obra analisada a seguir, pode-se chamar de essencialista o
procedimento dos escritores portugueses que se encarregaram da descrição do
Novo Mundo, adotando para a análise do mundo sensível procedimentos
hermenêuticos próprios da Teologia.
El cuerpo místico..., cit., p. 34. O autor
refere que “por querer valorizar mais que o devido a metáfora, se chega umas
vezes a extremos pueris e outros a extremos francamente errôneos”.
Apud João Adolfo Hansen. Alegoria. Construção
e interpretação da metáfora. São Paulo, Atual, 1987, p. 4. Segundo o referido
autor, a novidade da teologia de S. Tomás de Aquino em relação à tradição dos
Santos Padres é a exclusão do “sentido figurado metafórico ou alegórico do
sentido espiritual, (...) aquele desejado e inscrito por Deus no mundo e na
história (...) Teológica, a concepção hipervaloriza a alegoria fatual, a única
que apresenta o sentido espiritual” (p. 57-8). Ainda de acordo com Hansen, a
alegoria fatual, também conhecida como tipologia, designa o procedimento
hermenêutico dos teólogos em interpretar passagens do Antigo Testamento como
prefigurações do Novo (p. 47).
Fr. José de Santo Antônio, Ord. August. Iman
Espiritual atrativo dos corações ao amor, veneração e séquito da Terceira Ordem
Augustiniana... dedicado à sagrada imagem de Nossa Senhora da Graça, colocada
em seu convento de Lisboa Oriental, Padroeira e protetora da mesma venerável
Ordem... Lisboa Ocidental, na Oficina da Música, 1726, p. 305.
Acerca da imagem do matrimônio, desta vez
aplicada à aliança entre o príncipe e sua república, que estabelecia direitos e
obrigações para ambas as partes envolvidas, cf. Ernst H. Kantorowicz, Los dos
cuerpos..., cit., p. 206-8.
Sobre a autonomia relativa desfrutada pelas
irmandades, Sergio Chahon assinala que apenas
na segunda metade do século XVIII, graças às medidas tomadas por Pombal, o
Padroado Real procurou defender com mais ênfase a sua jurisdição, fazendo valer
as prerrogativas de seus agentes mais diretos, como os párocos e os bispos
diocesanos, contra as pretensões de autonomia das Ordens religiosas e
irmandades. Cf. Aos pés do altar e do trono: as irmandades e o poder régio no
Brasil, 1808-1822. Dissertação de Mestrado apresentada à USP, sob a orientação
de Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo, 1996, p. 22-7.
Terceiro franciscano instruído nas obrigações
do seu Instituto da Terceira Ordem da penitência; com a notícia das muitas
Indulgências concedidas aos Professores deste Instituto... por Fr. Manoel de
Maria Santíssima, Missionário Apostólico e Guardião de Varatojo. Lisboa, na
Oficina de Antônio Gomes, 1787, p. 159.
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