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domingo, 22 de janeiro de 2012

Pesquisa revela mudança no perfil de padre brasileiro

Religiosos oriundos de ordens e congregações cedem espaço para sacerdotes com estilo mais 'profissional'. Dados também indicam que igreja tem revertido tendência de encolhimento do número de padres
DANIEL RONCAGLIA
DE SÃO PAULO

(Foto da reportagem. Fonte: Jornal, "Folha de São Paulo". Domingo, 22 de janeiro-2012).
A Igreja Católica no Brasil mudou nos últimos 40 anos.
Deixou de ser formada em sua maioria pelo tradicional religioso das ordens e congregações, que é obrigado a fazer o voto de pobreza, para dar lugar ao chamado padre de paróquia, que tem pensão, benefícios, costumes e estilo de vida menos restritivos.
Censo do Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações Sociais da Igreja Católica revela que o número dos chamados "padres paroquiais" teve um aumento de 180% desde 1970, enquanto o de "padres religiosos" não se alterou.
Com isso, a proporção se inverteu. Os "religiosos", que representavam 61,50% da base da igreja, formam agora 36% do clero. Os paroquiais, 64% de um total de 22 mil. Os números mostram também que a igreja tem revertido a tendência de encolhimento, ampliando a proporção de padre por habitante.
VOTOS
A principal diferença entre os dois tipos de padre está no voto de pobreza dos membros das congregações. "O religioso tem que provar para o seu superior que tem a necessidade de possuir um bem. Não pode adquirir por si mesmo", explica Valeriano dos Santos Costa, diretor da Faculdade de Teologia da PUC-SP e padre paroquial.
Segundo ele, as restrições podem afastar os candidatos, pois muitos já chegam com ensino superior concluído. "Estamos em mundo muito mais liberal. É preciso ter estrutura para viver desse modo", afirma. Ele lembra, entretanto, que as ordens em regra possuem considerável patrimônio.
A instituição que Valeriano dirige é responsável por uma das etapas de formação dos sacerdotes. De acordo com ele, a média de idade das turmas é de 28 anos, mas existem alunos com mais de 40 anos.  envelhecimento dos candidatos ao sacerdócio é um dos fatores que, entre outros, são apontados para explicar a mudança no perfil.
Valeriano cita, por exemplo, que não existem mais os seminários exclusivos para adolescentes. Nome mais conhecido da igreja no Brasil, o "paroquial" Marcelo Rossi virou padre aos 27 anos.
Padre da Ordem do Carmo em São Paulo, frei Petrônio Miranda, 44, reconhece que a vida no convento tem mais exigências. "Temos uma formação mais longa." O convento onde vive já abrigou 60 frades, mas hoje conta com três padres e quatro alunos.
O professor da USP Flávio Pierucci, especialista em religião, diz que o crescimento dos padres de paróquia pode fortalecer a cúpula da Igreja Católica, pois os "religiosos" não estão vinculados ao poder dos bispos.

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