A leitura que a Igreja propõe neste domingo
é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1, 26-38 que corresponde ao 4º
Domingo de Advento, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio
Pagola comenta o texto.
Eis
o texto
Lucas narra o anúncio do nascimento de
Jesus em estreito paralelismo com o de João Baptista. O contraste entre ambos
os episódios é tão surpreendente que nos permite entrever com luzes novas o
Mistério de Deus encarnado em Jesus.
O anúncio do nascimento de João Baptista
ocorre em “Jerusalém”, a grandiosa capital de Israel, centro político e
religioso do povo judeu.
O nascimento de Jesus anuncia-se numa
terra desconhecida das montanhas da Galileia. Uma aldeia sem relevo algum,
chamada “Nazaré”, donde ninguém espera que possa sair nada bom. Anos mais
tarde, estas povoações humildes acolherão a mensagem de Jesus anunciando a
bondade de Deus. Jerusalém, pelo contrário, rejeitá-Lo-á. Quase sempre, são os
pequenos e insignificantes os que melhor entendem e acolhem a Deus encarnado em
Jesus.
O anúncio do nascimento de João Baptista
tem lugar no espaço sagrado do “templo”. O de Jesus, numa casa pobre de uma
“aldeia”. Jesus faz-se presente aí onde as pessoas vivem, trabalham, se alegram
e sofrem. Vive entre eles aliviando o sofrimento e oferecendo o perdão do Pai.
Deus fez-se carne, não para permanecer nos templos, mas para “colocar a Sua
morada entre os homens” e compartir a nossa vida.
O anúncio do nascimento de João Baptista
é escutado por um homem venerável, o sacerdote Zacarias, durante uma solene
celebração ritual. O de Jesus, é feito a Maria por uma “jovem” de uns doze anos.
Não se indica donde está nem o que está a fazer. A quem pode interessar o
trabalho de uma mulher? No entanto, Jesus, o Filho de Deus encarnado, verá as
mulheres de forma diferente, defenderá a sua dignidade e as acolherá entre os
Seus discípulos.
Por último, de João Baptista anuncia-se
que nascerá de Zacarias e Isabel, um casal estéril, abençoado por Deus. De
Jesus diz-se algo absolutamente novo. O Messias nascerá de Maria, uma jovem
virgem. O Espírito de Deus estará na origem da Sua aparição no mundo. Por isso,
“será chamado Filho de Deus”. O Salvador do mundo não nasce como fruto do amor
de esposos que se querem mutuamente. Nasce como fruto do Amor de Deus por toda
a humanidade. Jesus não é uma prenda que nos faz Maria e José. É uma prenda que
nos faz Deus.
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