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Aldo di Cillo Pagotto, sss, Arcebispo Metropolitano da Paraíba
Você
concorda com esses critérios de seleção e acompanhamento dos candidatos?
Conheça a trajetória e as propostas do
candidato e do partido. Se eleito, cobre resultados! Observe se o candidato
trabalha com políticas estruturais ou se improvisa políticas de compensação. Escolha
quem defende a dignidade da Vida e da Família, quem prioriza a área da Saúde,
da Educação, do ensino profissionalizante, capacitando jovens para o mercado de
trabalho qualificado. Escolha quem promove o bem da coletividade gerando
oportunidades de inclusão social, investindo na infraestrutura para o
desenvolvimento do Estado e do povo. Escolha quem não faz da política balcão de
negócios, deixando-se corromper.
Apresentação
Por
que a Igreja trata sobre a política?
- A Igreja recebeu de Jesus a missão de
Evangelizar, como Jesus ensinou aos seus discípulos, servindo ao povo em nome
de Deus nosso Pai (Cf. Mateus. 28,16 ss).
- A Igreja reconhece e respeita a
autonomia do Estado laico. A Igreja não aspira ao poder político, não entra em
disputa pelo poder, não “fecha propostas” com políticos, com partidos ou com
governos, nos níveis Federal, Estadual e Municipal.
- A Igreja não deve se intrometer em
política partidária, indicar candidatos, partidos, definir o perfil da
administração da coisa pública. Isso é papel de cabos eleitorais.
O
que a Igreja faz?
- A Igreja orienta os fiéis a respeito
dos princípios éticos e dos valores morais, incentiva-os para que contribuam na
organização da ordem social, de modo que sejam bons cristãos e honestos
cidadãos, testemunhem os valores do Evangelho de Jesus, enfim, esforcem-se para
torná-los presentes na organização da sociedade. Pelo voto consciente,
responsável, democrático, o povo pode decidir o seu presente e o seu futuro.
De
que forma a Igreja pode contribuir no ano de Eleições?
- Em ano de Eleições a Igreja contribui
com a conscientização dos fiéis, orientados a discernir as propostas de
políticas públicas apresentadas por candidatos e partidos, conforme as
necessidades e os anseios da população.
- Através do voto, o cidadão exerce o
seu dever, elegendo candidatos honestos e competentes. Dessa forma os fiéis
participam da construção da cidade e da cidadania.
- Que o eleitor escolha candidatos que
representem os direitos dos cidadãos. Antes de votar, que forme sua opinião e
faça sua opção. Evite oportunistas e interesseiros que compram votos, enganando
e corrompendo pessoas não esclarecidas.
Canais
de participação popular
- Se forem bem orientados pelos valores
humanos (e cristãos), os cidadãos e cidadãs acompanham e também cobram o
encaminhamento dos projetos de políticas públicas prometidos pelos candidatos e
pelos partidos durante as campanhas. Dessa forma, as lideranças participam do
planejamento de políticas públicas que defendam os direitos dos cidadãos e
promovam o bem comum.
- Para isso existem muitos canais
abertos para a participação das lideranças, representantes das instituições,
das associações de bairros, das comissões. Vários encaminhamentos são debatidos
nos conselhos de cidadania, nos fóruns de discussão de prioridades, nas
audiências públicas, sobretudo no orçamento democrático.
- Há várias campanhas e atividades
educativas desenvolvidas por órgãos públicos e instituições que contam com a
adesão da população. Citemos apenas algumas: paz no trânsito, respeito à
sinalização e ao pedestre, lei seca, prevenção de doenças (do câncer de mama e
da próstata), Lei Maria da Penha (superando a violência contra a mulher),
combate ao abuso e à exploração sexual infanto-juvenil, reciclagem do lixo,
promoção da vida saudável, prevenção de acidentes no trabalho, desarmamento,
combate às drogas.
Contribuição
específica
- Ciente da missão evangelizadora da
Igreja, a Arquidiocese da Paraíba propõe-se a colaborar na formação da
consciência dos cidadãos sobre a importância do seu voto, devendo ser dado de
forma democrática, consciente, livre, responsável.
- A ética na política visa à prática da
cidadania que se concretiza no amor ao próximo, voltado para a defesa e a
promoção do desenvolvimento da coletividade.
- Em sua missão evangelizadora, a Igreja
sugere como prioridade o desenvolvimento humano e social, de forma gradativa e
sustentável. Isso só é possível ser realizado em etapas sucessivas.
- Nossa sugestão é a busca de
investimentos prioritários qualificando as áreas indissociáveis, da Saúde e da
Educação. A garantia de inclusão social depende do processo de ensino, de
aprendizado e de habilidades à população, especialmente nas classes menos
favorecidas.
- Nossa crítica aos programas sociais do
atual Governo, a exemplo da “bolsa família” (e tantas outras bolsas),
orienta-se para o ensino profissionalizante, criando condições das pessoas e
famílias caminharem com as próprias pernas, não dependentes de uma esmola, sem
contraproposta.
- Para inovar na construção das
estruturas sociais, voltadas ao bem pessoal, familiar e ao bem de toda a
coletividade, é indispensável que o eleitor interesse-se pelo conhecimento das
potencialidades produtivas, locais e regionais.
- É preciso: planejar as prioridades,
traçar as metas das ações, organizar as etapas que devem ser percorridas,
garantir as verbas para os investimentos, avaliar resultados, corrigir erros,
redefinir as metas, fiscalizar e cobrar os resultados.
- Não basta depositar um voto na urna,
sem que o eleitor esteja por dentro do projeto de Estado e o roteiro das
prioridades.
Antes,
durante a campanha e depois de eleitos
- Desconfie de candidatos que
desqualificam os adversários, mas não apresentam propostas nem explicam de onde
se tiram verbas para projetos que não têm continuidade.
- Escolha quem coloca técnicos
preparados para administrar a coisa pública. Perceba quem coloca seus
protegidos, aparelhando a seu favor os órgãos públicos.
Sugestão
aos candidatos antes e depois de eleitos
- Ter conhecimento de causa sobre as
condições da gestão pública, de modo tal que os investimentos sejam canalizados
prioritariamente no capital humano, técnico e financeiro.
- Responsabilizar funções técnicas aos
técnicos, não a cabo eleitoral, aparelhando a administração com pessoas
despreparadas. Cobrar resultados, através de um cronograma de ação, com começo,
meio e fim, a curto, a médio e a longo prazos.
- É preciso acompanhar de perto a
gestão, o planejamento de metas e cobrar resultados. Sem cobrança de resultados
“tudo fica como antes no quartel de Abrantes”. Nada muda sem choque de gestão
em base técnica e humanitária.
- Todo político deve prestar contas da
sua administração, demonstrar o resultado das atividades empreendidas e
realizadas, explicar com transparência a origem e o destino dos recursos
financeiros, investidos no patrimônio público.
- Note que a exclusão social é
consequência do modelo econômico equivocado. Esse modelo penaliza a população
produtiva com impostos elevadíssimos. Arrecada trilhões sem retorno para
garantir a qualidade de vida da população. O modelo econômico adotado no País
não permite que os Estados desenvolvam-se, pois não lhes repassa o Fundo de
Participação de forma justa. Esse modelo não investe em infraestrutura nem na
qualificação da Saúde e da Educação.
- Necessitamos de políticas públicas que
tenham solução de continuidade, gerando oportunidades de inclusão social,
fortalecendo a estrutura familiar.
O
texto a seguir é um diálogo entre pais e filho (que falta em muitos lares hoje
em dia). Um menino faz perguntas, cujas respostas ajudam a elucidar dúvidas e
chamam atenção para quem deve ser dado o seu voto. Perceba as críticas e os
questionamentos.
Joãozinho está na fase dos porquês. Ele
sempre tem uma pergunta sobre os mais variados assuntos. Por que o céu é azul?
Por que o sol nunca se encontra com a lua? Como nascem os bebês?... Maria e
José, pais do menino esperto, sempre lhe respondem de maneira objetiva. Certo
dia, Joãozinho escutou uma conversa dos pais sobre Eleições. Curioso, começou a
indagar aos pais:
-
O que são Eleições?
- É um momento importante para escolher
nossos governantes através do voto – responde a mãe.
-
E eu também posso votar?
- Não! – informa o pai sorridente. Só
vota quem tem mais de 18 anos de idade.
- O voto é obrigatório para quem tem
mais de 18 anos. Quem já fez 16 também pode votar se quiser. Isso quer dizer
que vai demorar para você votar.
-
E a gente vota em quem?
- Este ano vamos escolher o presidente
da República, o governador do Estado, um senador, deputados federais e
estaduais. Daqui a dois anos tem Eleições para prefeito e vereadores – explica
o pai.
-
E o que faz cada um deles?
- Deixa que eu digo – avisa Maria. O
presidente da República é o chefe do Poder Executivo do País. Ele nomeia os
ministros para ajudá-lo a governar a Nação. É o presidente quem escolhe os
planos prioritários para garantir o desenvolvimento econômico e social do País.
Ele faz isso prevendo orçamentos e investimentos, criando leis e as enviando
para votação no Congresso Nacional. Ele fica no cargo por quatro anos, podendo
ser reeleito por mais quatro anos. O governador administra o Estado. Também
fica no cargo por quatro anos podendo ser reeleito por mais quatro. Ele nomeia
os secretários e outras pessoas para cargos públicos para ajudá-lo na
administração do Estado. Apresenta projetos à Assembleia Legislativa para
melhorar várias áreas, como Saúde, Educação e Segurança.
- Deve fazer isso de olho no que ganha e
no que recebe. É como as despesas daqui de casa. A gente não pode gastar mais
do que eu ganho por mês. Se não, de onde tirar a diferença? Se eu ganho cem
reais não posso gastar duzentos. Entendeu filho? – agora, José pergunta.
-
Acho que entendi. Mas aqui em casa quem controla as contas é a mamãe! E pai,
quem controla o que gastam o presidente e o governador?
- Há tribunais específicos para isso,
filho. Tem o Tribunal de Contas da União para o presidente e o Tribunal de
Contas do Estado para fiscalizar os gastos do governo local.
-
Assim eles não fazem o que querem?
- Isso mesmo! Trabalham com seriedade,
para aproveitar melhor os recursos que surgem dos nossos impostos, por exemplo.
Com essa fiscalização, o nosso dinheiro é usado da melhor forma. Evita que ele
seja desviado para o bolso de alguém.
-
E o que faz um senador?
- Cada Estado é representado por três
senadores. Eles ficam no Congresso Nacional, em Brasília, a Capital do País.
Eles criam e votam leis sobre todos os direitos dos Estados. Aprovam a escolha
de cargos que compõem o Governo da República: magistrados, diplomatas,
presidentes das instituições públicas, procuradores gerais da República...
Opinam diretamente sobre as propostas do presidente e dos ministros. Julgam e
processam os atos do presidente, do seu vice e dos ministros. O senador possui
mandato de oito anos. Nesse ano escolhemos um. Daqui a quatro anos vamos
escolher mais dois senadores.
-
E os deputados federais?
- Eles representam a população no
Congresso Nacional, lá em Brasília também, com mandato de quatro anos, podendo
se candidatar em seguida novamente. São responsáveis por elaborar e votar as
leis de interesse de toda a população e por fiscalizar o Governo Federal e as
instituições públicas. Apresentam emendas às leis, pedem prestação de contas ao
Governo, apresentam proposituras, instalam as Comissões Parlamentares de
Inquérito, as CPIs, para esclarecer atos do Governo.
-
E os deputados estaduais?
- Eles ficam na Assembleia Legislativa,
na Capital do Estado, criando e votando leis que beneficiam à população, que
organizam a vida do povo local. Aprovam as políticas públicas e o orçamento
apresentado pelo governador. Fiscalizam as iniciativas do Poder Executivo
estadual. Criam as CPIs quando necessárias para analisar a transparência de
questões de interesse público e do bom funcionamento das instituições do
Estado. Têm mandato de quatro anos e também podem se reeleger. Compõem o Poder
Legislativo, junto com os deputados federais.
-
Pai, o que significa Poder Executivo?
- O Poder Executivo é formado por
aqueles que colocam “a mão na massa”, no caso o presidente, governador e o
prefeito. São eles os responsáveis pelo planejamento de obras e suas execuções,
de acordo com as leis e o orçamento público.
-
E o que é Poder Legislativo?
- É formado por quem criam as leis. Ou
seja, eles legislam.
Depois de receber todas essas
explicações, Joãozinho ainda não estava satisfeito. Pelo contrário, ficou ainda
mais curioso, tinha ainda mais perguntas:
-
Pai, mãe, como é que vocês fazem para escolher o melhor candidato?
- A gente tenta conhecer o que pode da
história de cada um deles – responde o pai. História de vida e de trabalho.
Saber, por exemplo, de onde ele vem? Onde já atuou? Que proposta já apresentou
e que já realizou em prol das comunidades, da população, especialmente dos mais
carentes? O que ainda pretende fazer? Tem competência para assumir um mandato?
Ele representa projetos e interesses de quem, do partido político, de algum
grupo? Quem são seus padrinhos políticos? Quem o patrocina? Quem disputa
reeleição? Quais critérios justificam sua nova candidatura? Ele realizou o que
prometeu na campanha anterior? Temos que votar naqueles que comprovadamente
respeitam os valores éticos na defesa da vida e da família. Temos que defender
os candidatos que promovam a vida saudável para todos os seres humanos,
principalmente da gestante, da criança e da pessoa idosa. Temos que votar
naqueles candidatos que se comprometem com atividades de promoção humana
trabalhando pelo bem comum, que ajudam o desenvolvimento das pessoas precisadas
de oportunidades de trabalho, enfim, que se ocupam com o desenvolvimento do
povo, com o crescimento da cidade, do Estado e do País. Que saiba trabalhar em
equipe, partilhando sua liderança com a coragem de um empreendedor.
- Tem candidato, filho, que não pensa no
bem do povo. Faz muitas promessas, mas só pensa nele mesmo, em seguir carreira
e ficar rico com o nosso dinheiro. Para evitar isso, nós, eleitores, devemos
ser livres, conscientes e responsáveis na hora do voto. Não se vota por
simpatia ou porque achou o candidato bonitinho, por influência de marketing
publicitário. Não podemos levar ao poder quem não é honesto e quem é corrupto –
completa Maria.
-
Mãe, o que é corrupto? – pergunta, curioso, Joãozinho.
- Corrupto, de maneira geral, é aquele
que ganha vantagem em cima de alguém ou de alguma coisa. Político corrupto é
aquele que ganha vantagem para criar uma lei, para apresentar uma emenda a uma
lei, para executar uma obra.
-
E quem sai perdendo é o povo?! – indaga Joãozinho, espantado.
- Sim, com certeza! O corrupto corrompe
e cria outros corruptos. A corrupção faz aumentar a miséria material e moral.
Reproduz a ignorância, o atraso e a violência.
-
Pai, lembra do tio lá do interior que recebeu uma dentadura em troca de voto?
Isso é um tipo de corrupção?
- Perfeito, filho! Você está entendendo
tudo direitinho. E não é assim que deve agir o eleitor consciente. Ele deve ser
honesto consigo e com os outros. Ele nunca deve trocar ou vender o seu voto por
“favores”. Não deve se corromper. Ele não deve pensar apenas no seu bem-estar
particular, mas no bem da coletividade, tendo em vista o desenvolvimento da
população, principalmente dos mais humildes. Não deve ser oportunista, buscando
vantagens pessoais. O que o seu tio fez foi pensar apenas no bem dele, por um
momento, e agindo assim ele prejudicou muita gente, porque colocou no poder um
político que não está nem aí para o bem do povo. Quem vende ou quem compra voto
dá provas de falta de caráter. Seu tio, filho, não tem esclarecimento. É acostumado
a receber alguma coisinha em troca de voto. A venda e a compra de voto são
pecados contra os Mandamentos da Lei de Deus. O sétimo diz “não furtar” e o
décimo “não cobiçar os bens alheios”.
- É... Há gente que engana e há gente
que gosta de ser enganada... Se há quem corrompe, é porque também há quem se
deixa corromper! Tenho que aceitar que quem compra ou vende votos é desonesto,
como o meu irmão. Há o mau costume da venda de voto em troca de qualquer
coisinha, como o pagamento de uma conta de luz, de água, de uma dentadura, como
ele fez, ou de vantagens maiores. Imagine o que essa gente que compra um voto
vai fazer com o dinheiro público? – agora, pergunta a mãe.
- Tem candidato que, quando ganha,
administra e se apossa da coisa pública como se fosse particular. Bota gente da
sua laia, sem capacitação nenhuma, nos órgãos e cargos de Governo, no lugar de
técnicos competentes. São oportunistas – explica José.
- Voto dado a corrupto é voto dado para
a morte, porque o dinheiro desviado impede o destino de recursos para a saúde
pública, como a construção de hospitais; saneamento básico; para a educação,
deixando de lado a construção de escolas e universidades; a moradia; a
segurança; para a construção de estradas, e daí por diante. Isso é crime, que
tem que ser combatido! E tem mais: quem gasta muito em campanha eleitoral é
porque ou já roubou ou vai roubar. Quando eleito toma de volta o que torrou.
Voto não tem preço, tem consequências!
-
Mas todos são corruptos?
- Não! Tá certo que o povo anda decepcionado
com a Política e com os políticos incompetentes na administração do patrimônio
público. Há muitos suspeitos de envolvimento em corrupção, superfaturamento de
obras, desvios de recursos e o mau uso de verbas. Daí surge o descrédito e o
desinteresse do povo pela Política. Mas há, sim, políticos sérios. Por isso é
importante pesquisar e escolher bem em quem votar – enfatiza a mãe.
- A sociedade deve se envolver no
combate à corrupção. Nada de silêncio a esse respeito. Essa história de dizer
“não adianta fazer nada” só faz aumentar o número de corruptos, que se sentem
impunes. Se não há denúncia, eles vão continuar a roubar o nosso dinheiro. É
preciso juntar provas, levantar indícios, denunciar fatos concretos ou
suspeitos, levando-os ao conhecimento dos responsáveis junto aos órgãos
competentes, como o Ministério Público. Quem trabalha com transparência não
permite qualquer safadeza com o bem público!
-
E como a gente fica conhecendo as propostas dos candidatos?
- Através das campanhas eleitorais, por
exemplo. As propostas são apresentadas na televisão, no rádio, na distribuição
de panfletos, acompanhando os debates... O eleitor deve ficar atento!
-
E se a gente não quiser votar em ninguém, pode?
- Como lhe disse, Joãozinho, o voto é
obrigatório. Mas o eleitor pode, se quiser, fazer um voto de protesto, ou seja,
votar branco ou nulo. Porém, se agir assim, está enfraquecendo a democracia.
Ele deve é votar certo!
Joãozinho e os pais foram dormir. E, no
dia seguinte, o menino acordou com um grande apetite de saber tudo sobre
Política.
À mesa, a mãe do garoto conversava com o
pai avisando que havia recebido, no dia anterior, um comunicado da direção da
escola do filho de que a unidade pública não ia mais funcionar no ano seguinte.
Uma preocupação a mais para o casal, que não tinha condições financeiras de
manter o filho numa escola particular.
-
Mas por que a escola vai fechar? Eu não vou mais estudar com os meus amigos? –
preocupa-se Joãozinho.
- Pelo visto não, filho. Vai começar
tudo de novo: procurar uma escola pública para você perto de casa. Se não,
vamos ter mais trabalho para lhe levar à escola – preocupa-se Maria.
- Em vez de abrir mais escolas, eles
fecham as que já têm?! Absurdo! E disseram o motivo? – pergunta José.
- Disseram apenas que era um ajuste.
- Ajuste! É nessas horas, filho, que a
gente tem que cobrar do Governo as ações para melhorar a Educação.
-
Por isso é importante saber das propostas de cada candidato antes de votar
nele. Assim a gente pode cobrar depois, não é, pai?
- Sim. Um bom político é aquele que
valoriza os dois polos do ensino e aprendizado: o professor e o aluno - criança
e adolescente. É preciso investir em recursos indispensáveis na capacitação dos
professores. Professores mais preparados e melhor remunerados geram alunos mais
interessados e com melhor rendimento em sala de aula. Uma boa proposta é que a
escola chegue ao tempo integral, manhã e tarde, com espaços de estudo, esporte
e lazer. E que nós, pais, possamos estar envolvidos na formação dos filhos. É
preciso ainda preparar melhor a infraestrutura dos prédios das escolas e contar
com material didático adequado. A merenda escolar devia ser oferecida a partir
dos produtos da agricultura familiar das cidades vizinhas. Criança e
adolescente fora da rua diminui a disseminação das drogas.
- Seria bom que nessas escolas de tempo
integral os alunos tivessem acesso a várias atividades esportivas e também às
matérias de práticas de iniciação a serviços caseiros e profissionalizantes.
Jovens capacitados têm mais chances de entrar no mercado de trabalho – completa
a mãe.
-
Profissionalizante? O que é isso?
- São aulas que façam você aprender uma
profissão, assim como o papai, que é marceneiro.
- Ah, entendi. Mas eu quero ser médico
quando crescer.
-
Por quê? – pergunta Maria, surpresa.
- Lembra do dia quando a senhora ficou
doente e o papai ficou aperreado porque não conseguia interná-la? Desde esse
dia que eu decidi ser médico para ajudar a tratar das pessoas.
- Para ser médico, filho, é preciso
estudar muito. Mas não basta ser médico para melhorar a Saúde. Os políticos
precisam pensar melhor nessa área. Muitos recursos destinados à saúde pública
nos municípios por esse Brasil a fora são desviados pelos próprios gestores.
- E que a Medicina e as leis favoreçam à
vida. É preciso garantir assistência à mulher gestante, à criança, evitando a
mortalidade infantil, desnutrição, obesidade e favorecendo vacinações, e aos
idosos, envolvendo familiares nos cuidados com a saúde e aposentadoria,
evitando que sejam explorados e maltratados dentro da própria casa, e ainda
oferecer assistência às pessoas com algum tipo de deficiência. E que não faltem
profissionais nos Postos de Saúde da Família – brada o pai.
-
Tá vendo, quando eu for médico vou trabalhar no PSF aqui do bairro.
- Mas cuidar da saúde vai mais além. Os
políticos devem investir no sistema público, acabando com as filas
intermináveis de gente à espera de atendimentos, consultas, tratamentos. Faltam
remédios e acompanhamento médico-hospitalar para a maioria da população
empobrecida, seja nos casos simples ou de maior complexidade. Muitos hospitais
estão sucateados, sem equipamentos, leitos e sem profissionais suficientes.
- Também é importante cuidar do
saneamento básico, tratamento de água e esgoto. Isso evita muitas doenças. Isso
é saúde preventiva! – explica a mãe.
O pai de Joãozinho saiu para o trabalho.
À noite, chegou em casa assustado. O ônibus que ele havia pego do trabalho para
o lar tinha sido assaltado por dois jovens. Não usavam capuzes. Portavam facas.
Pareciam menores de idade. Levaram o dinheiro do cobrador. Felizmente ninguém
ficou ferido. Uma idosa passou mal e desmaiou. Mas foi socorrida por outros
passageiros e logo ficou bem. Maria providenciou um chá de camomila para
acalmar o marido. Joãozinho, vendo a preocupação do pai, tentou puxar conversa,
baseada nas perguntas e respostas sobre a Política:
-
Pai, tirar os ladrões da rua também é dever dos políticos?
- Claro que sim, filho! Hoje, a gente
sai de casa e não sabe se volta vivo. Ficar na calçada de casa está tão
perigoso que é por isso que nem eu nem sua mãe deixamos você brincar lá fora.
- Eu bem que queria brincar de bola com
os meus amiguinhos agora à noite...
- Enquanto a violência estiver nesta
escalada, você fica é dentro de casa – alerta a mãe.
- Assim como na Educação e na Saúde, os
Governos também devem investir mais em Segurança. Para isso, eu acho, é preciso
capacitar para o trabalho e remunerar melhor os policiais. Deveria haver uma
parceria eficaz entre as Polícias Civil, Militar, Rodoviária, Bombeiros e
Guarda Civil Municipal, oferecendo melhor infraestrutura para prevenir e
enfrentar a criminalidade. Acredito que o combate às drogas seja fundamental
para diminuir os assaltos. Muitos jovens, hoje desocupados, fora da escola, sem
perspectivas de trabalho, acabam entrando na bandidagem e roubam para manter o
vício. Temos que tirar as crianças e os adolescentes das mãos dos bandidos. As
drogas estão destruindo as famílias. O narcotráfico precisa ser combatido.
- E a violência não fica só na cidade
grande não, viu? Hoje à tarde eu recebi um telefonema do meu irmão lá do
interior – informa a mãe.
-
Aquele que recebeu a dentadura em troca de voto? – pergunta, rindo, Joãozinho.
- Ele mesmo, filho.
-
E o que ele queria? Quase nunca liga.
- Disse que estava preocupado com a
violência lá na zona rural. Que muitos agricultores lá da região já foram
assaltados, perdendo o pouco que conseguiram construir com tanto esforço na
lida no campo.
- Acredito que a situação esteja difícil
mesmo. Se já não bastasse a seca, ainda mais a violência para afastar o homem
da zona rural.
- A transposição das águas do Rio São
Francisco bem que vai ajudar no combate à seca. Mas se os gestores dos
municípios receptores das águas não planejarem bem a distribuição dessas águas,
aí o projeto desanda. Elas devem ser usadas para as potencialidades produtivas
das regiões. As obras da transposição ficaram paralisadas por muito tempo e por
isso quase tudo se estragou. Tanto dinheiro rebolado no mato! A seca, que dura
desde 2012, penaliza os 9 Estados nordestinos. Ainda precisamos aprender a
conviver com o semiárido, contando com infraestrutura para projetos produtivos.
O Governo Federal arrecada bilhões do contribuinte e empresários, mas a
agroindústria não recebe incentivos. Os gastos do Governo com sua máquina
administrativa absorvem as verbas que deveriam se repassadas aos Estados
federados, com o Fundo de Participação, absolutamente insuficiente para gerar
desenvolvimento local e regional.
-
E o que os políticos podem fazer para mudar essa situação, pai?
- Podem fazer muito, Joãozinho! Acho que
é preciso uma reestruturação geral no campo. Se o homem não consegue ficar na
zona rural, ele vem para a cidade e acaba morando em péssimas condições,
principalmente nas favelas. Muitos municípios não têm mais infraestrutura para
suportar tanta gente. Os planos sobre a reforma agrária e agrícola estão
defasados, por isso há tantos conflitos para o uso da terra e da água. Geram
invasões ilegais baseadas em ideologias ultrapassadas. As invasões de
propriedades produtivas não geraram produtividade porque não houve
planejamento, assistência técnica e crédito agrícola. Acredito que os políticos
devem defender o desenvolvimento sustentável, planejando a agricultura familiar
em regime de cooperativas agrícolas, dando condições para a capacitação,
assistência técnica e crédito aos que realmente têm vocação para se fixar na
terra e torná-la produtiva. Devem criar mecanismos para a convivência da
agricultura familiar com o agronegócio e a preservação ambiental. Sem
planejamentos e incentivos, aumenta assustadoramente o êxodo rural.
-
Êxodo rural?
- Êxodo rural, filho, é o nome que se dá
à saída do homem do campo para a cidade. E tem mais: sem trabalho no campo,
como é que a comida vai chegar às nossas mesas? – indaga Maria.
- Sofre o trabalhador no campo. Sofre o
trabalhador na cidade. Lá na fábrica a produção está fraca. Já falam até em
demissão.
-
Ave-Maria, homem! Você pode ir pra rua?
- Nunca se sabe, né? Não dá mais para
dormir tranquilo. O problema é que o Governo cobra impostos altíssimos. Por
isso, os empresários não conseguem investir na produção. E quando as vendas
diminuem, sobra pra gente, empregado, que vai parar na rua. É preciso fazer,
como se diz, uma reforma tributária urgente, reduzindo e unindo alguns
impostos! Simplificar. Essa é a palavra!
- O povo paga impostos “salgados”, pior
que não tem acesso a bons serviços públicos de primeira necessidade.
- O Governo também não corta os seus
gastos e aí acaba sobrando pouco dinheiro para investir nos setores produtivos,
que são essenciais para o crescimento econômico local e regional. Como garantir
inclusão social sem investir no comércio, indústria, agricultura familiar,
agronegócio, por exemplo? Boa parte do atraso e da exclusão social deve-se à
ausência de investimentos prioritários na Educação, Saúde, ocupação
profissional qualificada com tecnologia e infraestrutura modernas. São
imprescindíveis obras estruturantes. Sem energia, água, estradas, o progresso
não chega! São várias as áreas que merecem atenção dos governantes: tem ainda a
questão da moradia, com a construção de casas populares para as famílias de
baixa renda, evitando invasões e conglomerados caóticos, onde reinam a
violência e o tráfico de drogas. Não podemos esquecer de valorizar a Cultura,
incentivando e financiando os artistas e os grupos locais. É preciso preservar
ainda o patrimônio histórico, as raízes sócio-culturais, as potencialidades
artesanais.
- Bom seria se o Governo investisse em
microcréditos para pequenas empresas, na cidade e no campo, oferecendo
incentivos fiscais, capacitando pessoal para serviços qualificados, formando
sistemas de cooperativas. Hoje, concorre no mercado somente quem se qualifica
profissionalmente.
- E... Agora a conversa ficou chata!
Imposto, reforma tributária... Muita coisa difícil de entender – esbravejou
Joãozinho.
- Conversa pra gente grande, filho. Mas
que interessa a todos, principalmente a você. Porque é o seu futuro que está em
jogo. O nosso voto não tem preço, mas tem consequências! Se a gente erra na
escolha, acaba colocando políticos incompetentes no comando das nossas vidas. E
aí eles não vão valorizar as famílias, não vão gerar oportunidades de trabalho
e ocupação e renda, distribuindo-a de forma justa, e não vão construir obras
estruturantes para o desenvolvimento do nosso País e Estado. É preciso criar
riquezas e dar oportunidades a quem mais precisa, ou seja, os menos favorecidos
– explica José. Tá ficando tarde. É hora de dormir.
- Como dormir direito com tantos
problemas? É escola sendo fechada, é falta de médicos, é insegurança geral nas
cidades, é falta de incentivo para o homem do campo, é medo de demissão no
trabalho... – diz Maria, preocupada.
-
Mas essa história pode mudar. É só vocês, no dia das Eleições, votarem certo! –
finaliza Joãozinho.
Mês da Bíblia: Um olhar sobre o
Evangelho de São Mateus.
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