A
leitura que a Igreja propõe neste domingo é o evangelho de Jesus Cristo segundo
João 14, 15-21, que corresponde ao Sexto Domingo da Páscoa, ciclo A do ano
litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto.
Jesus
está se despedindo de seus discípulos. Ele os vê tristes e abatidos. Logo ele
já não estará com eles. Quem poderá preencher o vazio? Até agora foi Jesus quem cuidou deles, quem
os defendeu dos escribas e fariseus, quem apoiou sua fé débil e vacilante, lhes
descobriu a verdade de Deus e os iniciou no seu projeto humanizador.
Jesus
lhes fala apaixonadamente do Espírito. Ele não quer que fiquem órfãos. Ele
mesmo pedirá ao Pai que não os abandone, que lhes dê “outro defensor” que
esteja sempre com eles. Jesus o chama de “Espírito da verdade”. Que há nessas
palavras de Jesus?
Este
“Espírito da verdade” não pode ser confundido com uma doutrina. Esta verdade
não deve ser procurada nos livros dos teólogos nem nos documentos de
hierarquia. É uma realidade muito mais profunda. Jesus disse que “vive no meio
de nós e está em nós”. É alento, força, luz, amor… que nos chega do mistério
último de Deus. Devemos acolhê-lo com coração simples e confiante.
Este
“Espírito da verdade” não nos transforma em proprietários da verdade. Não vem
para que imponhamos aos outros a nossa fé, nem para que controlemos sua
ortodoxia. Ele vem para que não fiquemos órfãos de Jesus e nos convida a nos
abrir à sua verdade, escutando, acolhendo e vivendo seu Evangelho.
Este
“Espírito da verdade” não nos faz tampouco “guardiões” da verdade, mas
testemunhas. Nossa tarefa não é disputar, combater nem derrotar adversários,
senão viver a verdade do Evangelho e “amar Jesus guardando seus mandamentos”.
Este
“Espírito da verdade” está no interior de cada um de nós, defendendo-nos de
tudo aquilo que pode nos separar de Jesus. Convida-nos a nos abrir com
simplicidade ao mistério de um Deus, Amigo da vida. Quem procura este Deus com
honradez e verdade não está longe dele. Em certa ocasião Jesus disse: “todo
aquele que é da verdade escuta minha voz”. É assim!
Este
“Espírito da verdade” nos convida a viver na verdade de Jesus no meio de uma
sociedade onde com frequência a mentira é chamada estratégia; a exploração,
negócio; a irresponsabilidade, tolerância; a injustiça, ordem estabelecida; a
arbitrariedade, liberdade; a falta de respeito, sinceridade…
Que
sentido pode ter na Igreja de Jesus se deixamos que o “Espírito da verdade”
fique esquecido nas nossas comunidades? Quem pode salvar a comunidade do
próprio engano, dos desvios e da mediocridade generalizada? Quem anunciará a Boa
Notícia de Jesus numa sociedade tão necessitada de alento e esperança?
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário